60ª Reunião Anual da SBPC




H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 4. Educação Artística

ARTE INFANTIL NA CASA DA CRIANÇA COM CÂNCER

Angélica D’Avila Tasquetto1
Ayrton Dutra Corrêa1, 2

1. Departamento de Artes Visuais/ DAV - Universidade Federal de Santa Maria/ UFSM
2. Prof. Dr. - Orientador


INTRODUÇÃO:
A proposta do trabalho de Arte/Educação se refere à necessidade de em atender crianças acometidas por uma patologia que é o câncer; durante o período em que estão aguardando tratamento hospitalar. Este trabalho significa para tais crianças, um breve contato com a arte, tendo em vista que grande parte destas crianças fica por longos períodos sem freqüentar a escola e sem a socialização com demais crianças que o ambiente escolar proporciona. De tal forma, a Arte proporciona uma reaproximação com o mundo e as vivências deixadas “lá fora”. De acordo com Barbosa (1998, p. 16) “através das artes temos a representação simbólica dos traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que caracterizam a sociedade ou o grupo social, seu modo de vida, seu sistema de valores, suas tradições e crenças” Assim, colocam-se alguns dos objetivos principais que nortearam tal proposta de Arte/Educação, como: proporcionar uma interatividade das crianças através do fazer artístico, proporcionando uma prática reflexiva sobre tal fazer; viabilizar a realização de trabalhos plásticos através de diferentes possibilidades de técnicas e materiais e através da análise de imagens e mesmo de estórias infantis, motivar a apreciação de diversas possibilidades artísticas.

METODOLOGIA:
A proposta de Arte/Educação, como mencionado anteriormente, foi desenvolvida com crianças de diversas faixas etárias (a casa acolhe adolescente até 25 anos), no Centro de Apoio à Criança com Câncer, na cidade de Santa Maria/ RS. Durante o período de maio á dezembro de 2007, foram desenvolvidas atividades artísticas, integrando a teorização e discussão sobre arte, juntamente com a prática.De acordo com o desenvolvimento das atividades, pode se considerar tal proposta, com um delineamento metodológico de caráter qualitativo, por envolver processos de relações humanas que não podem ser reduzidos a variáveis, assim como cita Minayo (1999, p. 22) “a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas.” Os instrumentos na coleta de dados foram observação participante, diário de campo e análise documental.Desta forma, pela metodologia adotada, considera-se que as atividades plásticas podem ser um meio de interação e socialização entre as crianças que utilizaram diversos tipos de materiais para o desenvolvimento das propostas práticas de trabalho, além de recursos como sons e imagens de livros e digitalizadas, disponibilizadas pela autora, para discussões.

RESULTADOS:
Durante o período de realização do projeto, esperava-se inicialmente que as crianças realizassem alguns trabalhos plásticos utilizando as possibilidades de técnicas e materiais. Mas durante o decorrer do projeto, outras coisas muito importantes ficaram presentes, a interação entre as crianças. Percebe-se que antes do início das atividades, cada criança se deslocava do espaço interativo (sala com mesas e materiais para a realização de trabalhos de arte), para tornar-se isoladas, cada uma em seu quarto, brincando sozinhas, sem poder compartilhar suas vontades, seus anseios, suas perspectivas de sair dali, ou até mesmo, sua dor. Quando o trabalho era reiniciado semanalmente, percebia-se a uma integração muito importante, onde cada uma das crianças deixava o seu “mundo particular” e vinha em direção ao convívio de todos, integrando-se, compartilhando, trocando idéias e experiências, que certamente seriam muito significativas para o seu contexto e para a realização dos trabalhos plásticos a serem desenvolvidos. Aquelas trocas, que variavam entre sonhos e experiências até as cores do lápis que utilizavam, foram sem dúvida dos pontos mais significativos do trabalho realizado.

CONCLUSÕES:
De acordo com os objetivos propostos obtiveram-se algumas conclusões sobre o trabalho realizado, de tal forma que ao final, pôde-se perceber na expressão plástica de cada uma das crianças o que era de mais relevante em suas vidas, considerando que a grande maioria das que estavam lá, não freqüentavam o convívio escolar havia um bom tempo, ou até mesmo, nunca haviam estado nesse ambiente. A materialização dessa falta que lhes fazia estar com outras crianças ou estar em suas casas, se fazia muito presente, mais do que a representação de seus problemas de saúde, que raramente eram colocados, ou até mesmo citados. Desta forma, procurou-se trabalhar então, as questões identitárias das crianças, sempre remetendo ao que realmente lhes interessava trabalhar, sua casa, sua escola, sua família e seus amigos. Tentando transportar para esse novo ambiente em que agora estavam presentes, onde conviviam também com outras pessoas. De tal forma como coloca Martins (1998. p 46) “é no modo de pensamento do fazer da linguagem artística que a intuição, a percepção, o desenvolvimento e o conhecimento se condensam.” Ratifica-se então, a importância de desenvolver tal projeto, onde se acredita no desenvolvimento sensível das crianças no que se refere ao campo da arte.



Palavras-chave:  Arte, Educação, Interatividade

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