60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

EDUCAÇÃO & CIDADE: O PAPEL DA ESCOLA NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Luciana de Almeida Silveira1
Nailda Marinho da Costa Bonato2

1. Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGEd / UNIRIO
2. Profª. Drª. - Programa de Pós-Graduação em Educação -PPGEd/UNIRIO- Orientadora


INTRODUÇÃO:
O processo desordenado de urbanização das cidades brasileiras concorre cada vez mais para uma maior agressão ao meio ambiente, à qualidade de vida e, conseqüentemente, ao patrimônio cultural, contribuindo para descaracterizar o espaço urbano e acirrar uma profunda crise de identidade urbana. Outro fator de ameaça concreta ao patrimônio cultural é a falta de (in)formação dos indivíduos, que não reconhecem o valor dos bens culturais e desconhecem a própria história local (Coelho, 1992, p.61). Consideramos então que a Educação Patrimonial é fundamental no processo de preservação sustentável dos bens culturais, bem como acreditamos no seu potencial como um instrumento de cidadania e preservação da história e da memória social. O presente trabalho em andamento, intitulado “EDUCAÇÃO & CIDADE: o papel da escola na preservação do patrimônio cultural”, focaliza a questão patrimonial no sentido de discutir a parceria escola-comunidade através de práticas educativas voltadas para a valorização do patrimônio cultural. Buscar-se-á avaliar as práticas educativas adotadas no processo de (re)construção e valorização do patrimônio cultural e suas repercussões no espaço público local através de um estudo comparativo entre duas escolas públicas no Bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro.

METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, documental e iconográfica aliada a uma pesquisa de campo. Buscamos analisar o tema da educação patrimonial através de um estudo na Cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente no Bairro Imperial de São Cristóvão que se destaca por um rico patrimônio histórico e arquitetônico, visando comparar ações educativas de duas instituições escolares - a primeira, bem não tombado nem preservado e, a segunda, bem tombado municipal e uma das “Escolas do Imperador”, sendo que apenas a primeira foi objeto do “Programa Educação Urbana nas Escolas Municipais do Rio de Janeiro”. A questão central gira em torno das reais possibilidades de ação educativa para se estabelecer um verdadeiro diálogo pedagógico entre escola e comunidade voltado para a questão do patrimônio cultural. O “grau de pertencimento” da comunidade escolar e o sentido atribuído ao lugar serão avaliados através de entrevistas com diretores, coordenadores pedagógicos e professores. Dentre as categorias de análise adotadas, estão: identidade e cidadania cultural, memória e história. Autores como Paulo Freire, Maria de Lourdes P. Horta, Olinio Gomes P. Coelho, Maria Cecília Londres Fonseca, Jacques Le Goff, Walter Benjamin e Kevin Lynch, têm ajudado em nossas reflexões.

RESULTADOS:
A pesquisa de campo nos permitirá avaliar o “grau de pertencimento” da comunidade escolar através de entrevistas e levantamento de dados acerca das instituições escolares (projeto pedagógico, arquitetura escolar e história), enfim, compreender as práticas curriculares voltadas para a valorização do patrimônio cultural. Com base na hipótese de que há carência de uma maior efetividade de práticas educativas voltadas para o patrimônio cultural através da parceria escola-comunidade, entendemos que um processo de ensino-aprendizagem deve estar voltado para o conhecimento e a reflexão-ação permanente da realidade concreta, de forma a engajar o sujeito numa ação coletiva a favor da preservação dos bens culturais visando a qualidade de vida e o exercício de cidadania. O verdadeiro conhecimento da realidade local é pressuposto para a preservação do patrimônio cultural, da história local e da memória social. Nesta perspectiva, espera-se problematizar a realidade escolar e despertá-la para questões patrimoniais, buscando dar respostas à questão central: de que forma as escolas têm contribuído para a valorização do patrimônio cultural e, conseqüentemente, o fortalecimento da identidade cultural, a preservação da memória e da história local visando o pleno exercício da cidadania?

CONCLUSÕES:
A falta de um trabalho integrado entre escola-comunidade reflete diretamente na relação do sujeito com a cidade. Porque acreditamos no poder da educação no processo de afirmação cultural de novos valores na sociedade para com o meio ambiente, é que defendemos a educação patrimonial como um instrumento de cidadania com base numa comunidade educativa onde todos imbuídos de um certo grau de “pertencimento”, possam efetivamente cumprir o seu papel de cidadãos ativos, conscientes de seus direitos e deveres enquanto sujeitos de sua própria história. Valorizar o patrimônio cultural é uma forma de resgatar a auto-estima e de possibilitar a inserção crítica do sujeito no contexto cultural como agente de preservação. Resgatar o passado, aponta para novas formas de explicação do presente e projeta o futuro! Enfim, a preservação do patrimônio cultural funciona como suporte da construção da memória social e das identidades coletivas, contribuindo para a formação do sentido de história no cotidiano e, conseqüentemente, da cidadania. Espera-se contribuir para o (re)desenho de uma práxis educativa multicultural e de qualidade aliada a uma gestão compartilhada da educação patrimonial pública entre escolas, comunidades locais e município.



Palavras-chave:  educação patrimonial, cidadania, identidade cultural

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