60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais

ANÁLISE DE CUSTOS DE UMA HORTA DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

Diego de Sousa Lago Bartolo1
Danilo Paschoal Ferrarezi1
Ana Claudia Giannini Borges1
Ana Paula Leivar Brancaleoni1

1. FCAV/UNESP Campus Jaboticabal


INTRODUÇÃO:
Os preceitos neoliberais adotados, na década de 90, no Brasil, contribuíram para o afastamento do Estado do trato das questões sociais. Essa política reduz as principais funções do Estado, no que se refere ao atendimento das questões sociais e regulação das relações capital/trabalho, descumprindo os direitos legitimados pela Constituição de 1988. Assim, surgem hiatos entre as demandas sociais e a atuação do Estado, o que favorece o crescimento das organizações da sociedade civil, com o intuito de proporcionar um bem estar social e/ou cobrar políticas públicas. Partes dessas organizações sociais apresentam dificuldades na gestão, no planejamento e na execução de suas atividades, sejam elas ligadas à produção ou à administração. Diante do apresentado, esta pesquisa tem por objetivo analisar os custos da produção de hortaliças de uma organização da sociedade civil, do município de Jaboticabal-SP. Com os resultados desta pesquisa, espera-se auxiliar os associados na apropriação desta ferramenta administrativa, contribuindo para sua autogestão.

METODOLOGIA:
Utilizou-se para o cálculo e alocação dos custos de produção o método de rateio de custos, Custeio por Absorção, em que se considera a apropriação de todos os gastos (custos e despesas) aos bens elaborados. Os custos são valores relacionados à atividade produtiva e se dividem em: diretos que são diretamente alocados aos produtos; indiretos, a alocação se dá de forma arbitrária devido à inexistência de uma condição de medida de consumo; fixos, não variam com a quantidade produzida, no curto prazo; e variáveis, o valor é alterado pela variação da quantidade produzida. As despesas são todos os gastos envolvidos para a obtenção da receita e que não necessariamente possuem vínculo com a produção. O custo será realizado para quatorze produtos: alface, cenoura, abóbora, beterraba, coentro, rúcula, berinjela, cebolinha, brócolis, salsa, almeirão, couve, cheiro-verde, espinafre; em duas formas de plantio distintas: a partir de sementes e de mudas. Os seus custos foram definidos com base no preço médio de mercado da bandeja, com 200 sementes ou mudas, somando-se os insumos utilizados (adubo de plantio, adubo de cobertura, uréia e substrato). O cálculo do custo da produção não considerou o valor do trabalho necessário para tal, devido à subjetividade da valoração do próprio.

RESULTADOS:
Para calcular o custo de cada bandeja de hortaliças, parâmetro para definir posteriormente o preço unitário de venda, considerou-se que a área ocupada pelas 200 mudas e/ou sementes nos canteiros da horta, respeitando o espaço de 15cm de raio periférico entre cada uma, é de 7,65 m2. Para este espaço e quantidade de hortaliças, estimou-se quanto de insumos - adubo de plantio (100g/ m²), adubo de cobertura (100g/ m²) e uréia (50g/m²) - seriam necessários e o seu custo. Somado a isso, o preço unitário da bandeja, no caso das sementes (R$ 2,30) e no das mudas (R$ 7,00), salvo o espinafre (R$ 9,00), e o custo referente à margem percentual dos sinistros, aproximadamente de 10% de perdas por bandeja. O custo da bandeja das sementes apresenta um adicional, o substrato (R$ 0,85/bandeja) utilizado para germinação. Especificamente, a Salsa, a Rúcula e o Almeirão são comprados, sendo as outras sementes doadas por terceiros, assim isentas deste custo. Ressalta-se a não contabilização de custos fixos como energia, água, aluguel do imóvel que são custeados pela Prefeitura Municipal e de despesas como transporte.

CONCLUSÕES:
Apesar do custo de produção das sementes ser mais reduzido que o das mudas, elas estão mais propícias as influências externas negativas, clima e pragas, devido ao maior tempo de germinação, sofrendo mais sinistros que as mudas. Portanto, com as observações da produção e da distribuição local, pode-se inferir que se a demanda estiver aquecida e em épocas de maiores influências externas negativas, as mudas tornam-se a opção mais segura, visto que o período até a colheita é menor, aumentando o giro da produção e encurtando o tempo do plantio (investimento) até as vendas, ampliando suas disponibilidades financeiras. Caso a demanda esteja desaquecida e as influências externas negativas forem menores, o plantio de sementes pode ser a opção mais vantajosa, aproveitando o menor custo da matéria-prima. Por outro lado, quando a demanda está aquecida e há poucas influências externas negativas ou, ainda, quando a demanda está desaquecida e com muitas influências é mais difícil determinar qual é a forma mais vantajosa de produção, devido à dificuldade de planejamento e gestão.



Palavras-chave:  horta, custos, organizações da sociedade civil

E-mail para contato: diego.lago@hotmail.com