60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

PAPEL DA FAMÍLIA FRENTE AO PACIENTE VÍTIMA DE TRAUMA RAQUIMEDULAR

Allan Martins Ferreira1
Jailson Alberto Rodrigues1
Fabiana Josino Bezerra dos Santos1
Rosa Martha Ventura Nunes1
Sheila da Costa Rodrigues Grangeiro1
Sônia Maria Josino dos Santos1

1. Faculdades Integradas de Patos


INTRODUÇÃO:
A transsecção da medula provoca perda da capacidade motora, sensitiva superficial e profunda, controle vasomotor e o não controle esfincteriano. Geralmente, essas lesões têm origem por arma de fogo, acidente automobilístico, mergulho e quedas. As vítimas de Trauma Raquimedular (TRM), paraplégicos e tetraplégicos, estão na proporção de 4 homens para 1 mulher, com idade entre 18 e 35 anos. No Brasil, 110.000 pessoas morrem devido a traumas, destas 30.000 são decorrentes de acidentes automobilísticos. As pessoas que apresenta seqüelas advindas do TRM apresentam níveis variados de dependência de outras pessoas para realizar atividades como vestir-se, alimentar-se, higienização e eliminações. Esta dependência varia conforme o nível e grau da lesão. Apesar de todos os cuidados prestados, familiares sentem muitas dificuldades em trabalhar com o paciente sem ter o conhecimento e orientações para cuidar do mesmo. Diante disso, questiona-se por que os familiares não recebem orientações, treinamentos e informações quanto ao TRM, no sentido de contribuir com a sua reabilitação e seu autocuidado? Objetivou-se descrever as dificuldades enfrentadas pela família diante dos cuidados com a vítima de TRM.

METODOLOGIA:
Este estudo do tipo exploratório-descritivo, com abordagem quanti-qualitativa, foi realizado nas residências e centros de reabilitação para pacientes vítimas de trauma raquimedular na cidade de Patos – PB. Foram incluídas na população da pesquisa todas as vítimas e familiares de indivíduos com diagnóstico médico de trauma raquimedular, independente do sexo, idade e agente causador da lesão. A amostra foi composta por (8) oito familiares e (4) quatro vítimas de TRM. A coleta de dados foi obtida através da entrevista, com aplicação de um questionário semi-estruturado e informal, com questões fechadas e abertas e através da observação. Os dados foram coletados em duas fases: na presença do paciente, onde se pôde no decorrer das perguntas observarem o cotidiano da vítima e o âmbito da mesma no contexto familiar, e na presença dos familiares, onde foram analisados estatisticamente e os resultados apresentados em forma de tabelas, gráficos, diagramas e afins em categorias de acordo com as variáveis e discutidos à luz da literatura pertinente.

RESULTADOS:
Os responsáveis pelo cuidar das vítimas são na sua maioria irmãos; com idade entre 20 e 30 anos; do sexo feminino e solteiro. As vítimas, em sua maioria do sexo masculino entre 20 e 30 anos, tiveram como agente lesivo quedas ou PAF; convivem com o trauma entre 1 e 6 anos; tem como característica principal da lesão a tetraplegia. 50% descreveu a extração da urina da vítima como principal dificuldade rotineira; 50%, disseram: locomover o indivíduo. A ausência de informações após o trauma dificulta à reabilitação e os cuidados prestados pelos familiares, uma vez que os mesmos podem se sentir incapacitados, 87% dos familiares não sabiam nada sobre TRM anteriormente, 13% tinham apenas conceitos básicos sobre o problema. 100% participante relatarem conhecer alguém com o mesmo problema. 75% dos familiares relataram que as informações repassadas após o trauma não foram suficientes ou não foram instruídos; 25% disseram que todas as informações foram suficientes para a família. Todas as vítimas relatam queixas diárias como barulho, depressão, dor, solidão e insônia. 75% dos procedimentos invasivos são realizados por familiares com informações e 25% por profissionais de saúde.

CONCLUSÕES:
Podemos observar que todas as vítimas relatam queixas diárias e que todos os familiares receberam informações, porém, disseram na sua maioria que estas não são suficientes, por isso a falta de credibilidade diante das informações repassadas após o trauma. Seria de fundamental importância ter um centro de referência no nosso Estado para o atendimento dos pacientes, tanto hospitalar como de reabilitação, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e inclusão social. O tratamento abrangente do indivíduo com TRM continua a ser um desafio para a equipe de reabilitação e para toda a sociedade. Problemas de reforma do tratamento de saúde forçam a equipe de reabilitação a explorar novas opções econômicas para fornecer reabilitação de qualidade. A reintegração de indivíduos com incapacidades na comunidade é uma responsabilidade da comunidade. Conclui-se o estudo percebendo o valor real do ser humano, e este trouxe para nós o desejo de propiciar entre profissionais e pacientes mais informações sobre o trauma raquimedular no sentido de aprimorar os conhecimentos dos familiares, pacientes e dos próprios profissionais, amenizando assim as dificuldades encontradas por todos, principalmente os familiares, e contribuindo dessa forma para melhorar a qualidade de vida de todos.



Palavras-chave:  Família, Trauma, Raquimedular

E-mail para contato: jailson_rodrigues@ig.com.br