60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DE AVALIAÇÃO NA DETERMINAÇÃO DE RAÇAS DE HETERODERA GLYCINES.

Ulyseu da Rocha Rezende Neto1
Mara Rúbia da Rocha1
Leonardo de Castro Santos1
Fernando Godinho de Araújo1
Renato Andrade Teixeira1
Cristiane Silva Ferreira1

1. Universidade Federal de Goiás


INTRODUÇÃO:
A soja é a mais importante oleaginosa cultivada no mundo, com uma produção atual estimada em 220 milhões de toneladas. O Brasil configura-se como o segundo maior produtor do mundo com uma produção de aproximadamente 52 milhões de toneladas (Embrapa, 2006). A expansão da sojicultura para novas áreas e o crescimento da monocultura vem provocando aparecimento de novas doenças, representando grande desafio aos produtores. O nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines) é um dos principais problemas fitossanitários que a cultura enfrenta, estando presente em todos os estados produtores de soja do Brasil. O nematóide de cisto se reproduz por anfimixia, o que favorece variabilidade genética entre indivíduos, surgindo populações com diferentes especializações fisiológicas, definidas por raça e/ou tipos. A identificação de raças e de H. glycines vem sofrendo grandes variações em testes conduzidos em diferentes laboratórios. Dentre os fatores que contribuem para essas variações estão a temperatura, a densidade de inóculo e a desuniformidade genética das sementes das diferenciadoras. O presente trabalho teve como objetivo realizar a identificação de raças de duas populações de H. glycines verificando o efeito da época de avaliação do teste sobre a identificação.

METODOLOGIA:
Os ensaios para determinação de raças de H. glycines foram conduzidos sob condições de casa-de-vegetação utilizando-se as hospedeiras diferenciadoras indicadas Pickett, Peking (PI 548402), PI 88788 e PI 90763. A cultivar Lee 68 foi utilizada como padrão de suscetibilidade. Foram realizados dois ensaios com duas populações de H. glycines, uma proveniente do município de Campo Alegre - GO e outra de Chapadão do Céu - GO. Os ensaios foram instalados em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos (diferenciadoras) e cinco repetições. As plantas diferenciadoras foram pré-germinadas e transplantadas para tubetes plásticos contendo areia autoclavada. Em seguida, os tubetes foram acondicionados em baldes contendo areia e estes foram mantidos em tanque contendo água com temperatura controlada para manutenção de temperatura uniforme (28 ± 2°C). No momento do transplantio para os tubetes foi feita a inoculação, aplicando uma suspensão contendo 4000 ovos de H. glycines por planta. As avaliações foram realizadas aos 30 e 40 dias após a inoculação por meio da coleta das plantas e extração de nematóides para contagem de fêmeas nas raízes. O resultado da contagem do número de fêmeas foi submetido à determinação da raça seguindo o esquema proposto por Riggs & Schimitt.

RESULTADOS:
Com base nos resultados obtidos, observou-se que a época de avaliação pode interferir na determinação da raça de H. glycines. A população proveniente da área infestada no município de Chapadão de Céu, quando avaliada aos 30 dias após a inoculação (DAI), resultou em determinação de raça designada como raça 14 e, aos 40 DAI, como raça 9. Isto ocorreu porque, aos 30 dias, a média do número de fêmeas na cultivar Lee 68 foi de 232 e nas diferenciadoras Pickett, Peking, PI 88788 e PI 90763 foi de 177, 114, 0 e 34, respectivamente. Já aos 40 DAI estas médias reduziram para 56, 63, 0 e 30, respectivamente, nas diferenciadoras, enquanto que na cultivar Lee 68 esta média aumentou para 353. Esta redução do numero de fêmeas nas raízes é esperado porque, com o passar do tempo, as fêmeas amadurecem e se desprendem das raízes, ficando no solo em forma de cisto. Como a Lee 68 é o padrão de suscetibilidade, o número de fêmeas nas raízes aumentou muito, ficando os dados muito discrepantes, o que reduz a confiabilidade do teste. No segundo ensaio com população proveniente do município de Campo Alegre, a raça identificada foi a 14 nas duas épocas de avaliação. As médias do número de fêmeas nas raízes foram adequadas para a validação do teste e consistentes nas duas épocas. Portanto, para esta população, não haveria impedimento em se realizar a avaliação tanto aos 30 como aos 40 DAI.

CONCLUSÕES:
Com base nos resultados dos ensaios, é possível concluir que a época de avaliação do teste pode interferir na determinação da raça de H. glycines.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Nematóide de Cisto da Soja, Heterodera glycines, Soja

E-mail para contato: ulyseu14@hotmail.com