60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia

A IMPLANTAÇÃO DA AGENDA 21 EM ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE SALVADOR (BA)

Altino Bomfim de Oliveira Junior1, 2
Ana Carolina C. Cavalcante1
Daniele da Silva Almeida1
Jailce Oliveira Santos1
Nadia Menezes1, 3
Roberta Santos1

1. NUCLEAR/Universidade Federal da Bahia/UFBA
2. (coord)
3. (bolsista FAPESB-monitora)


INTRODUÇÃO:
A relação histórica do ser humano com a natureza tem sido questionada através da publicação de estudos científicos afirmando sua responsabilidade na degradação ambiental em geral e no aquecimento global, em particular, o que tem incentivado a busca de alternativas. Entre as inúmeras alternativas estudadas e implementadas situam-se iniciativas na área de educação ambiental objetivando promover a conscientização da população com vistas a alterar comportamentos sociais que promovem a degradação ambiental. Em que pese a crise ambiental, a consciência e preocupações de alguns segmentos sociais, a consciência ambiental ainda não está disseminada na sociedade. Para a maioria as questões centrais são, tão somente, de ordem econômica, de sobrevivência, de condições de vida (emprego, moradia, transporte, segurança). Assim, trabalhos de educação ambiental com comunidades são limitados e com sérios problemas dado a ordem de prioridade em que são colocados. Em que pese essa situação desenvolveu-se no segundo semestre de 2007, em parceria com Secretaria Municipal de Educação/SMEC e o Coletivo Jovem de Educadores do Candeal, que atuam como monitores, uma pesquisa sobre o processo de implantação da Agenda 21 junto a estudantes do 1º. e 2º. grau de todas as escolas públicas do município de Salvador (BA).

METODOLOGIA:
Utilizou-se a Metodologia da Problematização com os estudantes que participaram da pesquisa através de uma Atividade Curricular em Comunidade – ACC que é uma experiência educativa, cultural e científica desenvolvida por professores e estudantes da UFBA, a qual articula o ensino e pesquisa a ações realizadas diretamente com comunidades. Através da Metodologia o grupo acompanhou os trabalhos de implantação da Agenda 21 pelo Coletivo Jovem nas escolas, investigando as condições socioeconômicas das comunidades e elaborando um relatório com base nas observações e discussões realizadas com os dois grupos (ACC e Coletivo). O Coletivo adota metodologia nacional do Ministério do Meio Ambiente/MMA, com base no principio de que “Jovem educa jovem e uma geração aprende com a outra”, desenvolvida em três fases: a) construção da árvore dos sonhos (idealização sobre a escola e a vida; b) identificação das pedras (impecilhos) no caminho e c) definição de alternativas com construção de Plano de Ação que supere as pedras e realize os sonhos. O primeiro passo é a formação da COM-VIDA(Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida) com professores e estudantes. O segundo, a formação de grupos de 30 alunos. Em seguida desenvolveu-se as três fases da metodologia de construção da AG 21.

RESULTADOS:
O acompanhamento do trabalho do Coletivo Jovem para implantar a Agenda 21 nas escolas públicas da cidade do Salvador mostrou favorabilidades, entraves e conflitos indicando significativas dificuldades para o alcance pleno do objetivo. Constatou-se, na prática, que existem contundentes “pedras” no caminho do Coletivo Jovem para a implantação da AG 21, com estudantes das escolas públicas de 1º e 2º graus. As pedras consistem nas dificuldades entre o objetivo de trabalhar com educação ambiental em escolas sucateadas, com falta de verba e material, professores e funcionários desestimulados, diretores de difícil diálogo. Enfim, uma comunidade com visões de mundo e expectativas de vida diferenciadas. Por outro lado é complicado a introdução de conteúdos junto a jovens estudantes através de elementos externos ao cotidiano das escolas, em momentos assistemáticos. Complexifica esse quadro o fato das crianças e jovens serem oriundos de comunidades localizadas em áreas com altos índices de desemprego, violência e conflitos sócio-econômico e culturais. Nesse contexto, assuntos como a temática ambiental não despertam interesse na comunidade.

CONCLUSÕES:
Alcançou-se o objetivo da pesquisa que era observar o processo de implantação da Agenda 21 pelos monitores do Coletivo Jovem para, através da problematização, subsidiá-los em ajustes e correções na metodologia. Preliminarmente conclui-se que a execução de trabalho de educação ambiental, em determinados contextos sociais, é tarefa extremamente complexa e difícil dado que a crise ambiental insere-se em um quadro de crise mais ampla: sócio-econômica, política e cultural. A pesquisa indicou a necessidade de se aprofundar os estudos, em especial conhecer o que pensam os diversos agentes das escolas sobre a realidade que vivem e, em que plano situam a questão ambiental. Necessário, também, aprofundar a discussão com o Coletivo Jovem, para avaliações mais amplas dado que esse trabalho está sendo desenvolvido em todo país.

Instituição de fomento: UFBA-FAPESB



Palavras-chave:  agenda 21, educação ambiental, escolas públicas

E-mail para contato: altinobojr@yahoo.com.br