60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O construtivismo tem como característica a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado e de que, especificamente, o conhecimento não é dado em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui [constrói] pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui [constrói] por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento, ou seja, o construtivismo como uma teoria do conhecimento engloba numa só estrutura dois pólos, o sujeito histórico e o objeto cultural, em interação recíproca. Este estudo tem por objetivos: desvelar o nível de conhecimento dos docentes da rede particular de ensino a respeito da Epistemologia Construtivista; identificar as características essenciais de uma prática pedagógica construtivista nas séries iniciais. Acredita-se que um estudo desta natureza contribua, na medida em que se observam as acentuadas diferenças de concepções sobre a teoria construtivista, nos níveis de ensino, (1ª a 5ª séries), as quais tecem uma trama de relações e de tarefas didático-pedagógicas contendo inúmeros significados, e impactos na vida docente.

METODOLOGIA:

A proposta metodológica para a pesquisa estruturou-se na perspectiva qualitativa, valendo-se de uma pesquisa de campo com professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas particulares situadas em Porto União/SC e União da Vitória/PR. Pesquisar aspectos da prática profissional de professoras implica construir um objeto de pesquisa eminentemente qualitativo, pois, trabalha-se com o que está inscrito em relações sociais, ou seja, “um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações” (MINAYO, 1980, p.22). Utilizou-se como campo de estudo a escola, espaço de realização do fazer docente. Foram aplicados 35 (trinta e cinco) questionários, equivalente a 100% (cem) da população de docentes das séries iniciais do Ensino Fundamental da rede particular de ensino dos municípios de Porto União/SC e União da Vitória/PR (área urbana). Desse número de questionários distribuídos, 26 (vinte e seis) foram devolvidos respondidos, ou seja, 74% da população total.

RESULTADOS:

Após a análise interpretativa dos dados coletados nesta pesquisa pode-se inferir que: a maioria dos docentes considerou apenas que o "construtivismo é a construção do conhecimento através da interação S e O. Este conceito é considerado a essência da teoria construtivista. Em nenhum momento os respondentes citaram as "palavras" assimilação, acomodação, adaptação ou equilibração, e apenas uma única vez citaram as etapas de desenvolvimento de Piaget que também são conceitos-chave. Apesar dos dados obtidos mostrarem que 73% dos respondentes considerem muito importante e 23% importante, a teoria construtivista para a educação escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental, uma grande maioria dos respondentes afirmaram que adotam apenas "em parte" a teoria construtivista. Percebe-se que as principais características da prática construtivista apontadas pelos respondentes baseiam-se no "professor" (concepção empirista) criar condições favoráveis à aprendizagem dos educandos. Assim, após estas observações, valida-se o pressuposto de que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental da rede particular de ensino da região sul de Santa Catarina, (Porto União) e norte do Paraná (União da Vitória) não conhecem o construtivismo em profundidade suficiente a ponto de aplicá-lo.

CONCLUSÕES:

O presente estudo não se limitou a encontrar ou descobrir algo novo sobre a teoria construtivista, mas sim, verificar em que “medida" o construtivismo é utilizado pelos docentes das séries iniciais do Ensino Fundamental das cidades de Porto União/SC e União da Vitória/PR da rede particular de ensino. Parte-se do pressuposto de que a teoria construtivista, fundamentada na epistemologia genética de Piaget, não é conhecida em profundidade suficiente pelos sujeitos da pesquisa a ponto de aplicá-la. A análise desta pesquisa nos indica que há uma certa distância entre a teoria e a prática, entre intenção e ação. Demonstra que existe uma carência de reflexão por parte docente sobre a sua própria prática pedagógica. Esta reflexão implica que antes de defender esta ou aquela teoria deve-se conhecê-la e fazer uso do que acredita realmente ser o ideal para a aprendizagem qualificada e plena de seus alunos. Em uma sala de aula não há certo ou errado desde que o docente tenha certeza de que a sua prática pedagógica esteja concretamente contribuindo para a construção do conhecimento do "futuro" que está em suas mãos.

Palavras-chave: Construtivismo, Séries Iniciais, Professores

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