60ª Reunião Anual da SBPC




E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 3. Engenharia Agrícola

ASSENTAMENTO DOM TOMÁS BALDUÍNO: CONDIÇÕES DE VIDA E PRODUÇÃO

Taísa Marotta Brosler3, 1
Sonia Maria Pessoa Pereira Bergamasco3, 4, 1

1. UNICAMP
3. FEAGRI
4. Conselho Integrado de Pesquisa e Gestão


INTRODUÇÃO:
O trabalho proposto consiste em analisar a produção no Assentamento Dom Tomás Balduíno, situado no município de Franco da Rocha, Região Metropolitana de São Paulo. Este foi oficializado em 2002 pelo INCRA, com a desapropriação de 920,5 ha pertencentes à Fazenda São Roque, ficando sob responsabilidade do ITESP. Para isso, objetivou-se quantificar e qualificar por meio de questionário o que está sendo produzido em cada lote do assentamento com o intuito de adquirir respostas frente às práticas agrícolas exercidas pelos assentados e a compatibilidade com as características locais. Buscando, numa dimensão do atual, conhecimentos frente às saídas encontradas pelos assentados para tentar vencer na terra, estratégias e planejamentos delineados para melhor administrar o que receberam e dele se beneficiar. As respostas foram obtidas convergindo-se para os aspectos relacionados às práticas utilizadas, o conhecimento do assentado referente à agricultura e a origem deste, o apoio recebido e dificuldades encontradas para alcançar a auto-sustentabilidade.

METODOLOGIA:
A ferramenta utilizada para que os objetivos em questão fossem alcançados foi o questionário semi estruturado, baseado no que sugere BELLO (2004), e implantado na sua totalidade (49 famílias). Foram realizadas visitas ao local como intuito de obter subsídio para a formulação das questões, bibliografias foram utilizadas para o mesmo fim. Paralelo a isto as observações visuais descritivas e fotografias permitiram maiores detalhes e resultados mais realistas. Os questionários foram realizados com os representantes de cada lote e posterior à análise destes foi feita uma entrevista com o representante do ITESP responsável pelo assentamento em questão, conjuntamente com o Caderno gerado em 2003 pelo ITESP para determinação dos limites de produção. A junção dessas informações compõe o resultado do trabalho. As linhas seguidas para obter resultados foram: análise das práticas utilizadas, a origem do conhecimento dos assentados e sua dimensão, o apoio recebido e as dificuldades encontradas, bem como a determinação da capacidade do uso da terra referente ao sistema de avaliação de aptidão agrícola de RAMALHO FILHO & BEEK (1995).

RESULTADOS:
Analisando as respostas, alguns aspectos se mostram mais relevantes na caracterização desse assentamento que se situa cerca a cidades da grande metrópole e ser formada por pessoas que se encontravam nas ruas ou albergues de São Paulo. Esta busca por uma vida melhor contra o desemprego e as dificuldades vividas nas cidades é o principal objetivo para a maioria dos assentados que procuram na terra a sobrevivência e a garantia de uma vida melhor para toda a família. Praticamente 80% dos entrevistados tiveram na infância a passagem no meio rural, mas esta limitada, não representando grandes ganhos de conhecimento referente a produzir na terra. O assentamento se caracteriza por constate aprendizado sobre como retirar da terra o seu sustento. Esta problemática é intensificada com os aspectos locais conjuntamente com a pratica da agroecologia desconhecida pela maioria dos assentados. A aptidão agrícola dos solos do assentamento se encontra em baixo nível técnico-cultural e as áreas apresentam-se com classe restritiva à inapta, necessitando certos cuidados para não causar erosão e uma correção do solo para a produção agrícola, conhecimentos específicos para as características da região.

CONCLUSÕES:
A produção vegetal encontra-se em um grau ótimo de desenvolvimento em 26 lotes, dos quais 10 estão com comercialização do excedente, esta se resume em milho, mandioca, banana, frutíferas e feijão. A produção animal se faz presente com a comercialização de frango, ovos e suínos, com 9 lotes participantes no mercado local e regional. Num total de 20% do assentamento apresentando renda por comercialização. Das observações e dos dados obtidos bem como da manifestação dos assentados pode-se concluir que os mesmos irão conseguir obter uma produtividade em nível significativo e, em seguida, boas possibilidades de comercialização, mesmo frente às dificuldades enfrentadas. Os assentados do Assentamento Dom Tomás Balduíno são pessoas que lutam pelo direito a terra contra a falta de emprego e os gastos na cidade. A terra fornece para eles uma possibilidade de auto-sustento, moradia e a busca por melhores condições de vida.

Instituição de fomento: Pibic/Cnpq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  assentamentos rurais, uso do solo, produção familiar

E-mail para contato: taisamb@terra.com.br