60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 4. Fitogeografia

RIQUEZA E ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES ARBÓREAS NA MATA ATLÂNTICA*.

Marco Antonio Assis1
Eduardo Magalhães Borges Prata1
Mariana Cruz Rodrigues de Campos2
Jorge Tamashiro2
Carlos Alfredo Joly2

1. Departamento de Botânica, Instituto de Bociências / UNESP, Rio Claro, SP.
2. Departamento de Botânica, Instituto de Biologia / UNICAMP, Campinas, SP.


INTRODUÇÃO:
Este estudo integra o Projeto Temático Biota Gradiente Funcional (FAPESP), cujo propósito é o de contribuir para o conhecimento da vegetação da Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) e oferecer subsídios para o entendimento das características intrínsecas das espécies que determinam a composição florística, a estrutura e o funcionamento das diferentes fisionomias dessa vegetação. Neste sentido, especificamente, o presente estudo tem como objetivos descrever e comparar a composição florística e a abundância de espécies do componente arbóreo em trechos de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas (FODtb), uma das fitofisionomias reconhecidas pelo sistema de classificação da vegetação brasileira pelo IBGE. No conjunto do projeto temático, o presente estudo visa, fundamentalmente, oferecer dados que são extremamente básicos e necessários como subsídios para o desenvolvimento e compreensão dos demais estudos relativos à vegetação e ao ambiente enfocado.

METODOLOGIA:
A área de estudo localiza-se no Núcleo Picinguaba, Parque Estadual da Serra do Mar, município de Ubatuba, SP. Para a análise da composição florística do componente arbóreo da fitofisionomia (FODtb) foram alocados quatro blocos amostrais de 1 hectare (100 x 100m), constituídos de sub-parcelas de 10x10m, em altitudes que variam de aproximadamente 35 a 85 ms.m. Nas parcelas, foram amostrados todos os indivíduos arbóreos, inclusive palmeiras, fetos arborescentes e árvores mortas em pé, com PAP  15 cm. Os indivíduos foram numerados, medidos (altura e PAP), coletados, herborizados e identificados. A classificação segue o sistema da APGII (Angiosperm Phylogeny Group 2003).

RESULTADOS:
Das quatro parcelas de 1 ha, uma (parcela E) foi totalmente levantada e outras duas encontram-se em fase de conclusão do levantamento e das identificações (parcelas B e D). No total, foram registrados 3805 indivíduos (parcela B=1183, D=1348 e E=1274), incluindo mortos (B=55, D=66, E=34,), restando identificar, pelo menos na categoria de família, cerca de 92 indivíduos (B=10, D=82, desta última 75 não coletados). Foram reconhecidas, até o momento, 48 famílias (B=41, D=40, E=41), distribuídas em aproximadamente 250 espécies (B=147, D=150, E=142); deve-se ressaltar que alguns táxons precisam confirmação da identidade. Dentre as famílias com maior número de espécies (mais ricas), destacam-se, Myrtaceae (35 espécies), Rubiaceae (20), Fabaceae (20), Sapotaceae (10), Lauraceae e Moraceae (11), e Euphorbiaceae (nove). Em relação à abundância de indivíduos por família, prevalecem Rubiaceae (694 indivíduos), Myrtaceae (637), Arecaceae (556), Monimiaceae (253), Sapotaceae (227), Nyctaginaceae (132) e Fabaceae (101). Para espécies, verifica-se Euterpe edulis (445 indivíduos), Mollinedia schottiana (223), Rustia formosa (165), Coussarea meridionalis var. porophylla (158), Chrysophyllum flexuosum (156), Coussarea accedens (154), Bathysa mendoncaei (135). Por outro lado, verificam-se numerosas espécies representadas por um único ou poucos indivíduos, tais como: Pera glabrata, Cryptocaria aschersoniana, Ocotea glaziovii, O. divaricata, Dalbergia frutescens, Lonchocarpus cultratus, Inga nutans, Myrocarpus frondosus, Platymiscium floribundum, Pseudopiptadenia warmingii, Pterocarpus rohrii (um indivíduo), exceto a primeira, as demais pertencentes às Lauraceae e Fabaceae, ainda, I. cauliflora e I. striata (dois indivíduos), entre outras.

CONCLUSÕES:
Embora a amostragem e identificação não tenham sido totalmente concluídas, podendo, em alguns casos, superestimar ou subestimar números de táxons no total, por grupos e para cada parcela em particular (neste caso apenas para B e D), os resultados obtidos corroboram outros estudos em Mata Atlântica, apontando famílias em comum entre as mais ricas e abundantes, tais como Myrtaceae e Rubiaceae. Desta mesma forma, corrobora a destacada abundância de algumas poucas espécies, tais como Euterpe edulis (o palmito juçara), dentre outras. Em relação ao projeto temático, forneceu subsídios aos demais estudos para a seleção de espécies e famílias a serem investigadas.

Instituição de fomento: Financiada pelo Programa BIOTA/FAPESP, Projeto Temático Gradiente Funcional (03/12595-7). Autorização COTEC/IF 41.065/2005 e IBAMA/CGEN 093/2005.



Palavras-chave:  florística, Mata Atlântica, riqueza

E-mail para contato: massis@rc.unesp.br