60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 2. Arqueologia - 4. Arqueologia

ARQUEOLOGIA PÚBLICA

Pedro Paulo Abreu Funari1, 2
Aline Vieira de Carvalho3, 2
Gabriella Barbosa Rodrigues4, 2
Bruno Sanches Ranzani da Silva2

1. Prof. Dr. - Departamento de História - IFCH/UNICAMP
2. Núcleo de Estudos Estratégicos - IFCH - UNICAMP
3. Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais - UNICAMP
4. Departamento de HIstória - IFCH/UNICAMP


INTRODUÇÃO:
O Objetivo deste trabalho é a divulgação das atividades do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp (NEE/UNICAMP) referentes à Arqueologia Pública. Essa área é uma perspectiva recente da disciplina arqueológica que julga como fundamental a maior interação entre a Academia e o Público, direcionando a arqueologia à atenção social, o desenvolvimento conjunto com a comunidade e o impacto da ação intelectual nas práticas e discursos. A defesa do público, adotada por algumas correntes da Arqueologia, não é uma posição acadêmica isolada, faz parte de um movimento nas ciências sociais iniciado após a Segunda Guerra Mundial. Os debates sobre as relações entre a Arqueologia e seu público começaram a se consolidar na década de 1980. Nas palavras dos arqueólogos Pedro Paulo Funari e Erika Robrahn-González, as ciências não deixaram de ser afetadas. A neutralidade da ciência foi questionada, assim como a objetividade, herdada do positivismo, da pesquisa científica. Os modelos normativos de interpretação da sociedade foram postos em cheque e a distância entre a ciência e a sociedade foi criticada. O propósito da parceria NEE/Documento Antropologia e Arqueologia Ltda (formando o NEE-Arqueologia Pública), é o desenvolver no Brasil uma arqueologia mais democrática e atenta às necessidades sociais.

METODOLOGIA:
A divulgação através de painel constituirá na discussão sobre as possibilidades e as conseqüências duma Arqueologia Pública. Para estimular os debates, apresentaremos um resumo baseado nos artigos da publicação do NEE-Arqueologia Pública (Revista Arqueologia Pública, anual, n°1/2, 2006/2007) e outros textos nacionais sobre o assunto (Arqueologia e Patrimônio, Funari; Patrimônio Histórico e Cultural, Funari e Pelegrini; O patrimônio no discurso e na lei, Pelegrini; Palmares ontem e hoje, Funari e Carvalho). O primeiro número da Revista Arqueologia Pública foi lançado internacionalmente em Lisboa e o segundo marca a consolidação da arqueologia pública na Unicamp, comentário dos editores Funari e González. O Primeiro volume apresenta artigos sobre trabalhos arqueológicos realizados no Brasil, já o segundo expande a abordagem para outros países da América Latina, em especial, Argentina e Cuba. Em ambos, são exploradas inquietudes, questionamentos e experiências de projetos arqueológicos. Procura-se analisar as práticas das arqueologias que extrapolam o universo acadêmico. Valoriza-se os papéis sociais que a disciplina pode exercer quanto à construção de memórias locais e a conseqüente melhora na qualidade de vida das comunidades impactadas pelos trabalhos arqueológicos.

RESULTADOS:
Os textos do livro Arqueologia e Patrimônio e demais nos apresentam uma perspectiva geral do desenvolvimento da disciplina arqueológica no âmbito mundial e nacional, fornecendo base teórica para a discussão dos artigos no periódico e nos fornecendo o parâmetro para o posicionamento do Núcleo de pesquisas enquanto instituição. Os trabalhos publicados em ambos números da Revista podem ser divididos em duas temáticas. A primeira seria uma crítica ao discurso arqueológico, seja em sua produção bibliográfica acadêmica, seja na conformação espacial de museus. Os trabalhos incluídos nessa categoria falam da responsabilidade social do autor ao criar histórias sobre os sítios onde trabalha e divulgá-los publicamente, seja através de conferências, livros, artigos ou curadoria museológica. A segunda categoria nos analisa práticas arqueológicas que se estabelecem dentro da chamada Arqueologia Pública. Projetos multidisciplinares, envolvendo geólogos, biólogos, historiadores, geógrafos, engenheiros, arqueólogos, economistas, e diversos outros profissionais, focando as atividades na revitalização social, econômica e cultural de localidades pouco refletidas em planos nacionais de desenvolvimento.

CONCLUSÕES:
Os trabalhos publicados nas revistas proporcionam o mapear das inquietudes, dúvidas, questionamentos e experiências dos arqueólogos envolvidos na proposta de uma arqueologia mais democrática e socialmente ativa. A partir desse panorama torna-se possível balizar os trabalhos já realizados e arquitetar novos caminhos para o futuro dessa nova disciplina. A arqueologia pós-processual, representada, por exemplo, pelos os arqueólogos ingleses Ian Hodder e Stephen Shennan e os arqueólogos norte americanos Michael Shanks e Christopher Tilley, é a base das discussões sobre a Arqueologia Pública. Os projetos e argumentos desenvolvidos em cada um dos trabalhos nos mostram metodologias de atuação que vão além do discurso teórico, pois são pontos de vista de pesquisadores que presenciaram, e ainda o fazem, a necessidade de uma ciência de interesse e aplicação públicos.

Instituição de fomento: NEE - Arqueologia Pública (Unicamp) e Documento Arqueologia e Antropologia Ltda.



Palavras-chave:  Arqueologia, Educação, Políticas Públicas

E-mail para contato: ppfunari@uol.com.br