60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

O biodiesel é definido como o derivado mono-alquil éster de ácidos graxos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis como óleos vegetais, cuja utilização está associada à substituição de combustíveis fósseis em motores de ciclo diesel. Apresenta um potencial promissor no mundo inteiro, não só pela sua enorme contribuição ao meio ambiente, com a redução qualitativa e quantitativa dos níveis de poluição ambiental, mas também pela geração de energia renovável em substituição ao óleo diesel. O governo brasileiro lançou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel que entrou em vigor em 2005, através da Lei n° 11097 de 13 de janeiro de 2005, que incrementa a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, sendo fixado o uso de 2% de biodiesel misturado ao diesel a partir deste ano. A adição de biodiesel nessa proporção trará uma economia da ordem de U$ 152 milhões e a geração de 153000 novos empregos. Neste contexto, faz-se necessário o desenvolvimento de métodos alternativos para o controle de qualidade de biodiesel que viabilizem sua utilização por indústrias de pequeno e médio porte.

METODOLOGIA:

Neste trabalho, desenvolveu-se um método alternativo para determinação do teor de álcool no biodiesel, contribuindo para o monitoramento da reação de transesterificação e para o controle de qualidade do produto obtido através de medidas do ponto de fulgor. O ponto de fulgor de biodiesel de algodão, com diferentes teores de metanol ou etanol (0,2 – 0,7%), foi medido num Pensky-Martens com vaso fechado, de acordo com a ASTM D 93. Além disso, está em desenvolvimento método analítico para determinação de metais em biodiesel. Inicialmente está sendo determinado o teor de metais por espectrometria óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES), mas como trata-se de uma técnica bastante cara, pretendemos desenvolver outras metodologias.

RESULTADOS:

O ponto de fulgor é a temperatura mínima na qual os vapores dos combustíveis entram em combustão na presença de chama. O ponto de fulgor do biodiesel deve ser acima de 100 ºC, o que é uma vantagem frente ao diesel, que é de 52 ºC, o que o torna um combustível mais seguro. Os resultados indicam que, como era esperado, o ponto de fulgor do biodiesel diminui à medida que o teor de álcool aumenta. Até 0,2% m/m de etanol, o ponto de fulgor encontra-se no limite estabelecido pela norma. Acima desse valor é necessário que o etanol excedente seja retirado. No caso do metanol o ponto de fulgor apresenta-se dentro das normas até 0,25% m/m. De acordo com a ANP e a EN 14110, o limite máximo para metanol e etanol em biodiesel é 0,5 % m/m e a técnica recomendada por tais normas para determinar esse teor é a cromatografia gasosa. É interessante notar que recentemente a ANP publicou a Resolução n° 7, de 19/03/2008, onde o limite de álcool foi diminuído para 0,2% m/m. Os resultados mostram limites menores e indicam a viabilidade técnica do uso de medidas de ponto de fulgor para determinar o teor de álcool em biodiesel. Esta alternativa é particularmente interessante em locais que não se dispõe de instrumentação analítica sofisticada como, por exemplo, usinas de biodiesel de pequeno porte.

CONCLUSÕES:

O procedimento aqui proposto mostrou-se viável para o monitoramento do teor de metanol e de etanol em biodiesel. O método é de baixo custo e de fácil realização não sendo necessárias instalações dispendiosas o que viabiliza a sua utilização em indústrias de pequeno porte.

Instituição de fomento: Capes, CNPq e Fapesp

Palavras-chave: biodiesel, ponto de fulgor, controle de qualidade

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