60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 5. História - 2. História do Brasil

AS MANIFESTAÇÕES SOBRE O TRATADO DE 1810 ENTRE GRÃ-BRETANHA E PORTUGAL: O PENSAMENTO PLURAL NO IMPÉRIO LUSO-BRASILEIRO.

Daniel Elias de Carvalho1
Marisa Saenz Leme1, 2

1. Faculdade de História, Direito e Serviço Social/Departamento de História-UNESP.
2. Profª. Drª. - Orientadora.


INTRODUÇÃO:
O presente estudo analisa o contexto de manifestações desencadeadas após o tratado de aliança e comércio de 1810, assinado pelos reinos de Portugal e Grã-bretanha. O corte temporal para o estudo das manifestações contra o tratado é de 1809-1817, justificado pelo fato da primeira versão do tratado de aliança e comércio datar de 28 de fevereiro de 1809, e também pelo fato de que os maiores críticos antiingleses que estavam na corte portuguesa (como Antonio d`Araújo),perderam forças em meados de 1817. Dentre os objetivos específicos destacam-se: analisar as manifestações que surgiram após o tratado de aliança de 1810, investigar a heterogeneidade das manifestações e as relações políticas que então permearam tais manifestações. Essa investigação tem relevância dada à necessidade de se expandirem os estudos acerca das resistências contra as medidas efetuadas pela coroa portuguesa no início de sua mudança para o Brasil, visto que a historiografia que aborda o assunto não tem dado a devida atenção para o mesmo, que ou é pouco tratado ou não é abordado, gerando um pensamento homogêneo sobre o tema impossibilitando uma maior compreensão sobre os desdobramentos do período.

METODOLOGIA:
A pesquisa iniciou-se com o estudo da influência inglesa no Brasil, não apenas a marcante predominância econômica e material, mas também a influência ideológica. Os tratados de 1810 constituem um dos grandes momentos desta relação entre Grã-Bretanha e o reino de Portugal, e por tal motivo gerou uma gama de discursos em torno do mesmo. Ao buscar compreender esta diversidade de pensamentos sobre os tratados, evidenciou-se que a bibliografia que trata sobre o assunto menciona pouco tais discursos, não dando a devida atenção para o debate que ocorreu no momento dos tratados de 1810.É visível a defasagem ao se observar que a bibliografia, ao tratar do tema, o aborda em fragmentos, isto é, uma referência bibliográfica complementa a outra, porém nenhuma delas tenta abarcar o todo da diversidade de discursos que foram desencadeados após o tratado de 1810.É este caminho que a presente pesquisa buscou trilhar, levantando na bibliografia que aborda o tema, toda a diversidade do debate e das opiniões que se referiam ao tratado, isto com o intuito de expandir a nossa compreensão sobre as tramas do período, explorando a pluralidade do mesmo.No momento, os acervos utilizados foram o da Biblioteca da Universidade Estadual Paulista, campus de Franca, e alguns documentos disponíveis na Internet.

RESULTADOS:
Entre as mais diversas opiniões que foram feitas acerca do tratado de 1810. destacam-se duas. A primeira feita pelo jornalista Hipólito da Costa através de seu jornal “Correio Braziliense”, mostra a preocupação do autor com a reciprocidade do tratado, dizendo que o mesmo beneficia exclusivamente os britânicos e que por não avaliar as novas situações que o império português enfrentava a corte lusa estava se precipitando ao assinar um tratado tão prejudicial ao império. A segunda visão, oposta a de Hipólito da Costa, é a de José da Silva Lisboa, ao contrário das críticas, para ele o tratado de 1810 seria benéfico para o Brasil, pois é no livre comércio que a sociedade pode progredir, é nesta liberdade que seria possível conciliar interesses divergentes, como o dos comerciantes ingleses, brasileiros ou portugueses. Tais discursos são exemplos do debate que estava se formando em torno do tratado de 1810, mostrando toda a diversidade de pensamento que foi se formando a partir do mesmo.

CONCLUSÕES:
A pesquisa confirmou que as manifestações que ocorreram em torno dos tratados de 1810, foram inúmeras, houve tanto discursos que defendiam os tratados como críticas que apontavam para os mais diversos artigos dos tratados, tais “falas” correspondiam aos sujeitos das mesmas e estavam englobadas dentro de suas perspectivas políticas e seus interesses dentro ou fora da corte portuguesa. Isto mostra que as medidas tomadas por D. João VI e sua corte não passaram em branco pela população imperial como muitas vezes é abordado dentro da historiografia que trabalha com o assunto, que tende a analisar mais especificamente como tal tratado foi assinado e seus desdobramentos para com o reino português. A riqueza das manifestações que giraram em torno do tratado de 1810 faz parte de um processo histórico que nos ajuda a compreender a pluralidade de pensamentos que emergiam neste início do século XIX no reino de Portugal.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Discursos, Diversidade, 1810

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