60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 4. Fontes de Dados Demográficos

MORFOLOGIA URBANA E SITUAÇÃO DOS CONDOMÍNIOS E LOTEAMENTOS FECHADOS EM CAMPINAS (SP)

Ana Isabel Pasztor Moretti1
Mayumi Morena Soligo Takemoto1

1. Instituto de Geociências (IG) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)


INTRODUÇÃO:
Campinas teve seu processo de formação territorial iniciado nas rotas de tropeiros com destino às minas do sertão de Goiás. A cidade assistiu, em sua história, à ascensão e ao declínio do café e chegou à atualidade com 1.029.898 habitantes (SEADE, 2007), com característica econômica predominantemente industrial e como sede da Região Metropolitana de Campinas (RMC). A partir deste cenário, foi estudado o histórico de ocupação de Campinas a fim de contribuir para o entendimento da morfologia urbana atual da cidade, com enfoque nos condomínios e loteamento fechados de alto padrão e, consequentemente, nas implicações que este tipo de habitação provoca no espaço. Os condomínios e loteamento fechados, também chamados de enclaves fortificados, enfatizam o valor do que é privado e restrito ao mesmo tempo que desvalorizam o que é público e aberto nas cidades. Este tipo de moradia representa uma nova forma de segregação nas cidades contemporâneas e, portanto, um movimento contrário àquilo que se apresenta como fundamental à gestão das cidades, que é pensar coletivamente e discutir os interesses básicos da comunidade.

METODOLOGIA:
Para a elaboração do trabalho foi realizada uma pesquisa de levantamento bibliográfico nas bibliotecas do IG e do IFCH (UNICAMP) e de levantamento de artigos publicados sobre o tema disponíveis na internet. Foi realizada também uma entrevista com funcionária da Associação Regional da Habitação (Habicamp) a fim de que dados atualizados sobre o número de condomínios e loteamentos fechados de Campinas fossem coletados. Com o objetivo de estabelecer um contato direto com a materialização dos fenômenos e dos processos que fazem parte da dinâmica urbana de Campinas, foi realizado na cidade um trabalho de campo no dia 1º de setembro de 2007. A discussão foi iniciada com a descrição dos pontos visitados no trabalho de campo e, posteriormente, foi realizado um estudo para que pudesse ser melhor compreendida a morfologia urbana de Campinas e a situação dos condomínios e loteamentos fechados existentes na cidade. Sua estrutura é composta por quatro capítulos: 1) Olhares sobre a cidade: relatório do trabalho de campo; 2) A formação territorial de Campinas; 3) Morar e viver na cidade; 4) Condomínios e loteamentos fechados na cidade de Campinas. Após esta discussão, foram apresentados os resultados, discussões e conclusões.

RESULTADOS:
A cidade de Campinas traz heranças do auge da economia cafeeira, de modo que sua morfologia urbana é marcada por materialidades deste momento histórico. A partir da década de 1930, ganhou importância o seu aspecto industrial, por entrar conjuntamente no processo de industrialização maciça designado originalmente para São Paulo. A região de Campinas possui reconhecimento como pólo tecnológico, contando com investimentos de grandes empresas de alta tecnologia e de grandes universidades, tendo como principal representante a UNICAMP. Em uma análise do processo de formação da cidade, que resultou na distribuição sócio-espacial atual, destaca-se a maneira como o espaço foi e está sendo criado e re-criado de acordo com os interesses do capital imobiliário. Verifica-se que mancha urbana cresce horizontalmente em direção ao sul, sudoeste e oeste e que isto resulta, predominantemente, do avanço de assentamentos irregulares e/ou clandestinos das classes populares. Nas porções norte, noroeste e leste também há crescimento da área urbana, porém, por meio da construção de condomínios e loteamentos fechados de alto padrão, ocupados em especial pelas classes média alta e alta, em uma tentativa de auto-segregação, buscando nestes espaços a "volta à natureza", a "convivência entre iguais" e a segurança que se acredita existir nos enclaves fortificados.

CONCLUSÕES:
O modo como Campinas é ocupada demonstra que, embora a cidade apresente indicadores econômicos bastante significativos positivamente, possui uma sociedade ainda muito fragmentada, dotada de cisões entre classes ricas e pobres. Esta fragmentação deveria ser, ao menos, amenizada, a fim de que se constitua um espaço urbano mais democrático, onde sejam possíveis as trocas entre aquilo que é diferente.



Palavras-chave:  Campinas, Mofologia urbana, Condomínios e loteamentos fechados

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