60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre

PADRÕES DE CONVERGÊNCIA DE ATRIBUTOS EM FLORESTA OMBRÓFILA DENSA DE TERRAS BAIXAS E FLORESTA DE RESTINGA DO NÚCLEO PICINGUABA DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO MAR (UBATUBA / SP)

Enio Egon SOSINSKI Jr1, 4
Eduardo Arcoverde de MATTOS2
Bruno ROSADO1
Pedro CAVALIN1
Sabrina Ribeiro LATANSIO-AIDAR1, 3
Viviane Camila de OLIVEIRA1

1. Depto. Botânica , IB/UNICAMP, CP 6109, 13083-970 – Campinas/SP
2. Depto. Ecologia, IB/CCS, Universidade Federal do Rio de Janeiro
3. Instituto de Botânica/SMA
4. Bolsista Pos-Doc FAPESP (Processo 05/59168-1)


INTRODUÇÃO:
Muita informação vem sendo acumulada sobre a composição florística e a estrutura do estrato arbóreo dos remanescentes florestais do Estado de São Paulo. Tais informações refletem não só fatores evolutivos e biogeográficos, como também o histórico de perturbação, natural ou antrópica. Por exemplo, a definição de unidades fitogeográficas, com diferentes padrões de riqueza de espécies, aponta para uma diferenciação no sentido leste/oeste. No entanto, a validade das conclusões é restrita a limites biogeográficos, pois o conjunto potencial de taxa não é o mesmo. Além disso, a variabilidade intra-específica é ignorada porque as descrições têm espécies como unidades básicas. As condições climáticas e os regimes de distúrbio podem ser considerados, juntamente com as interações bióticas, como um conjunto hierárquico de restrições que tendem a limitar a ocorrência de espécies nas comunidades em escalas espaciais decrescentes. Tais restrições são como filtros ambientais que se expressam na seleção de atributos mais semelhantes (convergentes) nas comunidades. Nesta contribuição avaliamos a relação entre padrões de convergência de atributos na organização de comunidades (TCAP) e a riqueza de espécies em Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (FTB) e de Restinga (FR).

METODOLOGIA:
O método utilizado para identificar TCAP e avaliar a correlação entre comunidades descritas por atributos e um gradiente ambiental requer 3 matrizes. Para compor as matrizes de espécies descritas por atributos (B) e performance (área basal) por indivíduo nas parcelas (W), foram escolhidos 17 atributos morfo-fisiológicos avaliados em 214 indivíduos (59 espécies) em 8 parcelas (4 em FTB, 4 FR). A riqueza de espécies na parcela definiu a terceira matriz (E). Multiplicando-se as matrizes de atributos (B) e performance (W), define-se a matriz T (T= B’W), composta pelas quantidades médias dos atributos nas parcelas. Dissimilaridades entre as parcelas foram calculadas a partir de T (matriz DT) e de E (matriz DE). A correlação matricial ρ(TE) entre DT e DE mede a associação entre a variação de atributos no nível das parcelas e a riqueza de espécies. Utilizando um procedimento recursivo, a cada iteração um novo subconjunto de atributos é selecionado na matriz B, obtendo-se por sua vez novas matrizes T e correlações ρ(TE), permitindo identificar ao final do procedimento qual subconjunto de atributos maximiza ρ(TE) para convergência (TCAP).

RESULTADOS:
Os resultados das análises para TCAP com maior associação com os índices de riqueza de espécie revelaram, com um alto nível de correlação (ρ(TE) = 0,72), o seguinte conjunto de atributos: Isótopo de Carbono (C13), Espessura (Es) e Suculência (Su) da lâmina foliar. Para simplificar a apresentação dos resultados, as espécies foram agrupadas em 3 GFs por análise de cluster (método de Ward), aplicadas em matriz de semelhança destas espécies, calculadas a partir da matriz da média por espécie dos 3 atributos ótimos. A análise de significância destes grupos foi testada para nitidez de grupos (bootstrap; P > 0,05). Análise exploratória multivariada foi utilizada para identificar as principais tendências de variação da composição dos 3 GFs definidos pela análise de cluster. Para isso, matrizes de espécies agrupadas pela performance média dos atributos ótimos, foram comparadas pela composição de espécies (medida de dissimilaridade de corda) e foram submetidas à ordenação pelo método de análise de coordenadas principais (PCoA). Foram utilizados os aplicativos SYNCSA, para análise de TCAP, e MULTIV, para as demais análises.

CONCLUSÕES:
Pudemos verificar que plantas com maior Es e Su (GF3) ocorrem quase exclusivamente em comunidades do tipo FR, enquanto plantas com menor valores de Es e Su (GF2) ocorrem tanto em FR como FTB. No entanto, plantas que apresentam valores mais baixos para Es e Su ocorrem principalmente em FTB. Plantas com valores maiores para 13 (GF1 e GF3) também os tiveram para atributos não ótimos altura total (HT) e taxa de transferência de elétrons (ET). Isto sugere que plantas destes dois GFs são maiores e com maior capacidade fotossintética, do que plantas do GF2. Para GF3, menos N evidência uma maior restrição estomática, justificando a presença dele quase exclusivamente na FR, onde disponibilidade hídrica deve ser menor, ou ocorra em pulsos. Corroboram com esta suposição maiores valores dos atributos massa específica foliar (LM) e relação C/N (CN), os quais sugere uma maior proporção de tecidos estruturais. No entanto, temos o oposto para plantas do GF1, pois a associação de mais N com maiores valores dos outros atributos (ET, 13) indica uma maior capacidade fotossintética com menor restrição estomática, o que se esperaria de plantas ocorrendo na FTB. O método utilizado mostra-se útil para revelar TCAP mais funcionais quanto às suas relações com a riqueza de espécies.

Instituição de fomento: Financiada pelo Programa BIOTA/FAPESP, Projeto Temático Gradiente Funcional (03/12595-7). Autorização COTEC/IF 41.065/2005 e IBAMA/CGEN 093/2005.



Palavras-chave:  Floresta Ombrófila Densa, grupo funcional, convergência funcional

E-mail para contato: esosinski@gmail.com