60ª Reunião Anual da SBPC




B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil

MODELAGEM HIDROLÓGICA APLICADA À BACIA DO RIO PIABANHA – REGIÃO SERRANA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Kamila Ferrari Leite1
Gisele de Souza1
Dayane de Almeida Conceição1
Rodrigo Costa Gonçalves1
Michely Inêz Prado de Camargo Libos1
Otto Corrêa Rotunno Filho1

1. Universidade Federal do Rio de Janeiro


INTRODUÇÃO:
Os modelos hidrológicos do tipo chuva-vazão possuem simplificações em relação ao meio físico que buscam representar. Apesar disso, tais modelos são muito valiosos na área de recursos hídricos, em especial em áreas com carência de dados fluviométricos ou de difícil previsibilidade. A baixa complexidade estrutural, menor exigência nos dados de entrada e relativa facilidade de calibração são fatores que apontam os modelos concentrados como ferramentas bastante úteis aos hidrólogos no cálculo do balanço hídrico de bacias hidrográficas. O presente trabalho aplica uma metodologia de balanço hídrico com base em dados fluviométricos e pluviométricos, estimando a evapotranspiração potencial ao nível da bacia hidrográfica. Essas séries são empregadas no modelo hidrológico SMAPII, codificado em FORTRAN, aplicado na bacia do rio Piabanha, afluente do rio Paraíba do Sul. Mais especificamente, a região de estudo foi definida pelo posto fluviométrico de Pedro do Rio, situado na região do município de Petrópolis/RJ, abrangendo uma área de drenagem de 400 km2. O período de análise estendeu-se de 1998 a 2007. Os resultados permitem melhor compreender os padrões espaço-temporais de quantidade de água na bacia.

METODOLOGIA:
Inicialmente, foram obtidas as séries de precipitação e vazão para a bacia do rio Piabanha definida em Pedro do Rio. Consolidados os registros hidrológicos, bem como empregado o método de Thiessen para a estimativa da chuva média na bacia, foi aplicado o balanço hídrico sazonal, permitindo a estimativa da evapotranspiração potencial. Nesse procedimento, parâmetros do comportamento hidrológico da bacia puderam ser estimados preliminarmente. Por exemplo, foram definidos os coeficientes de recessão do escoamento superficial e subterrâneo, o tempo de concentração da bacia e as ordenadas do histograma de retardo na bacia. Partiu-se, então, para a realização de algumas simulações e avaliação dos resultados do modelo SMAPII. O modelo SMAP II exige, além das séries de precipitação, vazão e evapotranspiração potencial, a atribuição de valores iniciais para os parâmetros a serem calibrados que sejam condizentes com a realidade da bacia, uma vez que o processo matemático de minimização da função objetivo pode levar a diversos pontos de mínimos locais, tendo em vista que o seu caráter é altamente não linear. O processo de calibração automática é, então, aplicado, de forma a melhor ajustar o hidrograma gerado pelo modelo ao hidrograma observado na seção fluviométrica de estudo.

RESULTADOS:
Registre-se, inicialmente, a importância de obtenção da série de dados de evapotranspiração potencial, raramente mensurada, simplesmente a partir de registros de chuva e vazão . No que concerne ao modelo SMAPII, algumas simulações foram efetuadas, visando compreender o comportamento dos processos físicos do ciclo hidrológico. Utilizou-se, para a calibração, o período de 01/01/1998 a 31/12/2001, mantendo-se o restante da série para a fase de validação. Durante o desenvolvimento do trabalho, no entanto, outros períodos foram simulados para análise do desempenho do modelo em períodos de calibração mais longos ou mais curtos. Constatou-se a importância de se atribuir valores iniciais aos parâmetros compatíveis com a realidade física. Apesar da simulação inicial estar distante do ótimo, pode-se observar uma representação consistente dos padrões hidrológicos da bacia, viabilizando, em uma segunda fase, a introdução de procedimentos de calibração automática.

CONCLUSÕES:
O estudo possibilitou realizar um estudo completo de balanço hídrico para uma bacia hidrográfica a partir somente de dados de chuva e vazão, caso muito freqüente no Brasil. A série de evapotranspiração potencial e uma série de parâmetros foram definidos com base nos processos físicos que ocorrem na bacia estudada. Note-se ainda que a metodologia traçada, que se baseou na determinação das condições iniciais para a calibração do modelo concentrado, enfocando o comportamento hidrológico real da bacia, mostrou-se adequada. O emprego do modelo hidrológico permitiu mostrar a viabilidade e utilidade de tal instrumento de análise no entendimento dos padrões hidrológicos de uma bacia hidrográfica. Adicionalmente, pretende-se incluir em estudos posteriores uma abordagem sobre os padrões de qualidade da água na região, incluindo o uso de sensoriamento remoto para quantificar e qualificar a evolução das mudanças na cobertura e uso do solo.

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial- PET CIVIL UFRJ– DEPEM/SESu/MEC; CNPq; Projeto CAPES/COFECUB No. 516/05

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Balanço hídrico em bacias hidrográficas, Modelagem hidrológica, Calibração e validação de modelos hidrol

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