60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 1. Farmacologia Bioquímica e Molecular

FARMACOGENÉTICA EM HIPERTENSOS REFRATÁRIOS

Riccardo Lacchini1
Maricene Sabha1
Fabrício Fávero1
Fernanda Coeli2
Maricilda Palandi de Mello2
Heitor Moreno Júnior1

1. Departamento de Farmacologia / FCM – UNICAMP
2. Centro de Biologia Molecular e Genética / IB – UNICAMP


INTRODUÇÃO:
Hipertensão Refratária se caracteriza por quadro de hipertensão concomitante ao uso de 3 classes diferentes de anti-hipertensivos, sendo, pelo menos um destes, diurético. Existem fatores genéticos que influenciam mecanismos de controle da pressão arterial, podendo ter papel importante na hipertensão refratária. É observado em grande quantidade dos hipertensos refratários o aldosteronismo primário, um excesso de produção e excreção de aldosterona pelas glândulas supra-renais causado ou não por hiperplasia das adrenais. Isto torna interessante o estudo das influências genéticas sobre sistemas envolvidos com a produção, excreção e mecanismo de ação da aldosterona. Em nosso trabalho estudaremos um polimorfismo na região promotora do gene da aldosterona sintase (troca de timina por citosina na posição -344 do gene), enzima responsável pelo último passo na síntese de aldosterona pelas glândulas supra-renais. Vamos também estudar um polimorfismo no éxon 26 do gene da p-glicoproteína (troca de citosina por timina na posição 3435 do gene). Esta proteína está envolvida com resistência à diversos medicamentos na terapêutica (o gene é chamado Muliple Drug Resistance-1, MDR-1). Nosso trabalho visa determinar se estes polimorfismos têm influência sobre a hipertensão refratária em brasileiros.

METODOLOGIA:
O DNA foi obtido leucócitos de sangue periférico de 78 pacientes do ambulatório de hipertensão arterial do Hospital de Clínicas da UNICAMP, e extraído pelo método de Salting Out, sendo posteriormente purificado com fenol, clorofórmio e álcool isoamílico no laboratório de Genética Humana do Centro de Biologia Molecular e Genética da UNICAMP. O DNA foi quantificado por espectrofotômetro e diluído à concentração de uso. O polimorfismo do gene da aldosterona sintase é genotipado por PCR(Polymerase Chain Reaction) seguido por digestão enzimática (Restriction Fragment Length Polymorphism - RFLP) com a enzima hae-III. O polimorfismo do gene MDR-1 é genotipado através de PCR alelo específico. Os produtos são analisados através de eletroforese em gel de agarose 3% corado com brometo de etídio, e visualizados em transluminador equipado com aparelho de aquisição de imagens.

RESULTADOS:
Este trabalho está em andamento. Até o momento foi preparado o banco de DNA com 78 pacientes em acompanhamento do ambulatório de Hipertensão Arterial do Hospital de Clínicas da UNICAMP. Foram realizadas as análises dos 78 pacientes para o polimorfismo do gene da aldosterona sintase (29 pacientes – 37,2% homozigotos TT, 43 pacientes – 55,1% heterozigotos e 6 pacientes – 7,7% homozigotos CC) e 57 pacientes para o polimorfismo do gene MDR-1 (21 pacientes – 36,9% homozigotos CC, 26 pacientes – 45,6% heterozigotos e 10 pacientes – 17,5% homozigotos TT). A distribuição alélica para o polimorfismo na aldosterona sintase foi de 64,7% (101 alelos) T, e 35,3% (55 alelos) C. Para o polimorfismo no gene MDR-1 encontramos até o momento uma distribuição alélica de 59,6% (68 alelos) C e 40,4% (46 alelos) T.

CONCLUSÕES:
Podemos concluir que o alelo T no polimorfismo -344 do gene da aldosterona sintase é mais freqüente que o alelo C na mesma na amostra dos pacientes do ambulatório. De maneira preliminar, podemos concluir que o alelo C no polimorfismo da posição 3435 do gene MDR-1 é mais freqüente nos pacientes do ambulatório. Serão realizadas ainda as genotipagens dos pacientes remanescentes para o polimorfismo do gene MDR-1. Além disto serão feitas as genotipagens de ambos os polimorfismos em 50 controles cegos da população brasileira para fins de comparação. Serão estratificados os pacientes com os diversos graus de hipertensão para análise nos subgrupos, e serão avaliadas também as relações entre parâmetros clínicos e os genótipos dos pacientes.

Instituição de fomento: CNPq, FAPESP, CAPES



Palavras-chave:  Hipertensão Refratária, Aldosterona, Polimorfismos

E-mail para contato: lacchi_4@terra.com.br