60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica

ANÁLISE MOLECULAR DE POLIMORFISMOS EXÔNICOS NO GENE DO RECEPTOR DE ANDRÓGENOS EM PACIENTES COM AMBIGUIDADE GENITAL E CARIÓTIPO 46, XY.

Reginaldo José Petroli1, 2
Flávia Leme de Calais1, 2
Andréa Trevas Maciel Guerra1, 3
Gil Guerra Junior1, 3
Maricilda Palandi de Mello1, 2

1. Universidade Estadual de Campinas
2. Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética, CBMEG-UNICAMP
3. Depto. de Genética Médica, FCM-UNICAMP


INTRODUÇÃO:
O pseudo-hermafroditismo masculino (PHM) é caracterizado pela deficiência, ou ausência de virilização em indivíduos do sexo masculino (46,XY) que apresentam testículos. A insensibilidade androgênica é a causa mais freqüente do PHM, trata-se de uma anomalia recessiva ligada ao cromossomo X, que pode ser branda, parcial ou completa, com amplo espectro de variação fenotípica. O gene do RA está localizado no cromossomo X, na região Xq11-12, sendo organizado em 8 exons, sua região codificante apresenta aproximadamente 2.757 pares de bases, que codificam uma proteína de 919 aminoácidos cujo peso molecular é de aproximadamente 110 kDa. O diagnóstico das insensibilidades androgênicas em casos de pacientes pré-púberes, com ambigüidade genital (AG), produção normal de testosterona e cariótipo 46,XY pode ser mais facilmente confirmado com a identificação da alteração molecular no gene RA. O presente estudo teve como objetivo a caracterização de alterações moleculares do gene do receptor de andrógeno em 10 pacientes com cariótipo 46,XY e com produção normal de testosterona, com quadro clínico sugestivo de insensibilidade completa ou insensibilidade parcial aos andrógenos. Os pacientes foram previamente avaliados quando aos aspectos clínicos, citogenéticos, hormonais e por imagem no Ambulatório do Grupo Interdisciplinar de Estudos da Determinação e Diferenciação do Sexo (GIEDDS) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e encaminhados para o Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) para análise do gene RA.

METODOLOGIA:
As amostras de DNA genômico foram obtidas a partir de sangue total periférico. A metodologia de extração de DNA utilizada foi a de lise com Proteinase K. A caracterização das alterações moleculares do gene RA foi realizada através de análise molecular dos exons deste gene por reação em cadeia de polimerase (PCR) seguida de sequenciamento dos fragmentos amplificados utilizando Big Dye TM Terminator Cycle Sequencing Kit V3.1 Ready Reaction (ABI PRISM/PE Biosystems). As seqüências obtidas foram analisadas e comparadas com a seqüência normal do gene com o auxílio dos programas Chromas (software livre) e GeneRunner v.3.05.

RESULTADOS:
Dos 10 pacientes estudados, 8 apresentaram polimorfismos nos exons 2, 4 e 7 do gene RA conforme acesso OTTHUMG00000021740 (www.ensembl.org). Paciente 1: apresentou no exon 7 os polimorfismos: rs6153 (C>T), rs9332969 (G>A), rs9332970 (T>C) e rs5031002 (G>A). Paciente 2: Não apresentou alterações polimórficas no seqüenciamento do gene. Pacientes 3, 4 , 5 e 6: apresentaram um polimorfismo no exon 2 - rs6154 (G>A). Paciente 7: Foi detectado um polimorfismo no exon 2 - rs6154 (G>A) e no exon 4 - rs1800053 (C>A) e rs-9332968 (T>C). Paciente 8: (RN com sexo indeterminado) Foram detectado os seguintes polimorfismos no exon 7: rs-9332971 (G>A) e rs 5031002 (G>A). Paciente 9: (RN com sexo indefinido): Não apresentou alterações moleculares nos exons 2 a 8. Paciente 10: (RN com sexo indefinido): Foi detectado polimorfismo no exon 2 - rs6154 (G>A) e no exon 7 - rs6153 (C>T), rs9332969 (G>A), rs9332970 (T>C), rs 9332972 (C>A). Essas variações quando encontradas em conjunto nos exons que compõem o gene AR ou associadas a mutações, podem acarretar em alterações fenotípicas que caracterizam a insensibilidade androgênica.

CONCLUSÕES:
Os resultados obtidos demonstraram que as variações polimórficas são encontradas com mais freqüência no exon 2 na casuística analisada. O diagnóstico das insensibilidades androgênicas em casos de recém-nascidos com AG pode ser mais rapidamente confirmado com a identificação da alteração molecular no gene do receptor androgênico. Dada a urgência em se definir o sexo para fins de registro e de criação nestes casos, o objetivo deste estudo foi verificar as alterações polimórficas no gene AR, para definição de haplótipos e assim, auxiliar na decisão mais adequada nos casos de AG, em pacientes com cariótipo 46, XY que produzem testosterona em níveis normais.

Instituição de fomento: CNPq



Palavras-chave:  pseudo-hermafroditismo masculino (PHM), gene AR, insensibilidade androgênica

E-mail para contato: rpetroli@unicamp.br