60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem

COMPORTAMENTO ESTUDAR EM ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: ANÁLISE DE CONTINGÊNCIAS.

Ana Carolina Camargo Chistovam1, 2
Leila Maria Amaral Campos Almeida1, 3

1. Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP
2. Curso de Psicologia
3. Profº Dr / Orientador


INTRODUÇÃO:
Comportamentos são conjuntos de variáveis com propriedades definidas em função de valores que assumem em situações específicas. Ensinar comportamentos acadêmicos (ou outro), deve significar, para quem ensina, promover aquelas propriedades que melhor se relacionem aos resultados que são esperados como decorrência dos comportamentos tomados como objetivos (Cortegoso, 2002). Quando o comportamento do professor é gratificante, favorece a construção de relações comportamentais gratificantes dos alunos em situação de aprendizagem, a obtenção de ganhos acadêmicos e elogios da família; e é possível esperar que se foi reforçado positivamente, continue aprendendo porque novas situações de aprendizagem tornariam os mesmos reforçadores disponíveis a ele. Já quando usa procedimentos de controle comportamental de natureza coercitiva, seu comportamento gera interações comportamentais pouco ou não gratificantes com os alunos, aumenta a probabilidade de que a atividade de ensino adquira propriedades aversivas, o assunto pode tornar-se fonte de ansiedade e de dificuldade, e podem aparecer comportamentos de fuga e esquiva. Assumindo os princípios da análise experimental do comportamento este estudo objetivou a análise das contingências do comportamento Estudar na situação de Tarefa de Casa.

METODOLOGIA:
Participaram do estudo 211 alunos do 4º ano, totalizando seis classes, de uma escola municipal do interior do estado de São Paulo. Estes alunos participavam de um projeto da escola, de incentivo à realização da tarefa de casa, com premiação para o seu cumprimento- kit papelaria: 100% das tarefas feitas; um lápis: 80%; e nenhum prêmio para menos de 80% das tarefas feitas. Para a coleta de informações foi feito um contato individual com o aluno. Neste contato o aluno caracterizou seu ambiente de estudo, através do desenho da situação de realização da tarefa de casa, e respondeu perguntas sobre seu interesse, ou desinteresse, em realizá-la. Foram também analisados os registros da premiação, por classe, pela realização das tarefas de casa, e da sua qualidade, feitos pela coordenação da escola. A etapa de organização, análise e produção dos dados consistiu na retirada das informações de interesse dos registros da escola sobre o desempenho dos alunos no Projeto Tarefa de Casa, e das verbalizações dos alunos sobre seu comportamento de realizar tarefas escolares.

RESULTADOS:
O exame dos registros sobre o cumprimento das tarefas de casa identificou que apenas na classe 1 a maioria (88%) dos alunos foram premiados; nas classes 2 (59%) e 3 (57%) pouco mais da metade; e nas demais classes ( 4-18%; 5-11%; 6-5%) poucos alunos se interessaram pela premiação, não executando as tarefas de casa. Examinando esses resultados e cotejando com as falas dos alunos relativas à situação e motivação para tarefa de casa, identificou-se como contingências para o comportamento Estudar:1. condições adversas ao aparecimento e manutenção deste comportamento, relacionadas a aspectos físicos do local de estudo, regras, complexidade da tarefa, monitoramento dos pais, estímulos concorrentes, que não se caracterizam como discriminativos para o comportamento Estudar, em casa, colocando os professores (os planejadores da tarefa de casa), e os pais (os que deveriam garantir sua realização), nem sempre como propiciadores de condições favorecedoras; 2. Seleção inapropriada das conseqüências ao comportamento de fazer tarefa de casa (prêmios definidos), que não assumiu valor de contingência reforçadora para todos os alunos, desfavorecendo sua manutenção.

CONCLUSÕES:
O comportamento Estudar é uma classe geral de comportamento que precisa ser descrita em termos de classes de respostas, condições diante das quais estas classes são esperadas (classes de estímulos antecedentes) e resultados, efeitos e produtos desejáveis destas ações (ou classes de estímulos subseqüentes), bem como feitas a análise e a decomposição desse comportamento geral em comportamentos mais específicos – para permitir que o professor e os pais criem condições favorecedoras do comportamento Estudar nos dois contexto em que aparece- escola e família. Diretrizes educacionais definem que as classes sejam organizadas por faixa etária e afirmam que isso não indica que todos os que tenham aquela idade precisem estar no mesmo nível de desenvolvimento acadêmico. Sugerem que as atividades devem ser as mesmas para todos e que não se caia na tentação de se diferenciar níveis de desempenho escolar – com a argumentação de que essa organização fixa a criança em seu nível, e aumenta as diferenças; e, também, que a heterogeneidade dinamiza os grupos e lhes dá vigor e funcionalidade. Estas teses são com freqüência generalistas e desconsideram a produção científica da Análise Experimental do Comportamento aplicada ao comportamento acadêmico (Skinner,72;95; Botomé, 81; Keller,83; Sidman, 95).

Instituição de fomento: Fundo de Apoio à Pesquisa/ Universidade Metodista de Piracicaba Programa de Formação Científica do Discente/ FAPIC

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Comportamento Estudar, Análise de Contingências, Tarefa de Casa

E-mail para contato: carolchristovam@hotmail.com