60ª Reunião Anual da SBPC




A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química

EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE PINHÃO MANSO (JATROPHA CURCAS)

Maria da Natividade Chagas Penha1
Maya Dayana Penha da Silva1
Karlene Kelen Marques Mendonça1
Joseane Ferreira Costa1
Adeilton Pereira Maciel1, 3
Fernando Carvalho Silva1, 2

1. Universidade Federal do Maranhão / Departamento de Química
2. Prof. Dr. / Orientador
3. Prof. Dr.


INTRODUÇÃO:
O pinhão manso (Jatropha curcas) pertencente à família das euforbiáceas, sendo uma espécie nativa do Brasil. É uma cultura resistente à seca e pouco suscetível a pragas; podendo ser cultivado em áreas de solos pouco férteis. Os frutos do pinhão manso são cápsulas que contêm em seu interior as sementes, compostas por um albúmen branco rico em óleo em torno de 60,8 %, sendo o ácido oléico e linoléico os seus maiores componentes. Essa oleaginosa é uma grande promissora para a produção de biodiesel no Nordeste brasileiro. O óleo de pinhão pode ser extraído por prensagem e por solventes. Utilizando a prensagem, o óleo vegetal apresenta um teor de goma e substâncias corantes elevados, enquanto que na extração com solvente, usando geralmente o hexano, o óleo é menos impuro. Na produção de biodiesel o óleo deve estar isento de umidade e com acidez abaixo de dois mg KOH/g de óleo, portanto a utilização de óleo bruto, com elevado índice de ácidos graxos livres (AGL), nesse processo ocasiona a reação de saponificação, tendo como subproduto os sais de ácidos graxos (sabão). O objetivo deste estudo foi caracterizar quantitativamente a semente “in natura” e a extração do óleo de pinhão manso. Caracterizou-se também o óleo de pinhão antes e após a neutralização dos AGL’s.

METODOLOGIA:
As sementes de pinhão, cedidas pela Embrapa, inteiras e os albúmens que as constituem, foram inicialmente trituradas e quantificadas por gravimetria, separadamente. Efetuou-se uma batelada de extrações do óleo a partir das duas amostras (semente e albúmen), usando um extrator de Soxhlet e hexano, como solvente, com um tempo de 8h de extração e cerca de 200 g de amostra. O óleo de pinhão extraído, por apresentar uma elevada acidez, passou por um processo de neutralização, que consiste na adição de solução aquosa de NaOH 18 %, sob agitação constante e posterior aquecimento até a separação da borra. Os ensaios físico-químicos dos óleos foram realizados seguindo normas Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e Standard Methods for the Analysis of oils, fats and derivatives (SMAOFD). O óleo neutralizado também foi submetido a uma metanólise em meio alcalino e os ésteres metílicos obtidos foram identificados por método cromatográfico (CG-DIC), com a seguinte programação de temperatura do forno: 40ºC por 5 min, e 10 ºC/min até 200 ºC, e uma coluna capilar de sílica fundida, fase estacionária 5% fenil 95% dimetilpolisiloxano com 30 m de comprimento, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 µm de espessura do filme.

RESULTADOS:
As sementes de pinhão apresentaram um valor médio de 0,8077 g, com um desvio padrão de 0,032943 e o coeficiente de variação de 4,0786 %, com intervalos de confiança de 95 %. Elas são compostas por 37,6 % de casca e 62,4 % de albúmen. Foi possível extrair das sementes um valor médio de 30,82 % de óleo, com um desvio padrão de 0,3190 e o coeficiente de variação de 1,035 %, e nos albúmens extraiu-se 58,06 % de óleo, com um desvio padrão de 1,9696 e o coeficiente de variação de 3,392 %, com intervalos de confiança de 95 %. O óleo de pinhão bruto apresentou: acidez de 15,12 mg de KOH/g, 0,37% de umidade e matérias voláteis, índice de saponificação 133,4%, densidade a 20ºC de 0,9086 Kg/m³ e viscosidade a 40ºC de 37,985 mm/s2. O óleo neutralizado possui uma acidez de 0,593 mg de KOH/g de óleo, 139,165 de índice de saponificação, 0,025 % de umidade e matérias voláteis, viscosidade de 37,43 mm2/s e densidade a 20ºC de 0,9155 g/mL. Os ensaios ilustram que o óleo neutralizado está propício para a produção de biodiesel, pois a umidade está muito baixa e a acidez inferior a dois mg de KOH/g óleo. O óleo de pinhão analisado é composto de 58,99 % de ac. esteárico (+oléico), 19,88 % de ac. palmítico, 0,79% de ac. mirístico, 9,28 % de ac. linoléico e 0,92 % de ac. linonênico.

CONCLUSÕES:
O peso e a composição das sementes de pinhão podem variar, dependendo da variedade e dos tratos culturais da planta, no entanto o teor de óleo nas sementes analisadas está de acordo com os dados da literatura. O óleo de pinhão neutralizado pode ser usado para a produção de biodiesel, visto que a umidade está abaixo de 0,5 % e a acidez abaixo de 2 mg de KOH/g óleo, no entanto deve-se ressaltar que não existe uma especificação para óleos vegetais visando o seu emprego para esse fim.

Instituição de fomento: FAPEMA

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave:  Óleo, Pinhão manso, Extração

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