60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica

ESTUDO DO POTENCIAL DO USO DE DODONAEA VISCOSA (L.) JACQ. (SAPINDACEAE) NA REGENERAÇÃO NATURAL DE ÁREAS DEGRADADAS

Leandro Baptista Aranha1
Vilma Palazetti de Almeida1, 2

1. Departamento de Morfologia e Patologia/PUC-SP
2. Profa. Dra. /Orientadora


INTRODUÇÃO:
Dodonaea viscosa (L.) Jacq. é uma arvoreta pequena com 3 a 8 metros de altura, cosmopolita tropical, regional das restingas do litoral brasileiro, considerada como pioneira “antrópica” por invadir áreas degradadas abandonadas e possui utilidades madeireiras, medicinais e ornamentais. No Brasil ocorrem as variedades var. vulgaris Bentham e var. augustifolia Bentham. Para verificar o potencial de indução e condução da regeneração natural de áreas degradadas invadidas por D. viscosa – uma vez que essa ocupa áreas degradas abandonadas no interior do Estado de São Paulo – foram estudados alguns parâmetros ecológicos que auxiliam no entendimento da regeneração natural da espécie, principalmente os ligados à reprodução, como a fenologia e o sucesso reprodutivo, a chuva, a viabilidade e o vigor das sementes. Apesar da espécie ser amplamente conhecida no mundo, com trabalhos no Havaí, EUA, África, Nova Zelândia, e principalmente no México quanto à dormência e germinação das sementes, nenhum trabalho específico sobre a fenologia e o sucesso reprodutivo foi encontrado na literatura brasileira

METODOLOGIA:
Durante 14 meses (junho 2006 a julho 2007), 20 indivíduos de uma população de D. viscosa encontrada em uma área degradada abandonada às margens da estrada principal da FLONA de Ipanema, Iperó, SP, foram acompanhados através de duas metodologias, uma desenvolvida pelos pesquisadores para analisar o sucesso reprodutivo, e conforme Fournier (1974) para determinar o padrão fenológico da população. O acompanhamento da fenologia reprodutiva foi semanal. As fenofases analisadas foram floração e frutificação, divididas conforme Morellato et al. (1989) em botão e antese (floração) e fruto verde e fruto maturo (frutificação). O estudo do sucesso reprodutivo foi vinculado ao acompanhamento do número de estruturas reprodutivas produzidas pela comunidade. Para tal, em 120 ramos (6 por indivíduo) foram contadas as estruturas reprodutivas a cada mensuração realizada a cada 15 dias, a olho nu e com escada. Cada planta analisada teve sua altura e número de ramos contabilizados para posterior extrapolação dos dados. Esse método possibilitou acompanhar a produção de estruturas reprodutivas da população ao longo do ciclo reprodutivo, bem como analisar as razões fruto verde/flor, fruto maturo/fruto verde e fruto maturo/flor, sendo a última considerada o sucesso reprodutivo da espécie.

RESULTADOS:
O comportamento fenológico de floração da espécie é sazonal com duração de quatro meses, com início no final do outono (maio) com pico no inverno (junho) estendendo-se até agosto. A espécie produz grandes quantidades de flores que são visitadas por moscas e abelhas durante a antese. No entanto, a perda de flores é alta, com razão fruto verde/flor de 10,30%, ou seja, a espécie perde aproximadamente 90% das flores que produz. O período de dispersão é de cinco meses, de setembro a janeiro, sendo a razão fruto maturo/fruto verde 56,16%. O sucesso reprodutivo da espécie é alto 5,78% – representado pela razão fruto maturo/flor – apresentando em média 1,2 sementes por diásporo. A espécie produz alta quantidade de sementes viáveis e vigorosas de rápida germinação e estabelecimento em campo após tratamento de quebra de dormência. O melhor tratamento para quebra da dormência tegumentar foi a escarificação manual, chegando a 90% de germinação. Os resultados do comportamento reprodutivo da espécie podem ser explicados pelo fato de ser uma pioneira, e por esse fato, investir em alta produção de flores e sementes para formar o banco de sementes do solo.

CONCLUSÕES:
Apesar do bom potencial de regeneração natural, recomendamos seu uso apenas para recuperar e/ou conter solos muito pobres (depósito de estéril, área de mineração ou taludes), podendo ser semeada diretamente no campo ou na forma de mudas, visto seu potencial alelopático, pouco estudado, e sua capacidade de intoxicação, observada em bovinos, comprovada na literatura. Apesar de seu potencial invasor, evidenciado nesse estudo pelo comportamento reprodutivo, pelo fato de possuir certo potencial alelopático e ser confirmada como invasora nos EUA e Havaí, a espécie é utilizada no México para conter taludes de estrada e é recomendada para enriquecimento florístico em reflorestamentos nos Estado de São Paulo.

Instituição de fomento: PIBIC-CNPq

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Dodonaea viscosa (L.) Jacq, fenologia, sucesso reprodutivo

E-mail para contato: learanha@hotmail.com