60ª Reunião Anual da SBPC




D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL EM ESCOLARES: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS DA PRIMEIRA E SEGUNDA AFERIÇÃO

Johnnatas Mikael Lopes1
Fernanda Lícia Gurgel Fernandes1
Cássio José Nascimento Pereira1
Lívia Cristina Rodrigues Ferreira Lins1
Natane Daiana Silva Sousa1
Adrina Azevedo Paiva1

1. UEPB


INTRODUÇÃO:
A partir de um ano de idade, a pressão arterial (PA) sistólica se eleva progressivamente até a adolescência. Já a PA diastólica se eleva após os 5-6 anos de idade, proporcionalmente a sistólica. Por isso, o segundo relatório da Força-Tarefa Americana (1987), recomenda que toda criança acima de três anos de idade deve ter sua PA medida durante o acompanhamento pediátrico ambulatorial. Há ainda a recomendação da IV Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial para a realização rotineira da medida da PA em ambiente escolar. A incorporação da medida da pressão arterial em crianças tem permitido o diagnóstico mais precoce de hipertensão arterial (HA) secundária e da HA primária, chamando a atenção para o fato de que essa última forma, preponderante em adultos, inicia-se na infância. Nesta faixa etária, uma medida isolada da PA reflete a influência de diversos fatores, e este valor tende a cair após medidas repetidas. Esta situação ocorre devido ao fenômeno da regressão à média e pelo controle do estresse, colocando em dúvida a veracidade da primeira aferição e a quantidade necessária de aferições que podem ser realizadas. O objetivo deste estudo é avaliar as diferenças nas prevalências de PA sistólica e diastólica, realizadas na primeira e segunda avaliação em dias distintos.

METODOLOGIA:
Estudo transversal envolvendo 71 escolares de sete a dez anos de idade, matriculadas em escolas públicas de Campina Grande-PB. O critério de exclusão foi a presença de patologias que poderiam alterar a PA. As medidas da PA foram efetuadas em duplicata, com intervalo mínimo de três minutos, por um único examinador, estando as crianças em ambiente calmo, sentada, após 3 a 5 minutos de repouso e com o braço direito apoiado ao nível do precórdio. Foram realizadas duas aferições em dias diferentes. Os instrumentos utilizados foram estetoscópio e esfigmomanômetro pediátricos da marca BDÒ. O manguito, com tamanho adequado para a faixa etária estudada, posicionou-se acima da fossa antecubital e a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A PA sistólica foi detectada na fase I de Korotkoff e a PA diastólica na fase V, sendo esta última fase adota para a PA diastólica em crianças que apresentaram ruídos até 0 mmHg. Para a avaliação dos valores de PA foram consideradas as médias aritméticas das medidas em duplicata. O diagnóstico e os métodos utilizados para medir a PA foram realizados com base nos critérios da “Task Force on Blood Presure Control in Children” (1996). Os dados foram analisados no software EpiInfo v.6.04, considerando-se o nível de significância de 5% para as análises.

RESULTADOS:
Entre os escolares estudados, 50,7% eram do sexo masculino. A média (DP) de idade observada foi de 8,9 anos (1,1 ano), sem diferença estatisticamente significativa entre os sexos (p = 0,957). As médias (DP) de PA sistólica obtidas na primeira e segunda avaliação foram, respectivamente, de 112,3 mmHg (1,7 mmHg) e 106,8 mmHg (1,3 mmHg), com diferença estatisticamente significativa (p < 0,001). Em relação à PA diastólica, também houve diferença entre os valores observados nas duas avaliações (p = 0,008), com médias (DP) de 66,7 mmHg (9,9 mm Hg) na primeira e 63,5 mmHg (1,0 mmHg) na segunda medida. A prevalência de PA elevada caiu de 32,4%, na primeira avaliação, para 11,3% na segunda, correspondendo a uma superestimação de 21,1% na prevalência de PA elevada quando considerados apenas os valores observados na primeira medida (p < 0,05). Houve ainda superestimação da PA limítrofe em 11,3%, sendo que a prevalência caiu de 14,1% para 2,8% entre as duas avaliações (p < 0,05).

CONCLUSÕES:
A análise dos dados da presente pesquisa demonstrou níveis mais elevados da PA na primeira avaliação em comparação com a segunda, indicando a necessidade de realizar mais de uma medida no diagnóstico da HAS em crianças. A prevalência de HA na infância não é tão expressiva quando comparada a da população adulta, o que tem contribuído para a não incorporação da medida da PA no atendimento pediátrico ambulatorial e escolar. Porém, nas últimas décadas diversos estudos têm revelado fortes indícios de que HA do adulto é uma doença que se inicia na infância, o que vem contribuindo para o aumento da preocupação com avaliação da PA em crianças. Além disso, em virtude da ampla variação da prevalência encontrada na faixa pediátrica, é importante que a medida da pressão envolva a escolha de equipamentos adequados e de referências validadas. Logo, a introdução dessa prática no exame físico da criança, bem como a publicação de normas para sua avaliação, vem ajudando a detectar não somente a hipertensão arterial secundária assintomática previamente não detectada, mas também as elevações discretas da pressão arterial.

Instituição de fomento: Universidade Estadual da Paraíba - UEPB (PIBIC-CNPQ)

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Escolares, Pressão Arterial, Regressão à Média

E-mail para contato: johnnatasmikael@hotmail.com