60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 5. Oceanografia

AVALIAÇÃO DA BIOMASSA DE HYPNEA MUSCIFORMIS (WULFEN) J.V. LAMOUR. CULTIVADA NO SACO DO IPEROBA, BAÍA DA BABITONGA, SÃO FRANCISCO DO SUL, SC.

SUELLEN CAROLINA SOUZA1
KÁTIA REGINA SGROTT SAUER MACHADO2

1. Bolsista de Iniciação Científica da UNIVILLE
2. Prof. Dr. - Departamento de Ciências Biológicas - UNIVILLE - Orientador


INTRODUÇÃO:
As macroalgas marinhas são ecologicamente muito importantes, uma vez que constituem o primeiro elo da cadeia trófica e são fonte direta/indireta de alimento, ração animal e fertilizantes (GRAHAM & WILCOX, 2000). A utilidade econômica das macroalgas marinhas refere-se aos seus ficocolóides (agaranas, carragenanas e alginatos) sendo utilizados nas indústrias alimentícia, têxtil, cosmecêutica, entre outras (McHUGH, 2003). O cultivo de macroalgas marinhas (algocultura), por absorver os nutrientes necessários diretamente do ambiente aquático, caracteriza-se como um empreendimento de baixo nível tecnológico e pouco investimento econômico se comparado a outras formas de aqüicultura. Hypnea musciformis (Wulfen) J.V. Lamour. apresenta ampla distribuição geográfica ao longo do litoral brasileiro sob uma ampla variação de temperatura (SHENKMAN, 1989), ocorrendo desde o litoral do Rio Grande do Sul até o litoral do Maranhão, podendo ser encontrada em regiões do infralitoral e mesolitoral (NUNES, 2005). O estudo torna-se importante pois é o primeiro cultivo de macroalgas realizado na região, podendo contriburi para estudos futuros. O objetivo deste trabalho foi avaliar a biomassa cultivada de H. musciformis na baía da Babitonga.

METODOLOGIA:
A baía da Babitonga está localizada no litoral norte do Estado de Santa Catarina, entre as coordenadas geográficas 26°02’-26°28’S e 48°28’-48°50’W. Apresenta em suas margens vários habitats além da maior formação de manguezal do estado, evidenciando fontes de produção primária, o que cria condições favoráveis à biodiversidade (IBAMA, 1998). Foram realizados 3 experimentos. Para o experimento 1, os talos foram coletados no costão rochoso da Praia da Saudade. Neste foram utilizadas 8 lanternas totalmente imersas. No experimento 2, foram utilizadas 5 lanternas parcialmente imersas e no experimento 3 não se utilizou lanternas, sendo apenas 3 cordas de cultivo. Os talos dos experimentos 2 e 3 foram retirados do costão rochoso da Praia de Itaguaçu. Após coletadas, foram obtidas mudas com biomassa inicial de aproximadamente 3 g e fixadas (com espaçamento de 0,20 m) em cordas de cultivo de 1m de comprimento (distantes 1,0 m entre si) com fitilho e ráfia. As cordas foram presas verticalmente em estruturas de long line no Saco do Iperoba, onde a biomassa algal e de incrustação+matéria orgânica (MO) foram analisadas semanalmente junto com os parâmetros ambientais temperatura, salinidade, transparência da água e condições do mar no cultivo e no costão.

RESULTADOS:
A temperatura variou entre 15,5 e 26,0° C no costão e entre 15 e 28° C no cultivo. Já a salinidade teve variações entre 27,5 e 37,5 no costão e entre 26,0 e 35,5 no cultivo. Hypnea musciformis por ocorrer na região do mesolitoral, apresenta ampla tolerância à temperatura (18 e 30 °C) e à salinidade (20 a 50). A transparência da água no cultivo entre 1,0 m e 2,40 m. Os resultados dos experimentos feitos no presente estudo indicam boa transparência da água no local de cultivo, condições consideradas favoráveis para o crescimento das algas, já que precisam de luz para realizar a fotossíntese. As condições do mar, segundo a Escala de Beaufort, variaram entre 0 e 2 no cultivo e entre 1 e 3 no costão, confirmando a maior dinâmica de ondas no costão. A primeira medição da biomassa no experimento 3 foi feita após 4 semanas de cultivo, sendo que o experimento teve duração de 9 semanas. Isso explica um maior incremento na biomassa de incrustação-MO, devido à grande presença de outros organismos que procuravam abrigo nas estruturas e nas mudas e de matéria orgânica. Algas ramificadas e filamentosas, como Hypnea musciformis, oferecem um local favorável para o assentamento e desenvolvimento de juvenis, pois eles encontram uma maior proteção nestes ambientes.

CONCLUSÕES:
O incremento na biomassa indica que a espécie pode ser cultivada na baía da Babitonga. Entretanto, é preciso a escolha de um melhor local de cultivo, apesar das condições físico-químicas se apresentarem dentro das tolerâncias da espécie; adotar uma metodologia de manejo e estrutural adequada para H. musciformis, visto que as lanternas não são estruturas eficientes contra herbivoria por pequenos organismos, além de acumularem muita matéria orgânica; e prolongar o período de estudo, uma vez que este foi realizado com grandes dificuldades metodológicas e, portanto, diminuiu o período de realização do trabalho.

Instituição de fomento: FAP/UNIVILLE

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Macroalgas marinhas, Algocultura, Hypnea musciformis

E-mail para contato: suca.souza@bol.com.br