60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica

INVESTIGAÇÃO DE POLIMORFISMOS NOS GENES LEPR E APOC-III E SUAS ASSOCIAÇÕES COM A DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA E COM A SÍNDROME METABÓLICA EM AMOSTRA DO ESTADO DA BAHIA.

Karolline Santana da Silva1
Caio César Silva de Cerqueira1
Domingos Lázaro Souza Rios2

1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
2. Prof. Dr. - Departamento de Ciências Biológicas - UESB - Orientador


INTRODUÇÃO:
A Doença Arterial Coronariana (DAC) é uma das mais freqüentes causas de morte e incapacitação no ocidente, inclusive no Brasil. O conhecimento de como a genética pode influenciar na DAC pode aumentar nosso entendimento de como se desenvolve esta doença, e o que leva a algumas pessoas e não outras serem afetadas. A Síndrome Metabólica (SM) é um conjunto de distúrbios metabólicos que formam uma entidade patológica única fortemente associada ao desenvolvimento da DAC. O Programa Nacional de Educação para o Colesterol (NCEP-ATP III, 2001) dos Estados Unidos, em seu III painel sobre tratamento em adultos, sugere que o diagnóstico da SM seja baseado na presença de pelo menos três dos seguintes critérios: i-obesidade abdominal (circunferência da cintura > 102 cm nos homens, e > 88 cm nas mulheres); ii-glicemia em jejum  10 mg/dl; iii- pressão arterial  130/85 mm Hg ou em tratamento anti-hipertensivo; iv-triglicérides  150 mg/dl; v- HDL colesterol < 40 mg/dl nos homens e < 50 mg/dl nas mulheres. Alguns genes candidatos codificantes de proteínas envolvidas no metabolismo de glicose, insulina e lipídios, na absorção intestinal de gorduras, no metabolismo de glicocorticóides e na pressão sanguínea têm sido associados com a SM e a DAC.

METODOLOGIA:
Foram estudados dois polimorfismos em dois genes diferentes: Q223R no gene do Receptor da Leptina (LEPR) e C-482T no gene da Apolipoproteína C-III (APOC-III). A amostra é composta de 841 indivíduos (500 pacientes com DAC comprovada pelo exame de cineangiocoronariografia e 341 controles sem sintomas clínicos da doença). Dos 841 indivíduos estudados 312 também foram classificados como Afro-descendentes e 529 como Caucasóides de acordo com os critérios morfológicos descritos adaptado de Azevêdo (1980). O diagnóstico da SM foi feito de acordo com o Programa Nacional de Educação para o Colesterol (NCEP-ATP III, 2001) dos Estados Unidos. O DNA genômico foi extraído por técnica de extração salina descrita por Lahiri & Nurnberger (1991). Os polimorfismos foram investigados após amplificação por técnica de reação de polimerização em cadeia dos segmentos de DNA de interesse utilizando “primers” e condições de amplificação adaptadas da literatura. A detecção das variantes polimórficas foi feita após clivagem com a respectiva enzima de restrição seguida de corrida eletroforética em gel de poliacrilamida a 8%. O gel foi então corado com brometo de etídeo e as bandas foram visualizados em luz ultravioleta.

RESULTADOS:
As freqüências dos genótipos dos polimorfismos estudados estavam em Equilíbrio de Hardy-Weinberg em Caucasóides e Afro-descendentes. A freqüência do polimorfismo Q223R no gene LEPR não diferiu entre Afro-descendentes e Caucasóides. O alelo -482T no gene APOCIII apresentou-se com freqüência mais alta nos Afro-descendentes (51,1%) quando comparada aos Caucasóides (38,8%; p < 0,001). Nenhum dos polimorfismos estudados foi associado à DAC nos Caucasóides ou nos Afro-descendentes. Com relação à SM, nos Afro-descendentes, a freqüência do genótipo 223RR no gene LEPR estava aumentada nos controles (29,2%) quando comparada os casos (15,7%; p = 0,045). O polimorfismo C-482T no gene APOC-III não foi associado à SM. Nenhum dos polimorfismos aqui estudados foram associados à DAC após análise de regressão logística multivariada; nesta análise, o genótipo 223RR teve efeito protetor (Odds ratio = 0,458; p = 0,022) para SM comparado aos demais genótipos em Afro-descendentes. O genótipo 223RR no gene LEPR teve um efeito protetor para a SM nos Afro-descendentes, mas não nos Caucasóides. Este polimorfismo diminui para menos da metade o risco da SM em Afro-descendentes independente de outros fatores incluídos na análise multivariada. Não há estudos prévios deste polimorfismo em Afro-descendentes.

CONCLUSÕES:
Em síntese, na amostra analisada neste trabalho da população do estado da Bahia, o polimorfismo C-482T no gene APOC-III não está associado ao fenótipo da DAC e SM e/ou seus componentes neste estudo. O polimorfismo Q223R no gene LEPR, por sua vez, associa-se ao fenótipo da SM. Os homozigotos 223RR no gene LEPR apresentaram diminuição do risco para SM em Afro-descendentes, mas não nos Caucasóides.

Instituição de fomento: : Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  DAC, Síndrome Metabólica

E-mail para contato: kal_silva@yahoo.com.br