60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior

REZE PARA ENTRAR E PAGUE PARA SAIR: A INFLUÊNCIA DAS BASES SÓCIO- FAMILIARES NO ACESSO E PERMANÊNCIA DOS ESTUDANTES DE ORIGEM POPULAR À UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA.

Darlan Quinta de Brito1
Denise Silva Costa1
Laura Giselly Barcelos de Sousa1
Rozania Piris Morais1
Patrícia Lima Tôrres1
Teresa Cristina Siqueira Cerqueira1

1. Universidade de Brasília


INTRODUÇÃO:
A influência educacional transmitida pela família inclui componentes que passam a fazer parte da própria subjetividade do indivíduo, sobretudo, o capital cultural na sua forma “incorporada”. Nesse sentido, a educação universitária, no caso dos jovens oriundos de meios economicamente e culturalmente privilegiados, seria uma espécie de continuação da educação familiar, enquanto para os jovens de origem popular pode vir a significar algo estranho. No Brasil, apenas 4,72% dos jovens na idade entre 18 a 24 anos encontram-se em universidades públicas.Em relação a evidência de exclusão no ensino superior público, uma efetiva democratização da educação requer políticas para ampliação do acesso e fortalecimento do ensino público, em todos os seus níveis, além de políticas voltadas para a permanência dos estudantes no sistema educacional de ensino.O presente estudo tem por objetivos: analisar a percepção de graduandos de origem popular, da Universidade de Brasília, em relação à importância das bases sócio-familiares no acesso e permanência dos mesmos à universidade pública, analisar a importância atribuída pela família à educação e a contribuição da família para o acesso e a permanência desses estudantes na Universidade.

METODOLOGIA:
O estudo utiliza-se de análise quantitativa e qualitativa para a compreensão da influência da família no acesso e permanência de estudantes de origem popular na universidade. A amostra foi composta por estudantes de baixa renda da Universidade de Brasília; por integrantes do Programa Conexões de Saberes e, por estudantes residentes na Casa do Estudante Universitário, totalizando 28 graduandos. Os instrumentos de coleta de dados constituíram-se de: um questionário que visou obter informações referentes a dados educacionais e bio-sócio-demográficos; e um roteiro de entrevista semi-estruturada que abordou a trajetória escolar, as relações entre família e educação e a avaliação das políticas de acesso e permanência à universidade pública. A composição da amostra obedeceu aos seguintes critérios: estudantes do diurno e noturno, de ambos os sexos, cursando do segundo ao penúltimo semestre de cursos de graduação, classificados segundo as áreas do conhecimento definidas pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos: Ciências, Humanidades e Saúde. A estratificação da amostra quanto às áreas do conhecimento procurou refletir as proporções do relatório “(Re)conhecendo Diferenças”(2005). As respostas das entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo sendo categorizadas a posteriori.

RESULTADOS:
Dos respondentes, 60,7% eram do sexo feminino e 39,3%, do sexo masculino. A faixa etária média correspondeu a 21 anos. Além das dificuldades apontadas pelos entrevistados quanto a compra material didático durante a trajetória escolar, pode-se destacar a vontade destes estudantes em aprender, o gosto por determinadas matérias, a presença dos pais no convívio escolar, o incentivo moral dos professores bem como a vontade de contribuir com a família por meio da educação. Segundo os entrevistados, a educação é vista como uma ferramenta que ligará os sonhos às respectivas realizações. Constata-se a influência da família como fundamental na continuidade dos estudos, especialmente da figura materna. Em um número considerável das respostas verifica-se que embora os pais tenham bastante influência no ingresso e permanência, essa não se reflete proporcionalmente na opção dos cursos.Em relação às políticas de acesso implementadas pela UnB, em todas as respostas os entrevistados afirmaram que o acesso não atinge os estudantes de origem popular de forma plena. Quanto às políticas públicas de permanência na universidade, os entrevistados atrubuem como elementos fundamentais para garantir a permanência de estudantes de origem popular.

CONCLUSÕES:
Os resultados sugerem que os estudantes da pesquisa valorizam e reconhecem a importância da família, especialmente, da mãe, para o êxito da sua trajetória acadêmica. Cardoso (1995) diz que a estrutura familiar é um elemento fundamental para a mobilidade social, bem como chama atenção para a questão educacional, onde o desejo de maior escolarização encontra-se atrelado ao processo de ascensão social. Os dados apontam que as famílias dos entrevistados adotam a mesma estratégia “educógena” relatada por Souza e Silva (2003), ou seja, as famílias entendem o processo de escolarização como necessidade, nelas a escolarização ocupa uma parcela significativa das preocupações cotidianas e dos recursos financeiros dos pais, contribuindo para garantir o acesso e a permanência do estudante de origem popular à universidade. Diante dos resultados encontrados alguns pontos puderam ser elucidados e outras questões foram surgindo em seu decorrer. Reforça-se a importância de realização de novas pesquisas, tendo em vista que a temática está longe de ser esgotada e sugerimos novos estudos nessa área, principalmente com enfoque nos pais ou responsáveis, dirigentes universitários e responsáveis pela formulação de políticas públicas para o setor.

Instituição de fomento: Programa Conexões de Saberes MEC/UnB



Palavras-chave:  bases familiares, acesso e permanência na universidade, estudantes universitários de origem popu

E-mail para contato: darlan_aguia@yahoo.com.br