60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

A REATIVAÇÃO DA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA USINA DO CORUMBATAÍ E SUA RELEVÂNCIA À EDUCAÇÃO PARA O ENTENDIMENTO CONCEITUAL DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ENQUANTO GERADORA ALTERNATIVA DE ENERGIA ELETRICA

Donizetti Aparecido Pinto1

1. UNESP-Rio Claro


INTRODUÇÃO:
A PCH do Corumbataí, localizada em Rio Claro-SP propriedade da Fundação Energia e Saneamento passa por recuperação para voltar a gerar energia elétrica. Fundada em 1895 é a 3ª do Estado, gerou energia até 1970 quando foi desativada pela CESP após ter sua barragem principal e equipamentos danificados por uma enchente. Em 1982 foi tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado). Em 1999 foi doada à Fundação pela AES Tiete, empresa cindida da CESP. Transformando o patrimônio que custodia em equipamento social do presente, a FES preserva e utiliza a usina transformando-a em usina-parque-museu, através da restauração dos imóveis e revitalização da área. Em termos práticos isso significa retomar as atividades originais. Mas por que retomar a geração de energia elétrica nessa pequena usina do final do século XIX em uma época que o abastecimento de eletricidade é basicamente todo proveniente das grandes hidrelétricas surgidas após os anos 60 do séc. XX? Por que reativar uma usina em um momento que a sociedade repele empreendimentos impactantes e prejudiciais ao meio ambiente? Como conciliar a vocação educativa da usina adquirida ao longo dos seus 112 anos com a sua vocação empresarial primaria, é possível essa interação?

METODOLOGIA:
Para responder as questões serviu de base teórica e metodológica a publicação do livro-Pequenas Centrais no Estado de São Paulo 2ª edição de 2004, pela Comissão de Serviços Públicos de Energia. Nomes como Ricardo Maranhão, Edson da Costa Bortoni e Luiz Alberto Rodrigues Landini escrevem sobre determinados aspectos de PCHs: o histórico, componentes hidromecânicos, eletromecânicos e a legislação básica; úteis para elaborar a caracterização das PCHs. Pesquisaram-se 110 PCHs contemplando uma analise dos impactos provocados por essas usinas, seus potenciais nominais que variam de 40 kW a 30 MW, reservatórios com no máximo 30 km, sendo que 90% delas entraram em operação até meados do séc. XX quando começaram a ser implantadas as grandes geradoras, reduzindo as PCHs a um papel secundário. Grandes obras para otimizar os recursos hídricos ampliando o potencial de geração visava suprir uma demanda crescente sem levar em conta os impactos ambientais, na época uma questão menor. A Aneel através da Resolução 652 de 9 de dezembro de 2003 limita a potência e a modalidade do bom emprego hidrelétrico. A redução das tarifas que incide na produção das PCHs é um dos aspectos motivadores para a reativação das usinas, sendo a questão ambiental um dos motivos, senão o maior, para essas ações incentivadoras.

RESULTADOS:
Os potenciais de geração das 110 usinas pesquisadas correspondem a 390 MW instalados. A energia elétrica é imprescindível à economia de qualquer país e sua geração sempre provocará agressões ao meio. As geradoras atuais já estão próximas da saturação. Logo o consumo será maior do que a capacidade de atendimento dessas usinas. A seu tempo, é cada vez menos justificável à sociedade a construção de novas usinas de grande porte, o que demandaria desapropriações e alagamento de grandes áreas, eliminando solos produtivos, submersão de florestas, perda de biodiversidade, prejudicando principalmente o potencial genético ainda em estudo, sem mencionar as questões socioculturais. A geração nessas PCHs poderá auxiliar à satisfação a demanda nas regiões circunvizinhas, minimizando a necessidade dessas medidas de grande impacto. As PCHs tornam-se então, uma opção ecológica e uma alternativa para suprir parte dessa demanda. A usina do Corumbataí, inserida nesse contexto, voltando a gerar eletricidade reassume a sua vocação empresarial, sem perder, porém seu caráter de equipamento cultural e educativo legitimado ao longo dos seus 112 anos de história. Nesse sentido a usina torna-se instrumento para educadores desenvolverem atividades de Educação Ambiental e é também um exemplo de sustentabilidade.

CONCLUSÕES:
O desenvolvimento ecologicamente sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, e que tem, entre seus objetivos um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica de desenvolvimento. As instalações da Usina do Corumbataí, como a barragem, a casa de máquinas e o reservatório, estão prontos desde 1895. A tecnologia da época, voltada à construção de pequenas hidrelétricas, causava impacto menor ao meio ambiente. Por isso, a área da usina de 44 hectares já esta recuperada, apresentando à sociedade uma saída para o desenvolvimento industrial que a energia elétrica proporciona sem prejuízo ambiental. É nesse contexto que a Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Saneamento (FPHES), proprietária da usina, pretende gerar energia elétrica, isto é, atuar com clara função social na preservação, divulgação e pesquisa do patrimônio histórico do setor energético e das regiões em que atua para ampliar as oportunidades de acesso cultural e educativo para as atuais e futuras gerações.



Palavras-chave:  Energia, Educação, Desenvolvimento

E-mail para contato: corumbatai@fphesp.org.br