60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada

EFEITO DE ÁCIDOS Α-HIDROXICARBOXÍLICOS NO CRESCIMENTO MICELIAL MÉDIO DE FUNGOS ASPERGILLUS E PENICILLIUM COLETADOS EM CÂMARA DE MATURAÇÃO DE QUEIJOS

Ciro Pereira Barbieri1
Roberto Santos Barbiéri1, 2
Allan Kardec Carlos Dias1
Roberta Hilsdorf Picolli3
Caio Pereira Barbieri2
Vilma Reis Terra4

1. Universidade Vale do Rio Verde - UninCor - Três Corações-MG
2. Faculdade de Minas - FAMINAS - Muriaé-MG
3. Universidade Federal de Lavras - UFLA - Lavras-MG
4. Centro Universitário de Vila Velha - UVV - Vila Velha-MG


INTRODUÇÃO:
Os ácidos α-hidrocarboxílicos constituem uma classe de compostos que ocorre frequente e naturalmente nos seres vivos. São abundantes na natureza, podendo ser isolados de ceras de abelhas e de lãs, de cascas, raízes, folhas de árvores, de sementes, bactérias e fungos. Em combinação com esfingosina, em tecidos animais ou com fitoesfingosina, em plantas e microrganismos, parecem ser constituintes de todos os seres vivos. Alguns ácidos carboxílicos são conhecidos e populares; como exemplo, cita-se o ácido glicólico, o mais simples do grupo e encontrado no caldo de cana; o ácido láctico, encontrado no leite e derivados; o ácido cítrico, encontrado em frutos cítricos; o ácido tartárico, podendo estar associado ou não a potássio, cálcio ou magnésio, encontrado em uvas e tamarindos. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial de inibição do crescimento médio micelial dos fungos Aspergillus fumigatus (I), Penicillium brevicompactum (II), Penicillium camembert (III), Penicillium comunne (IV), Penicillium expansum (V) e Penicillium solitum (VI), coletados em uma câmara de maturação de queijos em laticínio da região de Lavras-MG, pelos ácidos benzílico (A), mandélico (B), dl-4-bromomandélico (C), dl-2-cloromandélico (D) e dl-4-metoximandélico (E) nas concentrações de 1 e 50 ppm.

METODOLOGIA:
Todos os ácidos α-hidroxicarboxílicos empregados nos experimentos descritos neste trabalho, obtidos comercialmente, foram utilizados sem purificação prévia. As culturas dos fungos I a VI foram feitas mediante a coleta em placas de vidro que ficaram dispostas na câmara por 5 dias. O método utilizado foi o bioanalítico in vitro, observando-se o crescimento ou a inibição dos fungos com diferentes concentrações dos compostos A a E. Para cada composto foram preparadas 1 placa controle contendo 25 mL do meio de cultura - BDA - e 2 placas de testes de crescimento micelial para cada concentração estudada. O experimento foi feito em duplicata. Os fungos replicados com uma agulha em 3 pontos das placas, foram colocados em estufa a 25-30 ºC por 5 dias, para avaliação dos crescimentos miceliais pelas medidas de suas áreas.

RESULTADOS:
Em todas as concentrações utilizadas os ácidos α-hidroxicarboxílicos A a E inibiram o crescimento micelial dos fungos estudados em relação aos controles. Os porcentuais de inibição dos fungos para as concentrações de 1 e 50 ppm para A a E, respectivamente, foram: - Fungo I: A = 44,6 e 55,1%; B = 50,6 e 55,5%; C = 19,6 e 27,2%; D = 67,3 e 86,1%; e E = 76,7 e 81,9; - Fungo II: A = 52,1 e 56,6%; B = 41,3 e 46,7%; C = 53,9 e 53,9%; D = 40,9 e 55,7%; e E = 52,5 e 53,0; - Fungo III: A = 48,0 e 48,0%; B = 46,2 e 47,6%; C = 40,9 e 42,2%; D = 42,7 e 44,0%; e E = 48,9 e 50,7; - Fungo IV: A = 45,3 e 48,5%; B = 36,4 e 38,6%; C = 36,8 e 48,9%; D = 52,1 e 53,9%; e E = 40,9 e 42,7%; - Fungo V: AA = 2,30 e 7,70%; B = 4,50 e 3,20%; C = 4,50 e 3,20%; D = 40,5 e 67,3%; e E = 1,40 e 3,20; e - Fungo VI: A = 87,0 e 92,6%; B = 81,2 e 86,1%; C = 86,6 e 85,7%; D = 56,1 e 55,2%; e E = 51,2 e 93,7%. Todos os ácidos estudados inibiram em maior ou menor grau o crescimento micelial médio dos fungos I a VI. De um modo geral, todos eles, nas duas concentrações em que foram empregados, apresentaram maior efeito inibitório sobre o crescimento do fungo VI, enquanto o menor efeito foi verificado sobre o fungo V.

CONCLUSÕES:
O efeito inibitório dos ácidos α-hidroxicarboxílicos estudados neste trabalho sobre o crescimento micelial médio dos fungos Aspergillus e Penicillium, pela ampla gama dos resultados obtidos, acena com a possibilidade de utilização seletiva destes compostos em processos de sanitização de câmaras de maturação de queijos. Isto sugere uma continuação do trabalho, com a síntese de outros ácidos da série, visando a possibilidade de que eventuais alterações em suas estruturas possam produzir compostos seletivos para este ou aquele fungo. Além deste aspecto, para todos os compostos estudados, assim como para aqueles que venham a ser utilizados em trabalhos futuros, é necessário que se façam estudos sobre as condições de toxicidade dos mesmos.

Instituição de fomento: Universidade Vale do Rio Verde - UninCor - e Faculdade de Minas - FAMINAS



Palavras-chave:  Câmara de maturação de queijos, Ácidos αhidroxílicos, Crescimento micelial de fungos

E-mail para contato: ciro_barbieri@hotmail.com