60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental

A ARTICULAÇÃO DE PROJETOS COMO ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE EDUCADORAS/ES AMBIENTAIS DO COLETIVO EDUCADOR AMBIENTAL DE CAMPINAS/SP (COEDUCA) - UMA ANÁLISE PRELIMINAR

Andréa Quirino de Luca1, 2
Alessandra Buonavoglia Costa-Pinto3, 2
Mário Mariano Ruiz Cardoso2

1. Fundação José Pedro de Oliveira – Mata Sta Genebra
2. COEDUCA (Coletivo Educador Ambiental de Campinas/SP)
3. PROCAM/USP (Programa de pós-graduação em Ciência Ambiental)


INTRODUÇÃO:
Coletivo Educador é um instrumento de política pública federal do Departamento de Educação Ambiental (DEA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que visa propiciar a formação de educadores ambientais em todo território nacional. Constitui-se como um grupo multi-institucional que agrega pessoas para atuar em processos formativos permanentes, continuados e voltados à totalidade de habitantes de um determinado território, em consonância com o ProFEA (Programa de Formação de Educadores Ambientais). Neste contexto, em dezembro de 2004 iniciou-se o processo de constituição do COEDUCA, tendo a formação de 150 educadores ambientais se iniciado em março de 2007, com duração prevista de 18 meses. Como estratégia deste processo formativo foram criados os Coletivos Locais de pesquisa-ação-participante, responsáveis por realizar diagnósticos socioambientais reflexivos em seus territórios de ação e elaborar projetos de intervenção sócio-educativa. Foram denominados articuladores membros do COEDUCA que têm a função de auxiliar a elaboração e implementação destes projetos locais. Este trabalho realizou uma análise preliminar de como esta articulação vem contribuindo para a formação destes educadores através da práxis.

METODOLOGIA:
Para realização deste estudo utilizou-se a abordagem qualitativa, sendo a metodologia da Pesquisa-Ação-Participante (PAP) a escolhida, pois é uma linha de pesquisa associada a diversas formas de ação social coletiva que é orientada em função da resolução de problemas ou de objetivos de transformação e, além da participação, supõe uma forma de ação planejada de caráter social, que procura contribuir com a ampliação da consciência das bases sociais a respeito de sua realidade, valorizando o saber popular, tendo na práxis um importante instrumento. Vale esclarecer que a sigla PAP, neste contexto, têm diferentes significados que se entrelaçam - Pesquisa-Ação-Participante, Pessoas que Aprendem Participando, Pessoas que Aprendem Pesquisando. Os grupos PAP dos Coletivos Educadores promovem processos recursivos de aprendizagem e têm quatro diferentes âmbitos de ação: PAP1 é o DEA/MMA que está fomentando a formação de Coletivos Educadores em todo o território nacional; PAP2 são educadores ambientais que trazem o compromisso de coletivamente construir um processo de formação de educadores ambientais num âmbito regional; os PAP3, que dialogam com a proposta dos PAP2 e se formam com compromisso de formar educadores ambientais populares, que são os PAP4, inseridos nas comunidades.

RESULTADOS:
A formação de PAP3 foi dividida em três fases complementares, com duração de 6 meses cada. No início da fase 2 cada dupla de articuladores passou a animar em média 4 coletivos locais. Essa atuação deu-se na mediação de conflitos internos e no fortalecimento da constituição destes coletivos, atendendo às demandas e peculiaridades dos grupos no sentido de facilitar a organização de suas ações nos territórios, promovendo troca de informações e experiências entre estes coletivos PAP3 e também entre os coletivos PAP2 e 3. Outra atribuição foi o suporte à elaboração dos projetos de intervenção sócio-educativa, incluindo estratégias de sobrevivência e autonomia destes coletivos locais como parte fundamental das propostas. Na fase 3 os articuladores passam a demandar do coletivo PAP2 um maior suporte às suas ações, identificando uma limitação imposta pela relação recurso financeiro disponível, tempo e quantidade de trabalho. A necessidade de uma maior clareza conceitual na relação teoria-prática e de haver uma maior aproximação entre os articuladores foram também pontuados. Como estratégia, os articuladores propõem a constituição de um coletivo de articulação para mapear suas demandas na busca da promoção de um incremento da qualidade de seu trabalho.

CONCLUSÕES:
Os articuladores encontram-se em fase de amadurecimento, sendo capazes de reconhecer suas dificuldades, necessidades e potencialidades, de interpretar suas experiências e propor caminhos e correções de rota, o que aponta para um incremento de sua potência de ação. Cada articulador está em um momento diferente de seu processo de formação no que se refere à constituição de novos valores que transformam suas ações, pois pessoas que não se colocavam antes do advento da articulação, agora se mostram capazes de expressar e discutir idéias no coletivo, outros agora o fazem de maneira mais tranqüila e clara. Sendo assim, o processo de articulação estimulou uma participação mais pró-ativa destes PAP2 no COEDUCA. Graças ao processo de formação vivenciado pelos articuladores, foi construído um importante caminho de comunicação entre PAP2 e 3, permitindo uma maior acuidade no processo de formação dos PAP3 pelos PAP2, gerando ações mais qualificadas de planejamento e de efetivação de ações. A partir dos apontamentos supracitados, é possível constatar que além de contribuir na formação dos PAP3, estes articuladores estão se formando ao longo do processo, reforçando o princípio de Pessoas que Aprendem Participando, e estando de acordo com a metodologia central dos Coletivos Educadores.

Instituição de fomento: Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA) através do edital 05/2005.



Palavras-chave:  Pesquisa-ação-participante, Coletivos Educadores, Educação Ambiental

E-mail para contato: andreaquirino@yahoo.com.br