60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social

COLCHA DE PEDAÇOS: "O PERTENCER NA 3ª IDADE"

Ana Cristina Dutra de Assumpção1
Ivani Fister Alves1
Lucinéia Betarelli Vieira1
Sara Alves de Resende1
Jurema Teixeira2

1. UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO
2. Profª Drª - UNIBAN - Orientadora


INTRODUÇÃO:
O indivíduo é um ser histórico e a unidade indivíduo-sociedade deve constituir-se como o seu objeto real de estudo, “o que significa assumir que tanto os processos internos como os estímulos do meio, têm uma significação anterior à existência desse indivíduo” (Lane, 1980:96). Ele deve ser pensado na multideterminação de fatores: social, biológico, cultural, psíquico e político. Este trabalho foi realizado com um grupo da 3ª idade e teve como objetivo o desenvolvimento da consciência sobre si e sobre o outro no contexto grupal, o desenvolvimento das relações sociais, a melhora da auto-estima e a construção da identidade a partir da noção de grupo e do coletivo. Como no grupo 97% eram mulheres, emergiram muitas questões relacionadas ao feminino, como vida sexual, o papel social de ser dona-de-casa e seus preconceitos, a mulher na atualidade, na ascensão de sua vida profissional, o casamento, e ser idosa e não velha. Para Pichon (1985), o sujeito demanda algo, é um ser emergente de uma complexa rede de vínculos. O trabalho com grupos de terceira idade é importante tendo em vista a situação de exclusão que tal população vive e a voz reduzida que a sociedade lhes imprime.

METODOLOGIA:
Este trabalho se deu em salão paroquial com um grupo de idosos, uma vez por semana. Foram realizados dezenove encontros, na forma de oficinas com objetivos específicos, onde a cada fechamento das atividades tivemos um retorno e reflexão sobre os temas abordados. Desenvolvemos atividades como dinâmicas, brincadeiras, teatro, palestras, trabalhos manuais e debates, disponibilizando de espaço físico amplo, com mesas e cadeiras e aparelho de som. A cada encontro fizemos um relatório detalhado da oficina, seus objetivos e os resultados alcançados com base no conteúdo teórico da disciplina. Estas atividades consistem de fato de “artifícios” para criação de um espaço lúdico dentro da instituição para que as questões de cada um e do grupo possam aparecer.

RESULTADOS:
Em um gradativo processo de interação do grupo, a cada oficina foi construída uma relação de confiança. Na primeira oficina percebemos que eles não se conheciam, e levamos a dinâmica da confecção de crachás, onde trabalhamos as apresentações. Neste seguimento vimos a necessidade de trabalhar a valorização da mulher no casamento, no papel de mãe e na velhice. Na palestra sobre qualidade de vida, o acolhimento deles para o profissional e a aceitação de uma diferente maneira de viver. A cada dinâmica que era desenvolvida observamos o fortalecimento do vínculo entre eles, e a força que os mesmos adquiriram dentro do grupo, tornar pertencente ao grupo foi responsável por atitudes mais carinhosas e descontraídas. A expectativa pelos encontros era demonstrada verbalmente e fisicamente. Ampliaram as visões dos mesmos além da instituição, com a preocupação de estarem num processo de aprendizagem constante, o que foi constatado de forma positiva através de suas linguagens.

CONCLUSÕES:
Nas dinâmicas aplicadas, assuntos femininos apareceram das histórias apresentadas pela maioria das mulheres, onde elas dialogavam entre si e percebiam que as questões femininas eram comuns entre elas, e ao falarem sobre elas eram conduzidas a reflexão sobre a mudança do papel da mulher no tempo, diante da sociedade atual. Cada integrante do grupo contribuiu com seu marco referencial, ou seja, sua visão, seus valores, seus costumes, suas crenças entre outras contribuições, e superaram as resistências às mudanças que apareceram como uma forma de não entrar em contato com elementos perturbadores. A constante evolução ocorreu pelo envolvimento e produção no mesmo espaço, tempo, tarefa e objetivos, criou um vínculo entre os mesmos, proporcionou uma evolução positiva no processo grupal e no tipo de grupo e sua respectiva liderança. Foram constantemente trabalhados os jogos de espelho, onde as identidades refletiram e moldaram pontos difíceis que foram observados pelo grupo e superados. Ocorreu o compromisso e a cooperação de todos nas tarefas, a ansiedade foi reduzida, o clima geral melhorou, e conseqüentemente algumas atitudes foram transformadas, ampliaram seus conhecimentos, sentiram-se pertencentes e identificados.



Palavras-chave:  Idosos, Grupo, Auto-estima

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