60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana

AS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO: UM OLHAR DAS REDES DE SOLIDARIEDADE NA MOBILIDADE RESIDENCIAL

Paloma Merces Leite Pessoa Carreño1
Pedro Abramo2

1. Universidade Federal do Rio de Janeiro
2. Prof. Dr. Inst. de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional-UFRJ


INTRODUÇÃO:
A expansão populacional na cidade do Rio de Janeiro nas ultimas décadas está, em grande parte, relacionada ao crescimento das áreas informais: as favelas. Segundo o IPP hoje se contabilizam em torno de 723 favelas, o que torna o cenário de grande interesse de estudo, já que comporta parte da população carioca. E, neste cenário, que o presente trabalho se alça, na tentativa de analisar mais um fenômeno da mobilidade residencial, na observação de uma mudança no processo de ocupação do solo urbano informal. O fenômeno, as redes de solidariedade, tem sendo visto como um dos fatores de atração nas áreas informais, contrariando a lógica desse processo ate então vigente, a proximidade do mercado de trabalho como fator primordial e único de atração.

METODOLOGIA:
O Observatório Imobiliário e de Política do Solo – OIPSOLO/IPPUR/UFRJ, coordenado pelo professor Pedro Abramo vem pesquisando, entre outras coisas, essa afirmação. A pesquisa é realizada pela primeira vez em 2002, com um universo de 15 favelas do Rio de Janeiro e repetida na maioria delas no final de 2005 e início de 2006. E a partir de entrevistas e trabalho de campo o OIPSOLO criou um banco de dados que possibilitou a visualização dessa mudança e o crescimento das redes de solidariedade. Desse banco de dados foram retiradas questões a fim de demonstrar essa nova tendência, as redes de solidariedade como fator de atração. A partir do motivo que levou a pessoa a comprar, vender ou alugar um imóvel naquela localidade, quais foram os critérios de escolha para aquela comunidade, como ele obteve informação do imóvel, e observando a importância das relações de troca no cotidiano dos moradores dessas áreas. A fim de demonstrar a importância do parente/amigo como interlocutor e/ou motivo da mudança para aquela comunidade.

RESULTADOS:
Com a utilização do banco de dados do OIPSOLO, e um estudo comparativo entre os anos de 2002 e 2006 pode-se observar, com o cruzamento dos dados, que na,maioria dos resultados ratificando esse processo, a ascendência das redes de solidariedade como fator de atração, e em expansão, na ocupação do solo urbano informal na cidade do Rio de Janeiro. Podemos ver que a maior porcentagem no gráfico dos motivos que levaram a pessoa a se mudar para aquela são as redes de solidariedade, caso parecido ocorre como as pessoas obtiveram a informação do imóvel. Isso mostra que na escolhe residencial de pessoas de baixa renda, a proximidade de pessoas conhecidas tem grande relevância, característica peculiar da mobilidade residencial dos pobres

CONCLUSÕES:
A análise desse fenômeno que aponta mudanças no que até então era visto como regra na mobilidade residencial, o que podemos chamar de mercado de trabalho, na verdade remete-se a este mesmo. A principal conclusão desse fenômeno é que com o emprego do estado neoliberal, a partir dos anos 90 no Brasil, as relações de trabalho se tornaram mais flexíveis, o que antes era uma certeza de emprego hoje não é mais. Isso leva as pessoas a procurarem outra forma de certeza, que no presente trabalho poderia ser encontrado nos familiares ou parentes. O que podemos concluir também é que esse novo fenômeno tem uma maior incidência nas camadas mais jovens da população pobre, pois estas estão mais receptivas e sujeitas aos laços de amizade. Nesse contexto a proximidade do mercado de trabalho, como característica direta de fator de atração vem perdendo sua importância, e consequentemente dando lugar a rede relações, pois estas garantem oportunidades de renda, e de outras atividades que são abertas pela própria rede de relação. Como empregos na própria comunidade, indicações a empregos já conhecidos, ou até mesmo, atividades ligadas ao narcotráfico, as quais necessitam de pessoas de confiança.

Instituição de fomento: Cnpq/PIBIc

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  mobilidade residencial, redes de solidariedade, mercado imobiliário informal

E-mail para contato: pacarreno@hotmail.com