60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 22. Economia Internacional

A DINÂMICA DA GRANDE EMPRESA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Roberto Alexandre Zanchetta Borghi1
Marcos Antonio Macedo Cintra2

1. Instituto de Economia – IE/UNICAMP
2. Prof. Dr. – Instituto de Economia – IE/UNICAMP – Orientador


INTRODUÇÃO:
Um dos aspectos fundamentais do capitalismo é que ele possui um caráter dinâmico. Conforme Schumpeter, o processo de incessante transformação da estrutura econômica, o qual ele denomina de “Destruição Criativa”, seria o fato essencial acerca do capitalismo. Desse modo, todas as empresas capitalistas deveriam viver sob essas condições. Ademais, o capitalismo constitui-se em um processo de constante acumulação que, por meio de suas crises e recuperações, promove concentração e centralização do capital. Assim, dentro de um contexto mundial liderado pelas finanças e pelo elevado grau de internacionalização do capital, característico a partir da década de 1980, faz-se mister analisar, como objetivo da pesquisa, a configuração das empresas transnacionais, visto que constituem o principal agente dos processos de internacionalização da produção, centralização e concentração do capital, e destruição criadora.

METODOLOGIA:
A fim de compreender a lógica de atuação da grande empresa no contexto da reestruturação e internacionalização produtivas, a pesquisa foi composta de duas partes principais baseadas em estudos de diversos autores que abordam esta mesma temática e em inúmeras fontes de dados, especialmente da “United Nations Conference on Trade and Development” (Unctad), disponível na página eletrônica http://www.unctad.org, e a da “International Organization of Motor Vehicle Manufacturers” (Oica), disponível em http://www.oica.net. Na primeira parte, apresentou-se a dinâmica da empresa transnacional, evidenciando suas relações com o Investimento Estrangeiro Direto (IED), as Fusões e Aquisições (F&A), a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), a formação de redes (networks), o elevado comércio intrafirma e a crescente “financeirização”. Na segunda parte, estudou-se a configuração de uma cadeia industrial específica, no caso, a automobilística, com o intuito de verificar na prática o processo de globalização das estruturas produtivas.

RESULTADOS:
Constatou-se que, nos últimos 25 anos, ao contrário da tendência de forte dinamismo das grandes empresas, produção e investimento, que estão diretamente associados à renda e ao emprego, mostraram uma tendência declinante de suas taxas de crescimento, dado o caráter “financeirizado” envolvendo o capital produtivo e a própria natureza das transformações tecnológicas. Observou-se ainda um elevado fluxo de IED no período, predominantemente de F&A. Ademais, notou-se a mudança de padrão produtivo, do “fordismo” para o “toyotismo”, caracterizado pela flexibilização da produção, subcontratação e terceirização, as quais estão diretamente associadas à formação de redes, ou seja, à descentralização das atividades produtivas das empresas transnacionais, e conseqüentemente, à modificação das relações matriz-filial. Dentro dessa perspectiva, a indústria automobilística representa um dos melhores exemplos das modificações ocorridas com o processo de globalização produtiva. Não apenas por causa do choque de padrão produtivo, mas também devido ao processo de reestruturação pelo qual as grandes empresas do setor tiveram de passar. Assim, verificou-se o momento de expansão das firmas japonesas concomitante à crise enfrentada pelas americanas.

CONCLUSÕES:
Procurou-se mostrar como a própria lógica de atuação das grandes empresas moldou e impulsionou o processo de globalização produtiva, o qual, ao dinamizar os fluxos informacionais, produtivos, financeiros, tecnológicos e comerciais, afetou as atividades das mesmas. Logo, configurou-se uma relação de sujeito e objeto, causa e efeito, entre a empresa transnacional e o processo de globalização. Conforme apontado no decorrer do trabalho, inclusive para a indústria automobilística, promoveu-se uma internacionalização crescente da produção com o desmembramento de atividades secundárias das grandes corporações para firmas menores, dentro do processo de subcontratação. Além disso, destacou-se uma atuação global intensa das grandes empresas que passaram a adquirir outras e concentrar recursos, constituindo redes hierarquizadas e até mesmo alianças estratégicas no caso de P&D, para permanecerem competitivas no mundo globalizado, em que a esteira da concorrência impõe um ritmo cada vez mais frenético.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Globalização produtiva, Empresa transnacional, Indústria automobilística

E-mail para contato: robertoazborghi@yahoo.com.br