60ª Reunião Anual da SBPC

INTRODUÇÃO:

Esse projeto didático interdisciplinar, de cunho temático e investigativo foi inspirado na importância cultural da comemoração dos "100 anos de Frevo" em Pernambuco. Então, a partir da necessidade do conhecimento e valorização da nossa cultura e dos aspectos multiculturais, desenvolvemos e vivenciamos um trabalho de pesquisa-ação em cidades históricas de Pernambuco, localizadas nas diversas regiões (Metropolitana do Recife, Zona da Mata, Agreste, São Francisco e Sertão) com o intuito de propor ações de intervenção na realidade pesquisada para uma possível reelaboração cultural e transformação social. Para isso, pesquisamos a contribuição dos povos indígenas, africanos e europeus na construção dessa cultura tão rica e diversificada. Na Escola Municipal Alto da Bela Vista, a Educação de Jovens e Adultos ficou responsável pelas cidades de Brejo da Madre de Deus e Jaboatão dos Guararapes; o Ensino Fundamental, pelas cidades de Recife, Itamaracá, Palmares, Caruaru, Petrolina, Exu e pelo Arquipélago de Fernando de Noronha; a Educação Infantil, pelas cidades de Olinda e Nazaré da Mata.

METODOLOGIA:

“A leitura de mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquela” (Paulo Freire). Com base neste princípio, o nosso projeto se desenvolveu em quatro etapas, através das quais tivemos como tarefas fundamentais o processo de Alfabetização e Letramento dos estudantes, o respeito às diferenças no espaço escolar e a valorização da multiculturalidade do nosso povo. Na 1ª etapa, fizemos o levantamento de dados dos aspectos significativos da memória da vida dos estudantes e da realidade social em que se encontram, como por exemplo: pesquisa documental sobre a sua origem, a de seus familiares e amigos; levantamento de conhecimentos prévios sobre as cidades de Pernambuco e a socialização desses resultados em sala de aula, em espaços coletivos como no pátio, na Biblioteca e na rua da escola, em ações como: passeatas, festividades, palestras etc. Na 2ª etapa, foi feita uma adaptação dos conhecimentos prévios, levantados com as competências e conteúdos exigidos para cada nível e modalidade de ensino, dentro da proposta temática abordada. A 3ª etapa se delineou com a vivência do projeto em si e de algumas intervenções sociais possíveis, relacionando-o ao levantamento de dados anteriores e às diretrizes curriculares estabelecidas pela Secretaria de Educação. A 4ª etapa se deu com a culminância dos resultados dos trabalhos dos professores e estudantes expostos e apresentados na Feira de Conhecimentos da escola. As situações didáticas foram vivenciadas conforme encaminhamento específico de cada professora com orientação da coordenação e direção escolar em encontros pedagógicos coletivos (planejamentos, avaliação e reelaboração da prática pedagógica). Foram utilizados recursos diferenciados como: pesquisa teórica em livros, revistas, jornais, fotografias, documentos, dicionários, enciclopédias, mapas e internet; entrevistas; aulas de vídeo com rodas de diálogo; pesquisa de campo em museus, mercados públicos, fundações, cidades históricas, teatros; oficinas de música e dança etc.

RESULTADOS:

A Educação não é um processo de adaptação do indivíduo à sociedade. O homem deve transformar a realidade..."(Paulo Freire, 1983) E nessa perspectiva, podemos pontuar alguns resultados importantes desse projeto a seguir. Um deles foi a sensibilização e a aceitação da comunidade escolar para tratar de conteúdos conflitantes na prática pedagógica, como por exemplo, a discriminação racial na valorização e construção da identidade cultural. Outro ponto fundamental foi a apropriação crítica coletiva e posteriores reelaborações dos papéis sociais de homens e mulheres e das relações de gênero na nossa sociedade, dentro do universo multicultural explorado. Houve uma redução de conflitos e violência no espaço escolar, motivados por preconceitos raciais, de gênero e culturais. E principalmente, o respeito e a valorização por toda a comunidade escolar das manifestações culturais das diferentes etnias representadas no nosso estado. As crianças, jovens e adultos que inicialmente não conhecia a história do frevo e consequentemente não suportava a capoeira, nem danças como Maracatu (rural, de baque solto e de baque virado), Afoxé, samba, coco de roda, Boi, Cavalo Marinho, entre outras, passaram a conhecer, respeitar e valorizar nossas raízes culturais.

CONCLUSÕES: