60ª Reunião Anual da SBPC




G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional

NEXUS DO USO E A DA PRODUÇÃO TERRITORIAL EM PETROLINA-PE: TÉCNICA, TECNOLOGIA E TERRITÓRIO

Michel Saturnino Barboza1
Lawrency Ana de Albuquerque Silva1
Marcus Walmsley Milet Morais1
Maria Tereza Ferrari1
Edvânia Tôrres Aguiar Gomes2

1. Departamento de Ciências Geográficas - UFPE
2. Professora Doutora do Departamento de Ciências Geográficas - UFPE - Orientadora


INTRODUÇÃO:
O espaço petrolinense apropriado e usado, denominado de território, é palco de inúmeras dinâmicas em diversos contextos histórico-sociais. Dessa forma, as territorialidades presentes no município em questão compõem o lócus de análise da construção do destino, bem como da (re) produção dessa sociedade. Partindo da perspectiva de Milton Santos (2001), a respeito do “território usado”, encaminha-se para uma análise sistemática da organização territorial de Petrolina, onde as dinâmicas agroindustriais impactam na esfera técnica, tecnológica e social desse espaço. A utilização dos territórios em Petrolina são distintos nos diferentes momentos da história, durante a produção desse espaço. O momento atual é marcado pela produção agroindustrial voltada ao mercado consumidor externo, tornando as relações de trabalho e de uso dos espaços citadinos, produtos das diferentes técnicas e tecnologias. Dessa maneira, têm-se as técnicas “funcionando solidariamente em sistemas, apresentando-se assim como base para uma proposta de método” (SANTOS, 2001). Esse trabalho busca compreender o significado das formas geográficas materiais da produção do espaço de Petrolina e a função das configurações sociais, políticas e empresariais, repletas, hoje, de técnica, ciência e informação (SANTOS, 2001).

METODOLOGIA:
A análise da produção do espaço petrolinense é proposta nessa investigação como o estudo dos usos do território, na perspectiva do Prof. Milton Santos. Nessa acepção, o território apresenta-se como o lócus da apropriação e da regulamentação dos diferentes atores hegemônicos, na qual, engendram distintas (re) configurações territoriais da produção da cidade. Dessa forma, buscou-se identificar as relações entre as técnicas e as tecnologias, os momentos de complexidades entre as sociais e territoriais do trabalho, e quais os nexos entre local e o global na lógica “milton-santiana”. Para isso, realizou-se uma revisão teórica dos conceitos e temas propostos no entendimento do território, complementado com visitas em instituições que disponibilizaram a dados secundários e iconográficos. A pesquisa contou com trabalhos de campo, os quais agregaram informações dos dados de gabinete, como também colaborou para construção crítica das análises socioespaciais de Petrolina.

RESULTADOS:
Na organização espacial de Petrolina, de um lado, há os produtos da força de trabalho e dos investimentos no agronégocio, já em contrapartida, existe o papel dos agentes reguladores, em suas diversas escalas de atuação, como por exemplo, as certificações de produção e a presença de técnicos internacionais na fiscalização da produção local, destinados em sua essência, para o comércio internacional. Essas relações se entrelaçam de diferentes acepções, em cada momento histórico. Nessa razão, a divisão territorial do trabalho une, em diferentes contextos, o trabalho vivo nos lugares, e em outro momento uma reestruturação do trabalho morto e dos recursos naturais (SANTOS, 1992). A divisão territorial do trabalho em Petrolina constrói uma cadeia hierárquica entre os espaços urbanos e rurais e (re) configuram, nos últimos anos, os sistemas de ações das instituições, empresas e da sociedade. A produção agroindustrial é composta de novos conjuntos de técnicas, e constitui a base material do cotidiano social. Ao analisar a atuação de instituições como a EMBRAPA e da CODEVASF, constata-se o paradigma científico dominado por uma técnica de moldes informacional, o qual aparece como um complexo de variáveis que coordena o desenvolvimento do período atual.

CONCLUSÕES:
O município nos últimos anos demonstra um intenso processo de mobilidade populacional para o centro urbano e seu entorno, motivados pela ideologia do desenvolvimento e das ofertas de produção desse espaço. Essa análise da mobilidade populacional está associada ao movimento de capitais na forma de investimentos, mercadorias, serviços que atendam a produção do espaço urbano e agrário. A intensa urbanização em Petrolina significa, por um lado, uma maior divisão do trabalho, e por outro lado, uma imobilização relativa que também se apresenta como um resultado da fluidez aumentada do território. A inserção da produção agroindustrial no cenário internacional mostra uma orientação da organização e distribuição dos recursos sociais para a construção de infra-estruturas, serviços e da reorganização do trabalho voltado para esses mercados, distinguindo as atividades impostas pela competição e localização dos lugares mais aptos para o desenvolvimento das práticas sócio-econômicas. Diante do presente contexto, a cidade de Petrolina condiciona a organização dos atores, pois os sistemas de ações atuantes sobre a cidade apresentam um laço de dependência da sua própria constituição (SANTOS, 1997).

Instituição de fomento: CNPq



Palavras-chave:  Terriório, Técnica, Trabalho

E-mail para contato: michel.barboza@yahoo.es