60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde

ADAPTAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO SOBRE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES DO ESTUDANTE DE ODONTOLOGIA NO ATENDIMENTO A CRIANÇAS NÃO-COLABORADORAS

Camila Lima Nascimento1
Ana Flávia Rodrigues1
Cecília Guarnieri Batista1, 3
Gustavo Rolim2
Renata Andrea Salvitti de Sá Rocha2
Antônio Bento Alves de Moraes2, 4

1. Centro de Estudos e Pesquisa em Reabilitação Prof Dr Gabriel O. Porto / UNICAMP
2. Departamento de Odontologia Social/ FOP UNICAMP
3. Prof. Dr. / Orientador
4. Prof. Dr. / Coordenador do Projeto Temático


INTRODUÇÃO:
Durante o atendimento odontopediátrico, é freqüente a ocorrência de comportamentos de não-colaboração por parte das crianças. Esses comportamentos afetam a atuação do profissional, e, conseqüentemente a qualidade do atendimento. A escolha e o uso de estratégias para obter a colaboração da criança dependem das informações a que o profissional teve acesso, principalmente durante a sua graduação. A formação em Odontologia é baseada no contato com o paciente, e é importante que o curso de graduação aborde essas estratégias em um momento adequado para a formação do profissional. Dessa maneira, considera-se necessária uma análise da avaliação feita pelos próprios alunos de odontologia em relação à sua percepção de habilidades para lidar com as questões relativas à colaboração de crianças durante o atendimento. Essa auto-avaliação permite uma reflexão sobre as condições em relação às quais os estudantes verbalizam dificuldades, apontando para aspectos a serem abordados em sua formação. Uma das formas de realizar essa avaliação foi proposta por Milgrom, que elaborou um questionário de 20 questões, descrevendo situações-problema no atendimento odontológico de crianças não-colaboradoras, a ser respondido de forma fechada (grau de autoconfiança para atuar em cada situação, indicado em escala Likert com 10 pontos) e aberta (descrição da forma sugerida pelo aluno para atuar na situação). A adaptação desse questionário para o contexto brasileiro é o alvo do presente trabalho.

METODOLOGIA:
O questionário foi traduzido e aplicado a uma amostra de estudantes de Odontologia. Com base na análise de conteúdo das respostas obtidas, e nas sugestões propostas por uma comissão de especialistas, foi elaborada uma nova versão do questionário, envolvendo: 1) Manutenção do formato original, com a apresentação de situações-problema, e introduzindo as seguintes modificações: a questão sobre nível de autoconfiança deveria ser respondida por escala Likert de 7 pontos, e a questão “Como você lidaria com esta situação?” seria respondida de forma aberta. 2) Fixação do número de questões em 10, valor considerado adequado para obter a colaboração dos respondentes, com base em experiências anteriores com questionários dessa natureza. 3) Reelaboração do texto de cada questão, para atender aos seguintes requisitos: atribuição de nomes usuais na população brasileira para as crianças citadas nos exemplos, bem como balanceamento, em sua caracterização, de sexo e faixa etária; escolha de situações representativas das diferentes rotinas odontológicas (entrada, anestesia infiltrativa, etc); escolha de situações representativas do tipo de procedimento odontológico (mais ou menos invasivo) e do tipo de reação da criança (desde recusa verbal até choro e reações físicas). A nova versão do questionário foi aplicada a 70 estudantes de graduação em odontologia de uma universidade pública. As respostas às questões abertas foram analisadas por amostragem, visando verificar o grau de compreensão dos respondentes.

RESULTADOS:
O questionário obtido foi considerado como representativo das diferentes situações-problema no atendimento odontopediátrico, quando reexaminado pela equipe de especialistas. A análise para verificar o grau de compreensão dos respondentes (10 respondentes aleatoriamente escolhidos por questão) indicou níveis altos de presença de resposta, bem como coerência e qualidade dessas respostas, de acordo com critérios pré-estabelecidos, na seguinte conformidade: 99% de presença de resposta às questões, 100% de coerência nas respostas (a resposta explicita uma ação, e/ou um sentimento) e 91% de respostas com descrição específica da ação ou seqüência de ações a serem realizadas (os 9% restantes referem-se a respostas pouco específicas quanto ao modo de agir). Dessa forma, a análise foi indicativa de alto grau de compreensão da tarefa pelos respondentes.

CONCLUSÕES:
Considerou-se que as adaptações propostas permitiram a elaboração de um questionário adequado para identificar disposições do cirurgião dentista diante de situações-problema em Odontopediatria, em termos de sua indicação do grau de autoconfiança para lidar com as mesmas e da apresentação verbal de soluções para esses problemas. Uma vez realizada esta primeira etapa do trabalho, será possível categorizar as respostas verbais, de forma a fazer um levantamento de categorias e estratégias relatadas pelo estudante de Odontologia, em relação ao atendimento a crianças não colaboradoras.

Instituição de fomento: Fapesp (projeto temático), PIBIC CNPQ/SAE Unicamp

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  interação profissional-paciente, habilidades do cirurgião dentista, crianças não colaboradoras

E-mail para contato: camifono@fcm.unicamp.br