60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

A DINÂMICA DA ATIVIDADE COMERCIAL NO ESPAÇO URBANO DE BOTUCATU/SP: OS DOIS CIRCUITOS DA ECONOMIA

Raquel Camalionte Castilho1
Márcio Rogério Silveira2

1. UNESP/OURINHOS/ DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
2. UNESP/OURINHOS/ Prof. Dr. - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - Orientador


INTRODUÇÃO:
Este resumo tem a finalidade de apresentar a pesquisa sobre o comércio varejista de Botucatu e chamar a atenção para os estudos relacionados à Geografia do Comércio. Para isso foram destacados os setores comerciais espacialmente desconcentrados, o de materiais de construção e o supermercadista e algumas empresas de múltiplas filiais de capital local, espacialmente concentradas. A análise está baseada teoricamente na formação socioespacial e nos circuitos da economia de Santos (1979), além da teoria das interações espaciais de Corrêa (1997) e da teoria de combinações geográficas de Cholley (1964). Assim, o objetivo principal é compreender os dois circuitos da economia e seu desenvolvimento no comércio, sua organização na cidade paulista de Botucatu, assim como sua importância e influência regional. O setor comercial destaca-se quando é estudado a partir de sua organização e de sua relação espacial com a sociedade, atualmente visualizados nos fenômenos de concentração, descentralização e no impulso ao surgimento de subcentros. Contudo, para buscar os fatores que permitiram a expansão espacial, focamos o comércio, atividade que sofre intensos processos de transformação, partindo do princípio que esta possui uma posição ativa e influente na dinâmica do espaço urbano.

METODOLOGIA:
Os procedimentos metodológicos e as estratégias utilizadas para dar embasamento aos objetivos da pesquisa são: análise de documentos históricos coletados junto a Biblioteca Municipal, Prefeitura Municipal de Botucatu, Associação Comercial e Industrial de Botucatu (ACIB) - Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Centro Cultural de Botucatu; coleta de dados estatísticos secundários em vários órgãos: Fundação SEADE, IBGE, Prefeitura Municipal de Botucatu, CDL, Sindicato dos Comerciários e Varejistas de Botucatu (SINCOVAB), entre outros; realização de entrevistas nas empresas comerciais, órgãos governamentais estaduais e municipais e associações patronais e de empregados; aplicação de questionários com os consumidores da cidade de Botucatu; levantamento e estudo de bibliografias especializadas, bem como entrevistas com comerciantes para a análise da demanda do comércio regional e local e elaboração e confecção de cartogramas, diagramas e gráficos que possibilitem uma melhor visualização dos dados tabulados, possibilitando uma leitura clara das nossas considerações.

RESULTADOS:
Baseado nos estudos destaca-se que se trata de uma atividade dinâmica e predominantemente varejista. A cidade possui um subcentro, no qual desde sua gênese, mostrou seu papel independente com o centro comercial. A entrada de empresas de grande poder de capital, no século XX, modificou a estrutura do comércio local, modernizou as empresas e aumentou a influência em escala regional. Assim, a cidade caracteriza-se por possuir um centro tradicional e comercial concentrado no centro, principalmente, na Rua Amando de Barros, além de possuir empresas comerciais fortes de capital local que dominam certos ramos, como os setores desconcentrados. Mas ainda não se concretizam novos espaços de consumo, como os shoopings. Contudo, é possível ressaltar os dois circuitos da economia nos diversos ramos comerciais, sendo que as empresas supermercadistas analisadas são inclusas no circuito superior da economia e os outros ramos, nos dois circuitos. Importante acrescentar que a aproximação das empresas no circuito superior não está totalmente relacionada com o poder dessas empresas frente aos consumidores da cidade, pois, empresas de materiais de construção, inclusas no circuito superior, possuem menor influência nos diversos setores da cidade, do que uma inclusa no circuito superior marginal.

CONCLUSÕES:
A cidade de Botucatu mantém uma estrutura de comércio predominantemente local e se mostra atrasada no surgimento de novos espaços de consumo que dominam grande parte do comércio nacional. No entanto, a organização espacial se divide em circuito inferior e superior (e superior marginal). O setor central, em primeiro lugar, e depois o setor norte, onde está localizado o subcentro, concentram os maiores números de empresas comercias. Além disso, o setor, caracterizado como desconcentrado, o de material de construção se mostra concentrado no setor norte, contribuindo para uma maior dinâmica e mobilidade no subcentro. Apesar de toda importância do comércio no espaço urbano, como importante fonte de arrecadação de impostos, como geradores de empregos, transformando o espaço, impulsionando o desenvolvimento econômico e social e entre outros, na cidade de Botucatu, as atenções do poder público marginalizam a importância desta atividade em função do ramo de produção, sendo classificada como centro universitário e de produção interligada a rede urbana paulista. No âmbito acadêmico, os estudos de geógrafos desta área tiveram grande redução, contudo, é uma atividade de fundamental importância para a dinâmica do espaço urbano.

Instituição de fomento: FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  comércio, circuitos, cidade

E-mail para contato: raquelccastilho@yahoo.com.br