60ª Reunião Anual da SBPC




F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Serviço Social Aplicado

O RECONHECIMENTO DO SEGUNDO TEMPO COMO UMA POLÍTICA PÚBLICA DE REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA.

JULIANE ALMEIDA PRADO MOTTA1
LUCIANA PEREIRA CARDOZO1
NATÁLIA SILVEIRA ANTUNES1
REJANE BUCHWEITZ1
VALDELAINE DA ROSA MENDES1

1. ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA / UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS


INTRODUÇÃO:
O Segundo Tempo é um programa do Ministério do Esporte, em parceria com o Ministério da Educação, promovido pela Secretaria de Esporte Educacional, destinado a possibilitar o acesso à prática esportiva aos alunos matriculados no ensino fundamental e médio dos estabelecimentos públicos de educação do Brasil, principalmente em áreas de vulnerabilidade social. No ano de 2004, a Prefeitura Municipal de Pelotas (RS) firmou convênio com o Ministério do Esporte para implementar o Segundo Tempo em diversas regiões da cidade. Assim, de maio a dezembro de 2004 foram desenvolvidas as atividades do Programa que contou com a participação de técnicos da prefeitura, monitores e agentes comunitários. Este estudo faz parte de uma pesquisa que teve como objetivo analisar a participação de duas comunidades da cidade de Pelotas/RS no Programa Segundo Tempo. O recorte, aqui apresentado, refere-se a um conjunto de dados, levantados no estudo, que indicaram a violência como principal justificativa para a participação das crianças e adolescentes no Programa. Dessa forma, este texto tem como objetivo identificar as razões para a prevalência do tema da violência nas falas dos sujeitos pesquisados para justificar a relevância do Segundo Tempo.

METODOLOGIA:
A metodologia adotada fundamentou-se na abordagem qualitativa ( TRIVIÑOS, 1982; STAKE,1983 a, 1983 b), por meio da qual os passos do trabalho foram construídos junto ao sujeitos participantes do estudo à medida que os dados eram levantados e novas questões e indagações iam surgindo. Os dados foram coletados no ano de 2006 e analisados em 2007. Como instrumentos para coleta de dados utilizou-se entrevistas semi-estruturadas, observações e registros em diários de campo.

RESULTADOS:
Com as entrevistas feitas aos pais, estagiários e a comunidade, notou-se que o Segundo Tempo foi bastante significativo para as pessoas nele envolvidas. Para a maior parte dos entrevistados o projeto era importante, por manter as crianças ocupadas no turno inverso àquele em que estavam na escola. Os dados demonstraram que: - para as mães, a participação no Segundo Tempo era uma alternativa importante para evitar que os filhos permanecessem na rua, sujeitos aos mais diversos tipos de situações violentas; - para as crianças, a participação constituía um momento de ocupação do tempo de forma a estarem longe da “bagunça” da rua; Além disso, a participação no Programa permitia aos alunos aprendizagens sobre o convívio social. Em muitas falas situou-se a importância do Programa justamente no aprender a respeitar os outros, a não brigar, a cuidar do meio ambiente, não jogar lixo no chão.

CONCLUSÕES:
A violência não foi uma categoria previamente definida para ser estudada nesta pesquisa. Entretanto, para justificar e defender a participação no Programa a maior parte dos entrevistados mencionou a redução da violência como elemento central para permanecer nas atividades desenvolvidas no Segundo Tempo. A violência é produto de um conjunto de acontecimentos sociais. Não é raro, identificar no discurso dos governantes a defesa da ocupação do tempo livre das pessoas, com atividades esportivas e culturais, como forma de afastá-las de situações de violência. Como desdobramento desses discursos são elaboradas políticas que pretendem ocupar o tempo livre, em especial de jovens e adolescentes, com atividades dessa natureza. O problema que se identifica na maior parte dessas ações é que elas são apenas projetos do governo. Neste caso, são ações sujeitas a vontade de governantes e que não chegam a se consolidar como uma ação do Estado e um direito do cidadão. Já que não se articulam com outras políticas, acabam impedindo que o tema estudado, a violência, seja pensado de forma ampliada e no bojo o exercício da cidadania, pois não basta ocupar o tempo livre de um sujeito que não tem acesso à saúde, educação, moradia e saneamento.



Palavras-chave:  SEGUNDO TEMPO, VIOLÊNCIA, POLÍTICAS PÚBLICAS

E-mail para contato: ju_apm@hotmail.com