60ª Reunião Anual da SBPC




C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Órgãos e Sistemas

EFEITO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA E SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL COM LEUCINA SOBRE A TAXA METABÓLICA EM RATOS IMPLANTADOS COM CARCINOSSARCOMA DE WALKER 256

Aline Tatiane Toneto1
Gisele Oliveira Silva1
Emilianne Miguel Salomão1
Maria Cristina Cintra Gomes-Marcondes1, 2

1. Departamento de Fisiologia e Biofísica / IB Unicamp
2. Professor / Orientador


INTRODUÇÃO:
A intensa mobilização de substratos da carcaça do hospedeiro, em função do crescimento neoplásico, promove no organismo o estado caracterizado como caquexia. Presente na maioria dos pacientes com câncer, a caquexia promove intensa perda involuntária de peso corpóreo decorrente, preferencialmente, da depleção da proteína muscular em função do aumento da degradação e/ou da diminuição da síntese protéica, culminando na redução da qualidade e expectativa de vida desses pacientes. A leucina (BCAA) pode ser utilizada como fonte estrutural e energética pelo músculo esquelético, e atua como sinalizadora das atividades celulares. O exercício físico promove aumento do consumo de glicose, diminuindo assim os níveis de glicose e insulina circulantes, conseqüentemente, reduzindo a oferta desse substrato às células tumorais, podendo atrasar o início da anorexia e da caquexia, alem de retardar o crescimento tumoral. Objetivamos avaliar as alterações da taxa metabólica de ratos portadores do carcinossarcoma de Walker 256 (W) associado ao exercício físico aeróbio de intensidade leve/moderada submetidos à dieta rica em leucina.

METODOLOGIA:
Ratos recém desmamados (21 dias de idade) foram distribuídos inicialmente em quatro grupos experimentais de acordo com a dieta [normoprotéica (18% de caseína - C) e leucina (18% caseína + 3% L-Leucina – L)] e atividade física [natação por 45min, 5 dias por semana, durante 8 semanas]. Após 60 dias do esquema nutricional e de treinamento físico, os animais foram redistribuídos em 08 grupos experimentais, de acordo com a presença ou não do carcinossarcoma de Walker, a saber: ratos controles (C), controles treinados (CT), portadores de tumor de Walker 256 (W), portadores de tumor treinado (WT), submetidos à dieta rica em leucina e sedentários (L), submetidos à dieta rica em leucina e treinados (LT), portadores de tumor e submetidos à dieta rica em leucina e sedentários (WL), portadores de tumor e submetidos à dieta rica em leucina e treinados (WTL). Analisou-se a taxa metabólica (TM), avaliada pela produção de CO2, em dois períodos experimentais: a primeira medida foi realizada logo após o estabelecimento do treinamento físico (após 60 dias de treino) e a segunda foi realizada 14 dias após a inoculação do tumor: (TM1: 60 dias após o treino; TM2: 14 dias após implante tumoral).

RESULTADOS:
Ao final do período tumoral, verificamos que o grupo tumor leucina (WL) apresentou redução aproximadamente de 5,4% no ganho de peso corpóreo em relação ao grupo L, enquanto que o grupo tumor submetido à suplementação de leucina e treinado (WLT) apresentou redução de 7,1% em relação ao grupo LT, durante as medições da taxa metabólica. Os animais do grupo WT apresentaram o peso do tumor em relação ao peso da carcaça cerca de 9,9% superior aos sedentários (W). Durante o período de 14 dias experimentais, comparando-se as medidas de TM1 em relação a TM2, a segunda medida da taxa metabólica tendeu a ser menor que a primeira em todos os grupos. Na presença do carcinossarcoma de Walker, o grupo W apresentou redução da TM cerca de 33,3% em relação à primeira medida; o mesmo ocorreu com os ratos WT, porem em menor proporção. Por outro lado, os demais grupos WL e WLT apresentaram elevação da taxa metabólica (TM2 > TM1) durante esse período. Verificamos que o exercício físico proporcionou, nos grupos CT e LT, aumento da taxa metabólica em relação aos respectivos controles (C e L). Durante a evolução tumoral, houve redução da taxa metabólica em todos os grupos W, WT, WL e WLT em comparação aos respectivos controles (C, CT, L e LT).

CONCLUSÕES:
O treinamento físico proporcionou aumento da taxa metabólica dos animais, em função provavelmente do aumento de massa muscular, independente do tipo de esquema nutricional (dieta rica em leucina) a que foram submetidos. Na presença de neoplasia maligna, o organismo hospedeiro sofre adaptações metabólicas, principalmente pela redução importante da massa corpórea magra, reduzindo-se assim a proporção de tecido metabolicamente ativo. Paralelamente, encontramos elevada taxa metabólica das células neoplásicas que induzem à intensa espoliação tecidual do hospedeiro. Assim, nesses animais com tumor há intenso catabolismo principalmente protéico, e com isso o animal tende a adaptar-se à menor taxa metabólica, na tentativa de minimizar esse desgaste energético.

Instituição de fomento: Fapesp 07/05074-1, CNPq e FAEPEX

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  câncer, nutrição, exercício

E-mail para contato: alinetoneto@hotmail.com