60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO GENE FMR1 PELA TÉCNICA DE SOUTHERN BLOTTING EM CASOS DE DEFICIÊNCIA MENTAL: QUATRO ANOS APÓS SUA IMPLANTAÇÃO NO SERVIÇO DE GENÉTICA MÉDICA DA UNICAMP

Fernanda Borchers Coeli1
Carolina Rodrigues Lincoln-de-Carvalho2
Maricilda Palandi de Mello1
Carlos Eduardo Steiner2
Antonia Paula Marques-de-Faria2

1. 1-Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), Unicamp.
2. 2-Departamento de Genética Médica, Faculdade de Ciências Médicas, Unicamp.


INTRODUÇÃO:
A deficiência mental (DM) acomete cerca de 1 a 3% da população de países industrializados e uma porcentagem significativa de casos (40% a 50%) não tem etiologia esclarecida. O diagnóstico DM afeta de forma definitiva a vida do indivíduo, assim como a de sua família, que passa a enfrentar questões relacionadas à causa, ao prognóstico e ao tratamento, muitas vezes acompanhadas por sentimentos como culpa, incerteza e desesperança. Por sua prevalência e impacto em diferentes áreas como na demanda por serviços médicos e educacionais especializados, sendo um fator fundamental na avaliação da qualidade de vida, a DM deveria merecer atenção especial no âmbito da saúde pública e da sociedade em geral. A busca de um diagnóstico específico é um desafio na maioria dos casos, e deve ser enfrentado pela perspectiva de que o mesmo se traduza em informações clínicas úteis para a família, incluindo orientação sobre prognóstico, risco de recorrência, estratégias terapêuticas e de prevenção. A Síndrome do X-frágil (SXF) é uma doença considerada a causa hereditária principal e a segunda fonte genética DM. Devido a sua alta freqüência, torna-se importante a inclusão de exames diagnósticos em protocolos atuais de investigação. O objetivo desse estudo foi analisar os resultados moleculares para a SFX em 179 indivíduos, investigados no período correspondente aos quatro primeiros anos desde a implantação do exame no Laboratório de Genética Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), vinculado ao Serviço de Genética Médica-UNICAMP.

METODOLOGIA:
As amostras de DNA genômico foram obtidas a partir de sangue total periférico. A metodologia de extração de DNA utilizada foi a de lise com Proteinase K. Os 179 indivíduos participantes desse estudo foram selecionados devido a DM idiopática, recorrência mental sugerindo herança ligada ao X, e/ou quadro clínico sugestivo de SXF, ou mesmo por pertencerem a família de pacientes com diagnóstico confirmado. Todos foram submetidos à análise de DNA do gene FMR1 pela técnica de Southern Blotting, com digestão pelas enzimas Eco RI/Eag I seguida de hibridização com sonda específica (StB 12,3) marcada radiotivamente com 32P-dCTP. Foram consideradas mutações completas, padrões com números de repetições CGG produzindo fragmentos de restrição maiores que 5,2 kb indicando gene inativo. A pré-mutação foi considerada pelos fragmentos de tamanhos entre 2,8 e 3,2 kb.

RESULTADOS:
Entre os 178 indivíduos estudados, 38 apresentaram mutação completa (21,34%); 20 tinham a pré-mutação (11,23%); 1 mostrou mosaicismo (0,56%) e 119 não apresentaram alterações (66,85%). Considerando a indicação do exame,138 foram estudados por DM com hipótese de SFX, sendo 117 homens e 21 mulheres, dos quais 28 e 6 apresentavam alterações, respectivamente. Outros 40 indivíduos (15 do sexo masculino e 25 do feminino) são oriundos de famílias com pelo menos um caso confirmado de SFX, sendo identificados 11 homens (todos com DM) e 14 mulheres com mutação, além de um feto masculino apresentando mosaicismo.

CONCLUSÕES:
Assim, pode-se concluir que a pesquisa de mutações por expansão de trinucleotídeos do gene FMR1 é uma ferramenta importante na investigação etiológica da DM e sua disponibilidade em Serviços de Genética Médica, como o presente na Unicamp, oferece não somente a confirmação diagnóstica, bem como a possibilidade de identificação de familiares sob risco, aprimorando o aconselhamento genético dessas famílias.

Instituição de fomento: CNPq



Palavras-chave:  FMR1, Síndrome do X Frágil

E-mail para contato: fbcoeli@unicamp.br