60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE - INCLUSÃO PROFISSIONAL E SOCIAL NO MUNDO DO TRABALHO

Maria Rita Aprile1
Célia Aparecida Paulino2
Antônio Roberto Martins Guzella3

1. Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN - Depto. Pós-Graduação e Pesquisa
2. Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN - Depto. Pós-Graduação e Pesquisa
3. Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN


INTRODUÇÃO:
A atual configuração do mundo do trabalho demanda novas qualificações para a inclusão profissional e social dos trabalhadores em decorrência da utilização de novas tecnologias, de novos métodos e equipamentos e, ainda, do desemprego que exclui parcela significativa da população do mundo produtivo. Para a inclusão dos profissionais da saúde, o novo contexto requer o domínio de uma consistente base teórica e de competências técnico-científicas, além de competências éticas e sociais voltadas a uma prática profissional que não considere apenas a dimensão biológica dos processos de saúde e doença, mas também os fatores e os impactos socioeconômicos e culturais que interferem na saúde individual e coletiva. Em uma perspectiva multidisciplinar, as competências ético-sociais poderão ser tratadas por todas as disciplinas e, de forma específica, pela ética e bioética. Considerando a expansão dos cursos de nível superior da área da saúde, nos últimos anos, é fundamental analisar e repensar as propostas curriculares dessas disciplinas para a formação dos futuros profissionais. Tomando o curso de Enfermagem como “recorte”, este estudo teve o objetivo de avaliar a importância, o significado e as proposições dos conteúdos de ética e bioética para a formação e inclusão profissional.

METODOLOGIA:
O estudo exploratório se insere no rol da pesquisa qualitativa e quantitativa Sua realização envolveu dois momentos: no primeiro, foi feita a análise do discurso oficializado em fontes documentais (programas e propostas curriculares). No segundo, foi realizada uma coleta de dados por meio de um questionário com questões abertas e semi-abertas, respondido por 30 (trinta) profissionais da área de enfermagem do município de São Paulo, escolhidos com base em critérios não probabilísticos. Destes, 15 (quinze) eram professores de cursos de nível superior e/ou de nível técnico, além de também exercerem atividade assistencial. Os demais eram alunos de cursos de graduação em Enfermagem de uma instituição localizada na região da Grande São Paulo. A opção por dois grupos diferentes de sujeitos permitiu comparar as posições assumidas por professores e alunos quanto à importância, significado e proposições dos conteúdos de ética e bioética para a formação e inclusão dos profissionais da Enfermagem. Os sujeitos foram convidados a participar da pesquisa mediante contato verbal direto dos pesquisadores que, de antemão, lhes esclareceram o objetivo da investigação; todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS:
Houve unanimidade (100%) entre os dois grupos de respondentes sobre a importância dos conteúdos de ética e bioética para a construção de uma consciência individual e coletiva dos profissionais sobre questões relativas à saúde; observância do código de ética e desenvolvimento de atitudes profissionais baseadas na em práticas solidárias. Sobre a aquisição de competências ético-sociais, as respostas foram: deveriam ser tratadas em todas as disciplinas (docentes 47%; alunos 31%); adquiridas pela experiência profissional (docentes 21%; alunos 29%); adquiridas no contato com profissionais da área (docentes 20%; alunos 32%) e por meio do código de ética (docentes 12%; alunos 8%). Sobre a adequação dos conteúdos à formação profissional, houve concordância para docentes (40%) e alunos (19%) e discordância de docentes (60%) e alunos (81%). Sobre a articulação entre os conteúdos “teóricos” e as práticas de estágio, concordaram docentes (32%) e alunos (55%) e discordaram docentes (68%) e alunos (45%). As discrepâncias apresentadas em várias das respostas apontam para a necessidade de uma revisão curricular dos conteúdos de ética e bioética; da carga horária destinada; dos conteúdos privilegiados e de sua articulação com as práticas de estágio e com o código de ética profissional.

CONCLUSÕES:
O mundo do trabalho e a sociedade em geral buscam um profissional de enfermagem que além do “saber fazer”, isto é, da execução correta e adequada de procedimentos inerentes à profissão, incorpore e traduza em seu trabalho outras dimensões que envolvam conteúdos éticos e sociais, como é o caso do “saber ser” e do “saber conviver”, que se revelam no trabalho em equipe, no relacionamento com o paciente e na postura ética em relação às questões da saúde. Essas constatações remetem à necessidade de revisão das propostas curriculares destinadas à formação de profissionais para a enfermagem. No caso específico dos conteúdos de ética e bioética, verificou-se a importância de serem trabalhados tanto em sua especificidade, como constam das ementas e programas, quanto por meio de temas que perpassam todas as disciplinas. A revisão das propostas curriculares deveria ser objeto de discussão de comitês multidisciplinares constituídos por representantes do meio acadêmico; representantes do Estado; profissionais da área da saúde; representantes dos alunos e de associações da categoria profissional, compromissados com a formação do profissional de Enfermagem e com sua inserção profissional e social.

Instituição de fomento: Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN



Palavras-chave:  formação profissional, saúde e educação, inclusão social

E-mail para contato: ritaaprile@hotmail.com