60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada

INIBIÇÃO PORCENTUAL RELATIVA DO CRESCIMENTO DE FUNGOS ASPERGILLUS E PENICILLIUM EM PRESENÇA DE [ME2SNL2] (L = 2-CℓC6H4CH(OH)COO-)

Caio Pereira Barbieri1
Roberto Santos Barbiéri1, 2
Allan Kardec Carlos Dias2
Roberta Hilsdorf Picolli3
Ciro Pereira Barbiéri2

1. Faculdade de Minas - FAMINAS - Muriaé-MG
2. Universidade Vale do Rio Verde - UninCor - Três Corações-MG
3. Universidade Federal de Lavras - UFLA - Lavras-MG


INTRODUÇÃO:
O uso de compostos organoestânicos é crescente, devido principalmente às suas várias aplicações nas áreas tecnológica e industrial como agentes fitossanitários, com largo emprego na agricultura, veterinária, farmácia e medicina. O aumento da publicação de trabalhos sobre aplicações de compostos organoestânicos contendo ligantes biológicos é um marco no desenvolvimento da química organoestânica, pois possibilitou pesquisas e a descoberta de complexos, principalmente na área da medicina. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de inibição do crescimento médio micelial dos fungos Aspergillus fumigatus (I), Penicillium brevicompactum (II), Penicillium camembert (III), Penicillium comunne (IV), Penicillium expansum (V) e Penicillium solitum (VI), coletados em uma câmara de maturação de queijos em laticínio da região de Lavras-MG pelo ácido 2-cloromandélico - 2-CℓC6H4CH(OH)COOH) (A) - e pelo cloreto de trimetilestanho - Me3SnCℓ - (B) nas concentrações de 1 e 50 ppm, e pelo complexo obtido da reação desses dois compostos, o [Me2SnL2] (L= 2-CℓC6H4CH(OH)COO-) (C) nas concentrações de 1, 5, 10 e 50 ppm.

METODOLOGIA:
Em balão de 50 mL, sob agitação magnética e refluxo a 80 ºC, dissolveram-se 1,000 g (5,36 mmol) de A em 30 mL de CH3CN e acrescentaram-se 1,029 g de B (5,16 mmol) e 0,1 mL de C6H5NHNH2. Após 1 hora, reduziu-se o volume até a metade e deixou-se em repouso durante 1 hora. O sólido obtido foi separado por filtração a vácuo com funil de porosidade 4, lavado com 3 porções de 2 mL de CH2Cℓ2 e seco em pistola de Abderhalden a 100 ºC por 1 hora. Obtiveram-se 0,412 g do produto, 41,2% de rendimento; caracterizado por determinação de ponto de fusão; análise elementar de C e H; e espectroscopia no infravermelho, e identificado como C. As culturas dos fungos I a VI foram feitas mediante a coleta em placas de vidro que ficaram dispostas na câmara por 5 dias. O método utilizado foi o bioanalítico in vitro, observando-se o crescimento ou a inibição dos fungos com diferentes concentrações dos compostos A a C. Para cada composto foram preparadas 1 placa controle contendo 25 mL do meio de cultura - BDA - e 2 placas de testes de crescimento micelial para cada concentração estudada. O experimento foi feito em duplicata. Os fungos replicados com uma agulha em 3 pontos das placas, foram colocados em estufa a 25-30 ºC por 5 dias, para avaliação dos crescimentos miceliais pelas medidas de suas áreas.

RESULTADOS:
Em todas as concentrações utilizadas os compostos A, B e C inibiram o crescimento micelial dos fungos estudados em relação aos controles. Os porcentuais de inibição dos fungos para as concentrações de A e B, 1 e 50 ppm, e de C, 1, 5, 10 e 50 ppm, respectivamente, foram: - Fungo I: A = 67,3 e 86,1 ppm; B = 98,6 e 100,0 ppm; C = 67,2, 73,2, 97,1 e 97,2 ppm; - Fungo II: A = 40,9 e 55,7 ppm; B = 94,6 e 95,5 ppm; C = 83,4, 85,2, 88,2 e 91,5 ppm; - Fungo III: A = 42,7 e 44,0 ppm; B = 97,3 e 100,0 ppm; C = 88,0, 89,3, 88,4 e 81,2 ppm; - Fungo IV: A = 52,1 e 53,9 ppm; B = 97,3 e 100,0 ppm; C = 81,2, 86,5, 82,5 e 94,6 ppm; - Fungo V: A = 40,5 e 67,3 ppm; B = 99,6 e 100,0 ppm; C = 46,4, 60,0, 66,2 e 79,5 ppm; e - Fungo VI: A = 56,1 e 55,2 ppm; B = 94,6 e 100,0 ppm; C = 90,1, 88,8, 99,5 e 96,0. O ácido A, mesmo na concentração de 50 ppm, apresentou um espectro relativamente largo de inibição dos fungos estudados, de 44,0 a 86,1%. O composto organoestânico B de partida, na concentração de 50 ppm, inibiu em 100% o crescimento dos fungos estudados, exceto pelo fungo II, que ficou em 94,6%. Na mesma concentração, o complexo organoestânico C teve uma eficiência inibitória sempre maior que a do ácido A, e, para quatro dos fungos, de 3 a 9% menor; e para os outros dois fungos, cerca de 20% menor.

CONCLUSÕES:
É importante destacar que o cloreto de trimetilestanho, Me3SnCℓ, o composto B precursor do complexo organoestânico estudado C, mesmo tendo sido a espécie mais eficiente na inibição do crescimento dos fungos estudados neste trabalho, apresenta alguns empecilhos para ser utilizado como possível agente sanitizante de câmaras de maturação de queijos. Além de ser um composto tóxico, possui odor sui generis intenso e irritante que, com certeza seria absorvido pelos queijos em maturação. Por outro lado, mesmo com uma eficiência menor na inibição do crescimento dos fungos estudados, tanto o complexo sintetizado, como o ácido mandélico que lhe deu origem, inibem de forma variada o crescimento dos diversos fungos. Isto sugere uma continuação do trabalho, com a síntese de outros complexos da série, visando a possibilidade de que eventuais alterações em suas estruturas possam produzir compostos seletivos para este ou aquele fungo. Além deste aspecto, para todos os compostos estudados, assim como para aqueles que venham a ser preparados em trabalhos futuros, é necessário que se façam estudos sobre a condição de toxidade dos mesmos.

Instituição de fomento: Faculdade de Minas - FAMINAS - e Universidade Vale do Rio Verde - UninCor



Palavras-chave:  Câmara de maturação de queijos, Compostos organoestânicos, Crescimento micelial de fungos

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