60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática

A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA: UM ESTUDO SOBRE AS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS

Neide Cristina Sabaraense Balieiro1

1. UNESP/Departamento de Matemática


INTRODUÇÃO:
Desde 1996, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, as políticas públicas educacionais vêm propondo mudanças nos diferentes níveis de ensino. No ensino Fundamental e Médio pode-se destacar a elaboração e divulgação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que enfatizam o desenvolvimento de um trabalho que leve o aluno a questionar a realidade e, nesse sentido, estabelecem que o papel do professor é o de propor atividades para que os alunos possam compreender o processo e a natureza das resoluções dos problemas surgidos no dia-a-dia. No caso da Matemática, pode-se afirmar que tal objetivo não tem sido alcançado no sistema de ensino atual, em que o processo de ensino e de aprendizagem, na maioria dos casos, não permite ao aluno, mesmo do nível superior, ver a Matemática como área de pesquisa, investigação e construção. Para que mudanças ocorram é necessário re-avaliarmos as concepções de formação do professor, buscando compreender como ocorre a transição do estudante de Matemática para o profissional. Este trabalho discute quais as experiências vividas na formação inicial que podem contribuir para a construção dos saberes docentes veiculado pelas políticas públicas atuais, sob a perspectiva dos alunos de um curso de Licenciatura em Matemática.

METODOLOGIA:
Com o objetivo de discutir quais são as experiências consideradas relevantes pelos alunos durante o curso de Licenciatura em Matemática foi elaborado um questionário fechado e aplicado nas turmas do último semestre de um curso de Licenciatura em Matemática de uma universidade particular da Grande São Paulo. Com as questões apresentadas no questionário buscou-se compreender as expectativas dos alunos em relação ao curso e quais as experiências que são valorizadas por eles ao longo da sua formação inicial. Assim, as questões principais foram: 1. Por que os alunos escolheram o curso de Licenciatura em Matemática? 2. Que informações buscaram a respeito do curso antes de iniciá-lo? 3. O que esperavam do curso? 5. Quais as opiniões formadas a respeito das disciplinas e qual a satisfação ao terminar o curso? Também foi incluída uma questão para que os entrevistados pudessem dar sugestões e outra para coletar informações sobre o número de alunos que já estavam lecionando, em que nível e em que tipo de estabelecimento de ensino. Outros aspectos poderiam ser abordados, no entanto, optou-se por limitar o número de questões evitando, dessa forma, que o questionário se tornasse extenso e cansativo, fazendo com que as questões não fossem respondidas.

RESULTADOS:
O questionário foi respondido por 47 alunos. Após uma leitura inicial dos dados obtidos, buscou-se fazer uma análise dos aspectos comuns e distintos entre eles. Foram estabelecidas cinco categorias para a apresentação dos dados: 1. A Escolha do Curso – As justificativas para a escolha do curso foram: gostar de Matemática; gostar de Matemática e querer ser professor; querer ser professor e escolher uma disciplina com maior número de aulas; necessidade profissional; busca de mensalidades mais acessíveis; duração do curso; 2. Informações Buscadas sobre o Curso – Antes de iniciar o curso, 23 dos 47 alunos entrevistados, buscaram informações sobre a grade curricular, os horários de aula, a duração do curso, o valor das mensalidades, a nota no Provão (Exame Nacional de Curso) e o reconhecimento do curso pelo MEC. 3. Experiências Relevantes durante o Curso – As experiências consideradas relevantes estão relacionadas aos estágios supervisionados e as disciplinas Didática, Prática de Ensino e Psicologia. 4. Sugestões e Críticas – A principal crítica foi que as disciplinas relacionadas à licenciatura deveriam ser implementadas e enfatizadas desde o primeiro semestre. 5. Expectativas – A maioria dos alunos apontou uma preocupação com deficiências que tinham em alguns conteúdos específicos.

CONCLUSÕES:
Ao analisar os dados obtidos foi possível observar o interesse dos alunos em discutir a formação inicial, especificamente, o curso de Licenciatura em Matemática em que estão matriculados. As críticas, na maioria dos casos, revelam a importância dada por esses alunos à promoção de um curso que forme educadores competentes. Dentre as sugestões apresentadas destaca-se a de incluir disciplinas que promovam um contato entre o futuro professor e a escola, desde o primeiro semestre do curso. Tal necessidade tem sido apontada pelos principais pesquisadores da área. Muitos alunos têm procurado os cursos de Licenciatura por tratarem-se de cursos com mensalidades mais acessíveis e que podem fornecer ao aluno uma alternativa de trabalho, ou seja, muitos alunos encaram a atividade docente como uma alternativa de emprego perante o contexto sócio-econômico do nosso país. Tais alunos, muitas vezes, não vêem a atividade docente como profissão, mas como opção de emprego. Certamente, um ponto a ser investigado, é de que modo tais visões sobre a profissão influenciam a reflexão que esses alunos fazem das experiências vividas ao longo do curso e como isso pode interferir em uma futura atuação em sala de aula.



Palavras-chave:  Experiências, Formação Inicial, Matemática

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