60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

PORTAS PARA INCLUSÃO: PERFIL DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSICA DE UMA UNIDADE FABRIL DO MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, PARAÍBA.

Diego de Sousa Dantas1
Fabiana de Oliveira Melo1
Camila Danielle Aragão Almeida1
Edmilson de Souza Ramos Neto1
Claudia Holanda Moreira1, 2

1. Departamento de Fisioterapia - UEPB
2. Profª. Msc. - Orientadora


INTRODUÇÃO:
A deficiência, seja ela física, mental, visual ou múltipla, na sociedade moderna, é vista sob a luz do preconceito e discriminação, como um fato intrínseco à incapacidade produtiva ou dependência econômica, e com isso, contribuindo para a não aceitação dos portadores de deficiência em nossa sociedade. As pessoas com deficiência física, caracterizadas pela perda ou redução da capacidade motora, englobando vários tipos de limitações funcionais, possuem potencialidades que precisam ser mais bem aproveitadas, no caminho à inclusão destes, no mercado de trabalho, permitindo-lhes exercer seu papel produtivo na sociedade e contribuindo para uma vida com maior auto-estima e consequentemente maior qualidade de vida. Os dispositivos legais, que obrigam a contratação de pessoas com deficiência, representam mais uma oportunidade desses, de mostrarem sua capacidade e tornarem-se úteis, resgatando a sua cidadania e enfraquecendo a idéia globalizante de incapacidade e invalidez que interfere na inclusão social, política e econômica desse grupo. Nessa perspectiva, o nosso estudo objetiva verificar o perfil das pessoas com deficiência física, demonstrando as características físicas e sociais desses, tomando como universo uma unidade fabril do município de Campina Grande, Paraíba.

METODOLOGIA:
Esta pesquisa, de caráter documental, realizada durante os meses de agosto e setembro de 2006, envolveu uma amostra não-probabilística e intencional de 131 pessoas com deficiência física do setor produtivo de uma unidade fabril de Campina Grande – PB, escolhida dentre um universo de 227 trabalhadores portadores de deficiências física, auditiva, visual e múltipla. A coleta de dados foi realizada através da análise de protocolos individuais, no setor de recursos humanos da unidade, observando dados como: gênero, idade, estado civil, nível educacional e tempo de serviço; como também análise da ficha admissional, na qual obteve-se a região acometida, e dados sobre a classificação da deficiência, que está baseada no artigo 4° do Capítulo I da Lei nº. 7.853 de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Vale ressaltar que nessa pesquisa, os aspectos éticos foram respeitados, conforme determina a resolução n°. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Além disso, a pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba e teve a aprovação da Unidade fabril.

RESULTADOS:
Após a coleta dos dados, os resultados foram rateados em freqüência simples e porcentagem. Dos 227 trabalhadores portadores de deficiência da unidade fabril, 131 (57%) possuem deficiência física e constituem a amostra da pesquisa, os 96 trabalhadores restantes que apresentavam deficiência: auditiva (36%), visual (6%) e múltipla (1%), foram desconsiderados por não se enquadrarem no objeto de estudo. O maior percentual atribuído à deficiência física é um indicador de que esta, permite maior adaptação e aproveitamento neste campo de trabalho. Dos 131 trabalhadores, 58% são homens, 60% são solteiros e 46% possuem Ensino Fundamental concluído, grau de escolaridade mínimo para admissão na empresa e apenas 3% apresentam Superior incompleto ou completo. No tocante a idade observou-se que 29% estão entre 30 e 34 anos e a partir dos 40 anos, há uma queda vertiginosa no percentual. O tempo de serviço predominante é de um a quatro anos, o que demonstra aumento no numero de admissões de portadores de deficiências nos últimos anos. Após o diagnóstico sindrômico, verificamos que 64% (84) apresentam deformidades congênitas ou adquiridas, e em menor porcentagem 1,5% cada, apresentavam hemiplegia e paraplegia. As alterações são mais prevalentes nos membros inferiores 48% e menos na coluna 4%.

CONCLUSÕES:
A partir da análise dos resultados, pode-se constatar que a maior proporção de pessoas com deficiências, inseridas em uma unidade fabril do município de Campina Grande, são portadoras de deficiência física, em maior número: do gênero masculino, solteiras, com idades entre 30 e 34 anos, ratificando outros estudos encontrados na literatura. Um aspecto importante é que 60% dos participantes possuíam tempo de serviço entre um e quatro anos, indicando que, seja por imposição legal ou responsabilidade social da empresa, nos últimos anos houve um aumento na incorporação de portadores de deficiência ao mercado de trabalho, o que contribui diretamente para um equilíbrio biopsicossocial do indivíduo, melhorando sua qualidade de vida e saúde. Nesse avanço observado, o baixo nível de escolaridade representa um obstáculo, evidenciando a necessidade de uma maior qualificação desses trabalhadores, para uma inserção mais segura no mercado de trabalho. Pode-se abstrair ainda, a importância das adaptações funcionais para os participantes, pois apesar de a maioria apresentar alterações significativas no membro inferior, os mesmos não encontram dificuldades potenciais na realização do processo laboral.



Palavras-chave:  Inclusão Social, Perfil, Pessoas com Deficiência Física

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