60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação

JUVENTUDES E POLÍTICAS PÚBLICAS NA CONTEMPORANEIDADE: AS PERCEPÇÕES DOS SEGMENTOS JUVENIS CONTEMPLADAS POR POLÍTICAS PÚBLICAS DE JUVENTUDE.

Olga Brigitte Oliva de Araújo1
Darlan Quinta de Brito1
Wilma Barros Ornelas1
Wivian Weller1

1. Universidade de Brasília


INTRODUÇÃO:
O presente pesquisa discute políticas públicas implementadas a favor da juventude. Inicio-se com uma breve discussão a respeito dos conceitos de juventude ate chegar nos parâmetros e perspectivas legitimados atualmente pelas instituições governamentais para a identificação e atendimento desta categoria social. Após a revisão de políticas públicas, foram selecionados o Projeto Agente Jovem desenvolvido na periferia de Brasília e o Projeto Rondon coordenado pela Universidade de Brasília a partir dos quais foi realizada uma pesquisa de campo. Estes projetos foram construídos para os segmentos juvenis e desenvolvidas pelos próprios jovens, como espaço privilegiado de atuação e autonomia, bem como de reconhecimento e de cidadania. O estudo teve como objetivo refletir sobre a questão da juventude na contemporaneidade e verificar a dimensão destas políticas em atender suas necessidades e demandas. No decorrer da pesquisa foi necessário investigar o contexto social dos jovens, a maneira como o vivenciam e suas percepções sobre juventude e políticas publicas.

METODOLOGIA:
A metodologia adotada consistiu inicialmente na leitura de textos e revisão teórica sobre a juventude. Na etapa posterior, desenvolveu-se o trabalho de campo, no qual foram realizados grupos de discussão. A amostra envolveu dois cenários com públicos jovens específicos: doze jovens integrantes do Projeto Agente Jovem moradores de Planaltina e do Paranoá, ambas cidades satélites do Distrito Federal.O outro cenário envolveu seis jovens que participaram da equipe do Projeto Rondon ao município de Umbaúba/SE, que atuaram no Projeto como protagonistas junto à comunidade e os outros três correspondem a jovens moradores desse município que participaram dos trabalhos desenvolvidos pelo Projeto, totalizando, assim, a amostra em 18 jovens. Para a coleta dos dados, foram utilizados dois modelos de questionários (específico para cada Projeto) com o objetivo de esboçar o perfil dos jovens entrevistados. Um tópico-guia foi elaborado para a realização dos grupos de discussão, nos quais buscou-se obter informações sobre a percepção dos jovens através do seu discurso quanto às suas concepções de juventude, participação e políticas publicas, as suas relações familiares, o bairro, a escola, percepções sobre violência, sexualidade, assim como as perspectivas de futuro.

RESULTADOS:
A partir das analises dos grupos de discussão juvenis e dos questionários observou-se que a maioria dos jovens tem uma visão ampla a respeito do que é ser jovem. Segundo eles este conceito não se restringe a características biológicas, por outro lado, encontra-se intimamente associado ao estado psico-emocional do indivíduo, como também ao contexto sócio-cultural da sociedade o qual ele se insere. Em relação às percepções dos jovens quanto as políticas públicas especificas para juventude, nota-se que os jovens da cidade satélite de Brasília conhecem mais programas e projetos voltados para a juventude em comparação aos jovens do Município de Umbaúba e aos rondonistas. Verificou-se que, de fato, o número de políticas desenvolvidas nas cidades satélite de Brasília é maior que nos Municípios de Sergipe. Em relação ao atendimento das demandas dos jovens, em geral a maioria considera que estes projetos contribuíram para a formação do seu capital social, sua conscientização cidadã e autonomia. Os jovens contemplados por estas políticas consideram fundamental que essas ações devem ser continuas, ou seja, devem ter caráter de políticas de Estado.

CONCLUSÕES:
O estudo possibilitou conhecer as percepções da sociedade sobre a juventude e desta sobre a sociedade. Constatou-se que políticas como o Programa Agente Jovem e o Projeto Rondon não têm a percepção da juventude como um grupo de risco que deve ser re-inserido na sociedade por meio de benefícios governamentais, mas como atores capazes de agir sobre o meio em que vivem e exercitar sua cidadania. Verificou-se também que quanto maior o empoderamento dos gestores das situações sociais das juventudes, maior é a efetividade das ações em atender as especificidades destes. Nesse sentido, se a perspectiva das instâncias governamentais é contribuir para o desenvolvimento das várias dimensões da vida dos jovens, é preciso ouvir o que esta categoria tem a dizer, e não, simplesmente, criar mecanismos voltados para o enquadramento desta à lógica neoliberal. Nas ultimas décadas observa-se uma crescente preocupação com o jovem por parte das instituições governamentais e da sociedade, sobretudo no que se refere ao ingresso dos jovens no mercado de trabalho, na escola, em espaços de lazer, contudo é necessário refletir continuamente se as políticas públicas de juventude estão sendo, realmente, instrumentos de superação das desigualdades sociais ou apenas práticas assistencialistas.

Instituição de fomento: Conexões de Saberes



Palavras-chave:  juventude, empoderamento social, políticas públicas

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