60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia

LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIE DE ANUROS (AMPHIBIA) EM SÍTIOS REPRODUTIVOS, NO ENTORNO MUNICIPAL DE MERIDIANO NOROESTE PAULISTA, BRASIL.

Bruno Castelo Branco Damiani1
João Carlos Bonfanti Almeida2

1. Graduando - UNIFEV (Fundação Educacional de Votuporanga)
2. Prof. Dr. Ciência Biológicas - UNIFEV - Orientador


INTRODUÇÃO:
O Cerrado brasileiro é uma das 25 áreas de maior biodiversidade do planeta que está ameaçada, e vem sendo alvo de grande ocupação, principalmente em função da expansão das fronteiras agrícolas, possui mais de 113 espécies de anfíbios, e muitas delas endêmicas. (Bastos et al., 2003). Na estação reprodutiva as espécies apresentam modos reprodutivos variáveis, de acordo com sua adaptação, todas as espécies observadas são dependentes de habitats aquáticos para a reprodução, onde é feita a oviposição e são desenvolvidos os estágios larvais. Estes habitats são fatores limitantes da reprodução, e formam altas agregações de muito potencial intra e interespecífico. Em geral as espécies mostraram-se segregadas a sítios de vocalização e desova, com pouco ou nenhuma sobreposição, as diferenças temporais também constituem um fator importante no isolamento das espécies que utilizam o mesmo habitat. (Bertoluci & Rodrigues, 2001). Pouco se conhece sobre a distribuição das espécies no Noroeste Paulista. O estudo das agregações reprodutivas e suas espécies foram observados em setembro de 2006 a março de 2007, no entorno municipal de Meridiano (SP), visando conhecer e entender melhor a biodiversidade para sua eventual proteção no cerrado brasileiro.

METODOLOGIA:
Os trabalhos de campo foram efetuados em áreas agrícolas do município do Meridiano (SP) (20º2133"S, 50º1024"W), entre altidudes que variam de 530 a 600 m. O clima da região é do tipo Cwa-Aw de Köppen, que é caracterizado com uma estação quente e úmida no verão e estiagem no inverno. A estação chuvosa tem início variado ano a ano, esta precipitação varia de 1100 1250 mm. A vegetação caracteriza-se por Floresta Estacional Semidecidual com manchas de Cerrado. (Vasconcelos, T.S & Rossa-Feres, D.C, 2005).As amostragens em campo foram feitas com a técnica animal focal, também utilizou-se o canto dos machos vocalizantes para sua localização. As espécies foram coletadas e medidas com paquímetro de alta precisão. O contato visual foi feito com lanterna usando filtro vermelho, a temperatura ambiente foi registrada com termômetro. Os cantos foram gravados com gravador Panasonic RQ-110 Mini-Cassete, as imagens fotográficas com câmera panasonic 3.2 megapixels. As poças observadas foram escolhidas em diferentes ambientes, para procurar entender a biodiversidade e adaptação das espécies. As poças foram visitadas mensalmente de 1 a 4 dias por semana, de acordo com as chuvas nos meses de estação chuvosa, correspondente de Setembro a Março. Foram visitadas 9 poças, dentre elas 2 permanentes.

RESULTADOS:
Registraram-se 27 espécies de anuros, pertencentes a 4 famílias, Bufonidae (1), Hylidae (10), Leptodactylidae (13) e Microhylidae (3). O número de espécies que utilizaram os corpos d’água variou de 2 a 22 espécies. As espécies utilizaram sítios de vocalização distintos, que foram classificados em: ao nível d’água; com vegetação flutuante; vegetação marginal e vegetação emergente. Como esperado a distribuição das espécies mostrou-se não ser uniforme. Apenas 3 espécies utilizaram mais de 2 ambientes diferentes (generalistas): Chaunus icterius; Physalaemus nattereri; Hypsiboas raniceps. Outras 20 espécies mostraram-se especialistas em áreas abertas, por vezes capoeiras com poças temporárias. As espécies especialistas de áreas abertas são: Chaunus icterius; Dermatonotus muelleri; Elachistocleis ovalis; E.bicolor; Leptodactylus labyrinthicus; L.ocellatus; L.chaquensis; L.fuscus; L.podicipinus; Physalaemus nattereri; P.fuscomaculatus; P.cuvieri; P.centralis; Dendropsophus minutus; D.nanus; D.elianeae; D.branneri; Hypsiboas albopunctatus; H.raniceps; Scinax fuscovarius; S.similis; S.fuscomarginatus; Trachycephalus venulosus; Pseudis paradoxa; Pseudopaludicola falcipes e P. saltica. Apenas 1 espécie foi caracterizada como especialista de matas e capoeiras, Leptodactylus mystacinus.

CONCLUSÕES:
A grande riqueza de espécies encontradas em determinados sítios, corrobora em parte, com as conclusões do trabalho de Bertoluci & Rodrigues, 2001, que teve como espelho o presente trabalho, pois possuem caracteríticas de ambientes aquáticos permanentes e temporários. Por estes ambientes serem temporários e no bioma Cerrado, em meados de dezembro e janeiro, atraem espécies de reprodução explosiva de modo diferente da região estudada por Bertoluci & Rodrigues (Mata Atlântica). Apesar de a lista das espécies apresentadas ser numerosa, não deve ser considerada completa, as amostragens de campo na maioria das vezes não são suficientes. Próximo a região já foram registradas outras 4 espécies: Leptodactylus mystaceous; L.furnarius; e recentemente Hypsiboas faber e Phyllomedusa azurea (Projeto Biota Neotropica). Além dessas espécies é muito provável que ainda existam outras.



Palavras-chave:  Anuros, Levantamento, Cerrado

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