60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 65. Comunicação e Educação

FOTOGRAFIAS JOGAM DADOS: EXPLOSÕES (S)EM SENTIDOS

Elenise Cristina Pires de Andrade1, 2
Susana Oliveira Dias1, 2
Carolina Cantarino1
André Malavazzi1, 2, 3
Fernanda Pestana1, 2, 3
Harley Toniette2, 1, 4

1. Labjor-Unicamp
2. Fe-Unicamp
3. Estágiário projeto Biotecnologias de Rua
4. Bolsista SAE Biotecnologias de Rua


INTRODUÇÃO:
As fotografias e os dados compõem uma proposta de dramaturgia que se insere em um projeto maior – o Biotecnologias de Rua – financiado pelo CNPq e que pretende intervir no debate sobre as biotecnologias, fornecendo informações, provocando reflexões e problematizando com variadas linguagens a temática junto ao público de Campinas por meio de diversos artefatos e ações, entre eles encenações teatrais, como a peça Num dado momento - biotecnologias e culturas em jogo, nossa aposta neste pôster. A peça coloca em cena um cientista-vidente que contracena com um dado-humano em pequenos atos inspirados nas obras literárias de Lewis Carroll (Alice no País da Maravilhas), Luís Fernando Veríssimo (Pedindo uma pizza daqui a 10 anos... em 2015) e Dino Buzzati (A criação) perambulando por um complexo a envolver teatro, música, jogo, literatura e poesia em conexões com os estudos que focalizam imagens, ciências e culturas. Ao final de cada ato, os atores convidam o público a jogar dados gigantes repletos de imagens e palavras. Cada jogada é registrada em um painel compondo um poema – Num dado momento – sobre o futuro dos humanos, apostando no inesperado, na rua, na vida, nas biotecnologias como híbridas das culturas.

METODOLOGIA:
Fotografias de fotografias de fotografias de fotografias... Alunos e alunas assistem e insistem em jogar os dados do futuro. Mas o futuro nos é dado? Dado é jogo? Isso é um dado? Em cada encenação os dados são jogados, fotografados e explodem em outros sentidos na potência da repetição. Deleuze, em Diferença e Repetição (2006), nos provoca e nos apresenta a potência na repetição que nunca é o xérox do mesmo. Diferentemente diferente a cada repetição. A cada fotografia. Instantes produtores de sentidos. A cada explosão. A apresentação da peça ocorreu no Museu da Imagem e do Som (MIS) em Campinas para alunos/as de ensino médio de escolas públicas. Público-autor(a) em jogadas, risadas, falas, escutas, grafias da luz. Alik Wunder é a fotógrafa que desliza por entre os jogos, a encenação, os momentos. Antes que é depois, que é entre, que é momento. Alik nos instiga a criar instantes e realidades outras, repetidas em suas singularidades em cada fotografia. A cada disparo, a fotógrafa se esvai em disparada, nos convidando em sua invasão a fazer o mesmo.

RESULTADOS:
Dá-se na fotografia outros momentos, Num dado momento, numa dada fotografia. Jogos que não são de palavras, mas de (sem)sentidos, de experiências, de luminosidades. Lances em que fotografias e palavras pescam pelas superfícies luminosas não-palavras. Não é nosso foco, enfoque, nem preocupação questionar a relação de realidade, verdade, comprometimento com um suposto modelo que as fotografias possam proporcionar, mas intensificar na potência do jogo sem regras, que acontece ao jogar, que explode (s)em sentidos e possibilidades no instante do jogo. Dados soltos. A fotografia solta, lança, joga dados. A cada soltura, lance, jogo a escrita que quer jogar-se e permitir-se ao vôo cego. Um mergulho que expõe a impossibilidade do ser da educação, dado através da comunicação-recognição das ciências. Abertura para um jogo caótico e infinito de combinações e recombinações a cada dado. Criança. Jogo. Palavras. Pesquisadores. Flash. Vôo. Pescaria. Biotecnologias? Nunca ouvi falar ... (fala de alunos antes da peça). Flash. Flash. Flash. Não há o que perder, nem o que ganhar, mas a vida que acontece.

CONCLUSÕES:
Lance 1 - Não basta opor um jogo “maior” ao jogo menor do homem, nem um jogo divino a um jogo humano: é preciso imaginar outros princípios, aparentemente inaplicáveis, mas graças aos quais o jogo se torna puro (Deleuze, 2003, p.62). Lance 2 – Desconseguir, de Mia Couto (2005), atribuir o instante fotográfico ao é do passado vivido, jogado. Trair, de Gilles Deleuze, para jogar com a criação e perder a identidade, tornar(-se) desconhecido. Preterir o reconhecimento, escolher o encontro. Política da pesquisa que aposta em jogar os dados com a vida e o devir. Jogos. Intervenções e rupturas na linearidade real e o que se vê, o que se imagina real e o que se pensa ver. Lance 3: Afirmar o acaso no soltar dados-fotos-escritas, desmoronando as possibilidades de remetê-las à mutilação da associação com conjuntos de prováveis.

Instituição de fomento: CNPq proc. no. 553572/2006-7, edital MCT/CNPq n. 12/2006 – Difusão e Popularização da C&T. Coord. Prof. Dr. Carlos Alberto Vogt.



Palavras-chave:  fotografia, pós-modernidade, comunicação

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