60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 1. Biologia da Conservação

LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES DE VEGETAIS ALÓCTONES E INVASORAS NA MATA DE SANTA GENEBRA

Sabrina Kelly Batista Martins1
Thiago Borges Conforti1

1. Fundação José Pedro de Oliveira


INTRODUÇÃO:
As espécies de vegetais alóctones (exóticas) são aquelas não naturais do ecossistema em questão, ou seja, são organismos não-nativos que se desenvolvem fora do seu ambiente de origem. Algumas dessas espécies possuem uma alta capacidade de dispersão, aumentando sua área de distribuição e tornando-se invasora. A presença de espécies alóctones e invasoras em áreas de conservação é uma grande ameaça à preservação da biodiversidade. A introdução de espécies alóctones pode causar a perda de espécies nativas (autóctones), mudança na estrutura da comunidade e até mesmo alterações físicas na estrutura do ecossistema podendo levar a homogeneização da flora do ecossistema em que se encontram. Este trabalho teve como objetivo levantar as espécies de vegetais alóctones e invasoras da Unidade de Conservação Federal Mata de Santa Genebra.

METODOLOGIA:
A área de estudo é a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Mata de Santa Genebra (MSG) Unidade de Conservação Federal, localizada entre as coordenadas 22º49’45’’S e 47º06’33’’W, altitude média de 580m a 620m, com uma área de 251,77ha, situada no Município de Campinas-SP. A MSG possui cerca de 85% de Floresta Estacional Semidecidual e cerca de 15% de Floresta Paludosa que ocorre na região baixa da mata. Esse remanescente é cercado pelos usos da terra rural e urbano, com presença de bairros residenciais, ocupações irregulares, agricultura intensiva da cana-de-açúcar, indústrias e rodovias. No ano de 2007, foi realizado um levantamento de espécies alóctones, onde se percorreu as trilhas internas e toda a área de borda da mata. Para tanto foi utilizado o método de modo direto, ou seja, uma varredura visual total do solo até o dossel da mata. Todos os materiais botânicos foram coletados para a identificação no Herbário do Instituto Agronômico de Campinas. Para determinar quais espécies alóctones são invasoras foram consultados: o cadastro nacional de espécies invasoras, a literatura cientifica, e no campo observadas as características reprodutivas e a presença de indivíduos jovens para cada espécie.

RESULTADOS:
Foram encontradas 46 espécies de plantas pertencentes a 25 famílias, sendo 29 espécies arbóreas, 8 arbustivas, 3 lianas e 6 herbáceas. As famílias encontradas foram, Anacardiaceae com 2 espécies, Asteraceae (2), Balsaminaceae (1), Bignoniaceae (2), Boraginaceae (2), Caricaceae (1), Clethraceae (1), Cucurbitaceae (2), Euphorbiaceae (2), Fabaceae (7), Lauraceae (1), Malvaceae (1), Meliaceae (1), Moraceae (1), Musaceae (1), Myrtaceae (4), Nyctaginaceae (1), Passifloraceae (2), Poaceae (3), Polygonaceae (1), Rosaceae (3), Rubiaceae (2), Rutaceae (1), Sapindaceae (1) e Typhaceae (1). Das 46 espécies encontradas, 23 são nativas de outras regiões do Brasil, 9 da África, 8 da Ásia, 2 da América do Sul, 3 da América Central e 1 da América Tropical. Todas as espécies encontradas estão na área de borda da MSG, sendo que 7 delas também se localizam no seu interior. O número de espécies alóctones com potencial de invasão foi de 17, são elas: Brachiaria sp, Carica papaya, Coffea arabica, Impatiens walleriana, Leucaeana leucocephala, Momordica charantia, Morus nigra, Panicum maximum, Pennisetum sp, Psidium guajava, Ricinus communis, Rubus sellowii, Schizolobium parahyba, Syzigium jambos, Tithonia diversifolia, Typha sp e Vernonia polyanthes.

CONCLUSÕES:
Das 46 espécies alóctones encontradas na Mata de Santa Genebra, 17 espécies, cerca de 40%, foram consideradas invasoras. Das 17 espécies, 8 já apresentam relatos e trabalhos científicos comprovando efeitos negativos em remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual. Dessa maneira, as 46 espécies alóctones encontradas merecem um monitoramento permanente na Mata de Santa Genebra, sendo que as 17 invasoras devem ter um programa específico de erradicação para cada espécie. Esses programas devem se basear e atuar nas características reprodutivas e populacionais de cada espécie invasora, procurando evitar ao máximo, qualquer novo impacto nas espécies autóctones durante o processo de erradicação. As 8 espécies que já apresentam efeitos negativos em outras áreas de Floresta Estacional Semidecidual merecem prioridade de erradicação.



Palavras-chave:  espécie invasora, biodiversidade, unidade de conservação

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