60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre

DINÂMICA POPULACIONAL DA PALMEIRA CLONAL GEONOMA ELEGANS MART. NO NÚCLEO PICINGUABA, UBATUBA-SP

Matheus Fischer Danelli1
Simey Thury Vieira Fisch1

1. Departamento de Biologia, Universidade de Taubaté
2. Departamento de Biologia, Universidade de Taubaté


INTRODUÇÃO:
As populações são influenciadas pelas condições ambientais e pelas interações com outras populações que ocupam o mesmo espaço. Estes fatores geram flutuações na densidade das populações e alteram seu equilíbrio. A variação de altitude gera alterações físicas no ambiente o que provoca mudanças nas populações vegetais e animais. As palmeiras são comuns em florestas tropicais, atingindo o dossel e colonizando o sub-bosque. O gênero Geonoma possui 55 espécies nas Américas, tipicamente no sub-bosque das florestas neotropicais, e três estão presentes na Floresta Ombrófila Densa de Ubatuba. As plantas deste gênero crescem formando touceiras. Destas, a espécie Geonoma elegans ocorre em maior densidade nas parcelas em estudo. O objetivo do trabalho é comparar as populações da espécie no gradiente altitudinal.

METODOLOGIA:
Foram estudadas as parcelas permanentes do projeto temático “Composição florística, estrutura e funcionamento da Floresta Ombrófila Densa dos Núcleos Picinguaba e Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, Estado de São Paulo, Brasil”-Biota/FAPESP, B, C, D, E e a parcela F alterada, incluídas da fitofisionomia Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (FODTB) e as parcelas G, H, I e J, Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana (FODSM). Foram três linhas de 10x100m (baixo, meio e alto) de cada parcela. Foi mensurado o diâmetro do colo, altura, comprimento e número de folhas, número de segmentos foliares e foi observada a presença de estruturas reprodutivas de todos os indivíduos da espécie. A população foi dividida em estádios ontogenéticos: plântulas com comprimento total da planta até 10 cm; infantes com comprimento total de 10 a 50 cm; jovens com comprimento total de 50 a 100 cm; adultos com comprimento total maior que 100 cm; reprodutivos maiores que 100 cm e com inflorescência e/ou infrutescência.

RESULTADOS:
A densidade de touceiras de G. elegans aumentou com a altitude, apresentando 220±33,67 touceiras e 1242±298,78 ramets/ha na FODTB e 286±89,08 touceiras e 1832±294,66 ramets/ha na FODSM, não ocorrendo na parcela F, onde ocorreu corte seletivo de madeira no passado. A espécie ocorreu em maior densidade nos 200m (parcela H). A população da FODTB também apresentou menor média de perfilhos por touceira (5,65) que a população da FODSM (6,63). Isto demonstra uma maior atividade na produção de brotos vegetativos na população mais densa. As populações das fitofisionomias apresentaram diferenças tanto nos estádios intermediários e finais do desenvolvimento, com predomínio de adultos mais acentuado na FODSM, e menor quantidade de infantes e jovens na população. As populações apresentaram diferenças morfológicas quanto à segmentação das folhas, na FODTB inicia a segmentação das folhas no estádio infante, sendo esta muitas vezes em só um dos lados da folha, enquanto na FODSM a classe plântula já apresenta indivíduos com folhas segmentadas em ambos os lados. A segmentação aumenta com a passagem de estádios. A classe reprodutiva apresenta maior número pares de segmentos (três), A população da FODSM apresenta maior segmentação das folhas em todas as classes.

CONCLUSÕES:
De uma forma geral, as populações estudadas apresentaram diferenças na densidade de indivíduos, na distribuição dos estádios ontogenéticos e na morfologia foliar, demonstrando que fatores do meio, como a variação de altitude ou mesmo à distância entre as áreas (~30 km) podem ter provocado as alterações observadas. As diferenças morfológicas observadas podem representar uma variação plástica da espécie ou uma possível variação genética entre as populações. Não houve relação entre a quantidade de ramets por touceira (reprodução vegetativa) com a quantidade de ramets reprodutivos.

Instituição de fomento: Financiada pelo Programa BIOTA/FAPESP, Projeto Temático Gradiente Funcional (03/12595-7). Autorização COTEC/IF 41.065/2005 e IBAMA/CGEN 093/2005.

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Matha Atlântica, Palmeira, sub-bosque

E-mail para contato: mathfischer@yahoo.com.br