60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

As ações antrópicas contribuem relevantemente com o desmatamento da Mata Atlântica, e por este motivo é indispensável entender o funcionamento deste ecossistema e as influências que estas ações provocam para que, posteriormente, as políticas de conservação tornem-se exeqüíveis. No entanto, não há estudos que tratam a conversão de áreas florestadas em pastagens, que é uma ação bastante comum na região. Portanto, este trabalho tem como objetivo mostrar os valores das concentrações das formas inorgânicas (NH4+ e NO3-) de nitrogênio (N), as taxas de umidade e temperatura em duas áreas com diferentes coberturas vegetais (floresta e pastagem), localizadas no Parque Estadual da Serra do Mar. Este subprojeto serve como suporte para outros projetos maiores que buscam compreender como as mudanças no uso da terra alteram a dinâmica do nitrogênio (importante indicador de alterações antropogênicas no meio, regional e global) e verificar quais são os reflexos que essas alterações provocam na dinâmica desses nutrientes dentro das microbacias em áreas de Mata Atlântica.

METODOLOGIA:

As amostras de solo foram coletadas durante o período seco da região de estudo tanto na área de floresta como na pastagem. Foram realizadas amostragens do solo das camadas 0-10 cm, em seis pontos dentro de cada parcela. A umidade foi realizada logo que as amostras chegaram ao laboratório, pesou-se 10 g de solo e deixou-se na estufa por 24 horas em uma temperatura de 105º C. A temperatura foi medida no momento da coleta. O N - NH4+ e o N -NO3- foram analisados em extratos filtrados e congelados até a análise, obtidos a partir da extração de 10 g de terra fresca com 50 ml de KCl 2 mol L-1, conforme descrito em Piccolo (1994), onde foi usado um sistema automático de injeção de fluxo contínuo (FIA) (Ruzicka & Hansen, 1981). O N - NH4+ foi medido por condutivimetria, pelo método de Solorzano, e o N - NO3- foi determinado colorimetricamente na forma de N - NO2-, após a redução com o catalisador de Cd.

RESULTADOS:

Os resultados obtidos no período seco, nos meses de maio a agosto de 2007 demonstram que, geralmente, na pastagem as concentrações de NO3- e NH4+, são menores que as concentrações obtidas na floresta. O mesmo foi observado nas taxas de umidade, as quais os maiores valores são encontrados na floresta. Apesar de a pastagem apresentar concentrações menores tanto de NO3- como NH4+, observa-se que há um predomínio de NH4+. Este fato também foi observado em um estudo realizado por Neill (1995), na Amazônia. Os dados de temperatura mostraram-se maiores nas coberturas de pastagens. Há uma relação entre maior umidade e menor temperatura na floresta, ao passo que, na pastagem é visto uma menor umidade e maior temperatura.

CONCLUSÕES:

Este estudo mostrou que pode haver mudanças significativas nos valores de NO3- e NH4+, bem como de umidade e temperatura quando se converte uma área florestada em pastagem. Na área florestada há grande diversidade de fauna e flora, e com isso a ciclagem dos nutrientes são geralmente mais rápidas, apresentando altos valores de nitrato e amônio. Já o solo da pastagem é mais compactado por causa do pisoteio do gado e não há diversidade de vegetação. Sendo assim, pastagem apresenta um predomínio de NH4, menor umidade e maior temperatura. Apesar deste predomínio, os valores de NO3-, NH4+ e umidade são relativamente menores que os da floresta e há uma tendência a diminuírem cada vez mais com o decorrer dos anos, podendo ocasionar uma futura desertificação da área.

Instituição de fomento: Financiada pelo Programa BIOTA/FAPESP, Projeto Temático Gradiente Funcional (03/12595-7). Autorização COTEC/IF 41.065/2005 e IBAMA/CGEN 093/2005.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Mata Atlântica, mudanças no uso da terra, nitrogênio

E-mail para contato: caiotunis@gmail.com