60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana

ANÁLISE DAS DINÂMICAS AGROINDUSTRIAIS EM UMA CIDADE MÉDIA DO SÃO FRANCISCO PERNAMBUCANO: PETROLINA.

Marcus Walmsley Milet Morais1, 3, 5
Lawrency Ana de Albuquerque Silva1, 4
Michel Saturnino Barboza1
Edvânia Tôrres Aguiar Gomes1, 2

1. Universidade Federal de Pernambuco
2. Profª Drª - Departamento de Ciências Geográficas - UFPE - Orientador
3. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PIBIC
4. Bolsista de Iniciação Científica - CNPq
5. Colaborador do Programa de Educação Tutorial - MEC/SESu


INTRODUÇÃO:
Segundo os parâmetros de regionalização da Agência CONDEPE/FIDEM, o município de Petrolina encontra-se na Mesorregião do São Francisco Pernambucano, e no ano de 2004, apresentou um Produto Interno Bruto de R$1.609,721 - 3,37% do PIB de Pernambuco (IBGE, 2004). A importância da agropecuária e, especialmente da fruticultura, faz-se perceptível neste indicador, uma vez que tais atividades são responsáveis por 36,28% do PIB municipal (CONDEPE/FIDEM, 2004). Estes resultados são decorrentes do direcionamento das políticas públicas para a região, a partir da década de 60 do século passado, quando da época do II Plano nacional de Desenvolvimento Econômico e Regional, que propiciaram o incremento dos diversos setores econômicos lá instalados. Diante da dinamização proveniente, essencialmente, de tais ações governamentais, este trabalho visa analisar a mão-de-obra empregada na fruticultura irrigada desta região e como se desenvolvem as relações sociais na área em estudo. Este tipo de pesquisa é relevante para a sociedade civil, uma vez que ao se analisar os impactos decorrentes dessas relações, entende-se as novas perspectivas e os recentes veículos de (re)produção do espaço petrolinense, assim como sua contextualização no cenário de cidades médias brasileiras.

METODOLOGIA:
A realização deste trabalho contou inicialmente com levantamento dos acervos bibliográficos referentes ao tema abordado, tais como cidades médias, técnica e tecnologia, agroindústria, mão-de-obra e divisão territorial do trabalho. O trabalho de gabinete foi complementado com visitas à cidade de Petrolina, com o intuito de atualizar a base documental anteriormente coletada, e à aquisição de novos materiais dos acervos de instituições lá instalados, como a Companhia de Desenvolvimento Sertão do São Francisco e do Parnaíba, a Associação dos Exportadores do Vale do São Francisco, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Realizou-se uma análise técnica (Vinícola Garziera) e ainda foram obtidas informações junto à Prefeitura Municipal e às Secretarias, dentre outras, Desenvolvimento Rural, Reforma Agrária e Abastecimento e Desenvolvimento Regional das Áreas Irrigadas. Foram coletados também registros iconográficos e consultas populares (questionários semi-estruturados). Buscou-se com tais observações, compreender como se articulam os diferentes agentes econômicos frente ao atual arranjo espacial e sua relevância para a acumulação do capital e exploração da mão-de-obra.

RESULTADOS:
No município de Petrolina, a produção de frutas emprega um trabalho assalariado permanente e/ou temporário, onde o pagamento varia de acordo com as normas da fazenda podendo, assim, ser efetuado mensalmente, quinzenalmente ou diariamente. No entanto, nas médias e pequenas propriedades, as quais correspondem a cerca de 60% das fazendas que produzem uva e vinho do município, as leis trabalhistas são menos aplicadas, evidenciando os contrastes sócio-econômicos que ocorrem na região. A mão-de-obra utilizada no processo de produção de frutas é predominantemente feminina, particularmente na colheita, devido ao maior cuidado na coleta dos frutos e também ao menor valor de seu trabalho, se comparado com a masculina. Já nas atividades mais sofisticadas (irrigação, dragagem, aração, etc.) predomina a força de trabalho masculina. Ou seja, as mulheres deixam de participar de atividades em que o emprego de tecnologias é preponderante para o setor. As inovações presentes no processo de produção do território de Petrolina atraem também uma mão-de-obra pouco qualificada que é explorada pelos empresários, uma vez que estes não estabelecem nenhum vínculo contratual com os trabalhadores e os remuneram com baixos salários.

CONCLUSÕES:
O crescimento da infra-estrutura logística em instrumentos industriais e/ou de tecnologia avançada (como o caso das Packing houses) para a produção de frutas em Petrolina requisita uma mão-de-obra especializada em diversas áreas como: Marketing, consultorias agronômicas e logística. As novas relações no campo, advindas do atual estágio do capitalismo, resultam também numa maior exploração da força trabalho a um custo mínimo, para a obtenção de uma mercadoria competitiva no mercado internacional, que é vendida visando o maior lucro possível, ou seja, a mais-valia. Os empresários se beneficiam, em grande parte, de uma oferta de mão-de-obra de baixa qualificação, determinando as relações de trabalho na produção. Deve-se destacar que essa mão-de-obra está sujeita aos trabalhos temporários, em função da época da colheita. As migrações para Petrolina, tornam-se mais intensas no período da colheita, uma vez que a procura por mão-de-obra é ampliada. Portanto, ao mesmo tempo em que a fruticultura em Petrolina promove o desenvolvimento econômico desta região, traz de volta antigas relações hierárquicas de subordinação no campo.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq



Palavras-chave:  Petrolina, Mão-de-obra, Agroindústria

E-mail para contato: marcosws@hotmail.com