60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Órgãos e Sistemas

EFEITOS DA METFORMINA SOBRE PARÂMETROS ENZIMÁTICOS E HISTOLÓGICOS EM MUSCULATURA ESTRIADA DE RATOS WISTAR PORTADORES DO CARCINOSSARCOMA DE WALKER-256.

André Gustavo de Oliveira1
Maria Cristina Cintra Gomes Marcondes1, 2

1. Departamento de Fisiologia e Biofísica - UNICAMP
2. Profa. Dra. / Orientadora


INTRODUÇÃO:
O câncer promove o estado de caquexia em função de competição por nutrientes entre os tecidos hospedeiro e tumoral, caracterizando-se por perda involuntária de peso, principalmente gordura e proteína corpórea total. Existem estudos que apontam que o tumor de Walker-256 promove intolerância à glicose periférica, decorrente da menor secreção de insulina. A metformina, por sua vez, é um fármaco de uso oral amplamente utilizado no tratamento de diabetes mellitus devido a sua função anti-hiperglicêmica. Por outro lado, são poucos os trabalhos que associam metformina ao desenvolvimento tumoral, mesmo com alguns resultados interessantes relacionados à diminuição da proliferação de células de carcinoma em hamters. Desta forma, o presente estudo visa avaliar os efeitos da administração de metformina sobre parâmetros enzimáticos e histológicos na musculatura esquelética e cardíaca em animais com tumor de Walker-256, na possibilidade de melhorar o estado caquético dos mesmos e, provavelmente, diminuição da taxa de evolução tumoral.

METODOLOGIA:
Ratos Wistar machos (24 ± 2 dias de idade) foram distribuídos em 4 grupos de acordo com a presença de tumor (W) e tratamento com metformina (M), a saber: controle (C); portador de carcinossarcoma de Walker-256 (W); controle tratado com metformina (CM); portador de carcinossarcoma de Walker-256 tratado com metformina (WM). Os animais dos grupos W e WM receberam, aproximadamente, 1x106 células tumorais, que foram implantadas no tecido subcutâneo do flanco direito. A metformina foi diluída na água do bebedouro na concentração de 100mg/L e administrada ad libitum para os animais dos grupos CM e WM. Os animais permaneceram em gaiolas coletivas, recebendo dieta normoprotéica semipurificada, que continha 18% de proteína, segundo padrão AIN-93M. Ao final do período experimental (15 dias), os animais foram sacrificados por deslocamento cervical, coletando-se amostras do músculo gastrocnêmico e do coração e sangue para as análises bioquímicas e atividade das enzimas catepsina B, catepsina H, calpaina e quimotripsina teciduais e concentração de insulina sérica. Amostras dos músculos e miocárdio foram fixadas durante o sacrifício, utilizando-se solução de paraformoldeído 4% diluído em tampão fosfato de sódio 0,1M em pH 7,4.

RESULTADOS:
Os animais W e WM apresentaram redução do peso da carcaça (cerca de 11 e 10%) e do teor de insulina (20 e 0%) em relação aos respectivos controles. A razão peso do tumor/carcaça foi similar, sendo W= 12% e WM= 11%. No processo de degradação protéica, catepsinas lisossomais são responsáveis por quase 40% da proteólise total muscular; a analise da atividade da catepsina B elevou-se nos grupos W, CM e WM; o grupo W apresentou menor atividade da catepsina H em relação aos outros grupos, sugerindo que o sistema lisossomal não é a principal via catabólica envolvida no processo de caquexia. Análise da calpaína, enzima do sistema proteolítico citosólico dependente de cálcio, mostrou que a atividade dessa enzima foi maior no grupo CM, enquanto que os grupos W e WM apresentaram atividade semelhante ao C. De acordo com nossos dados, a atividade de quimotripsina, que representa cerca de 60% do processo de degradação protéica, foi aumentada no grupo W em relação aos demais grupos. Os dados da análise histológica dos tecidos musculares, tanto cardíaco quanto esquelético, mostraram que houve acentuada diminuição no número de células desses tecidos nos animais portadores de tumor. Foi utilizado software Prism 3.0 e teste de variância ANOVA para comparação dos grupos experimentais.

CONCLUSÕES:
Os dados sugerem que o sistema de degradação protéica lisossomal e citosólico não são os sistemas de catabolismo protéico mais importantes ativados pelo processo de caquexia. Em contrapartida, a atividade de quimotripsina mais aumentada no grupo W que no WM, quando comparados aos respectivos controles, indica que esse é o principal mecanismo de degradação protéica muscular esquelética e cardíaca, provavelmente influenciando na população celular desses tecidos, e conseqüentemente na caquexia, durante a vigência do câncer.

Instituição de fomento: CNPq, FAPESP (07/03229-8)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Câncer, Metformina, Proteína

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