60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O Brasil é altamente dependente da hidroeletricidade, que corresponde a 77,3% da oferta de energia elétrica brasileira, conforme o Balanço de Energia Elétrica Nacional (MME, 2007). Em 2001 a escassez de chuvas submeteu o país ao racionamento de energia elétrica, gerando uma crise que trouxe impactos negativos para o crescimento do PIB brasileiro, não apenas naquele ano como nos anos seguintes (PNAD, 2002). Somando-se a isto, o relatório científico sobre mudanças climáticas publicado pelo IPCC, em 2007, apontou as atividades humanas como responsáveis pela intensificação do efeito estufa e conseqüente aquecimento global. Estes dois fatos nos remetem para a necessidade de mudança dos hábitos mundiais e, por conseguinte, desenvolvimento de fontes renováveis de energia. A utilização do biogás formado em aterros para a geração de eletricidade desponta como uma alternativa promissora, considerando a significativa redução da emissão de gases intensificadores do efeito estufa nesse processo e a urgência em investir na diversificação da matriz elétrica brasileira. Nesse sentido, o presente trabalho visa esclarecer como a geração de energia elétrica a partir do biogás de aterro, por meio das inovações tecnológicas, pode contribuir para o desenvolvimento econômico brasileiro.

METODOLOGIA:

A realização deste trabalho fundamentou-se em uma pesquisa bibliográfica em que se buscou compreender os conceitos relacionados a biogás; esclarecer as questões ambientais e econômicas inerentes ao uso do biogás de aterro para geração de energia elétrica; verificar a distribuição deste recurso no território brasileiro; analisar a contribuição da tecnologia para tornar seu uso viável; e o potencial de crescimento dessa energia no cenário brasileiro. Neste processo a consulta ao acervo do CENBIO (Centro Nacional de Referência em Biomassa), aos documentos disponibilizados no sítio do Ministério de Ciência e Tecnologia e as dissertações de mestrado se destacaram.

RESULTADOS:

Para o aproveitamento energético do biogás de aterro é necessário instalar um sistema de captação. A instalação de tubos verticais permite a extração de biogás depois que o aterro já foi coberto. Entretanto, em aterros sanitários, havendo drenagem para coleta do biogás em cada célula que se forma, é possível coletar o gás desde o início de sua formação, fazendo com que este energético seja aproveitado de forma mais eficiente. A obtenção de RCE’s (Reduções Certificadas de Emissões) a partir da recuperação do biogás de aterro é plausível, pois na legislação brasileira não existe a exigência de queimar todo o biogás emitido a fim de reduzir a emissão de metano e tampouco, para geração de eletricidade. No Brasil 28 projetos de aterros sanitários foram submetidos à Comissão Interministerial no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo com a finalidade de obterem RCE’s ao reduzirem a emissão de metano. Entre estes projetos, 5 são para geração eletricidade a partir do biogás, os demais, em geral, planejam produzir energia em um segundo momento. Em São Paulo, os aterros Bandeirantes, desde outubro de 2004, e São João, desde janeiro de 2008, produzem energia elétrica suficiente para garantir o abastecimento de 800 mil moradores, ao mesmo tempo em que geram receita em créditos de carbono.

CONCLUSÕES:

Analisando o uso do biogás de aterros sanitários é possível vislumbrar seu potencial econômico e ambiental. Do ponto de vista ambiental, os aterros representam a forma mais adequada de depositar grandes volumes de lixo, posto ainda que o ideal seria reduzir ao mínimo a quantidade de lixo encaminhada ao aterro por meio da reciclagem, o que elevaria a vida útil dos aterros, ao mesmo tempo em que postergaria a retirada de matéria-prima da natureza. Ainda, outro aspecto ambiental relacionado ao uso do biogás é a redução da emissão de gases intensificadores do efeito estufa. Sob a ótica econômica um enorme potencial evidencia-se com a venda de créditos de carbono e a geração de energia elétrica, o que permite diversificar a matriz energética brasileira, diminuindo a grande dependência da energia hidrelétrica. A tendência que se observa é a de ampliação do percentual de destinação do lixo a aterros sanitários. No entanto, a motivação para o investimento em novos aterros sanitários tem se sustentado não por ser a forma mais adequada de disposição final do lixo, mas, pela geração de energia elétrica a partir do biogás e pela obtenção de RCE’s. Portanto, além de extremamente relevante do ponto de vista ambiental, o aproveitamento energético do biogás de aterro tornou-se oportuno.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Biogás de aterro, Créditos de Carbono, Energia Renovável

E-mail para contato: Kallenya.thays@gmail.com